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Prensagem uniaxial de cerâmica dental
Maria Cecília Nóbrega - D.Sc. Metalurgia e Materiais, COPPE - UFRJ Mário João - Ph.D. Prof. Diretor da Faculdade de Odontologia UGF Sergio Pietro La Croix - Mestre em engenharia metalúrgica e de materiais
Foi desenvolvido um novo processamento de cerâmica dental, através de uma etapa de prensagem uniaxial, com objetivos de aumentar a tenacidade à fratura do material cerâmico, quando utilizado em prótese dental toda cerâmica, padronizar e simplificar as etapas de conformação e condensação no seu procedimento de execução. Está apoiado no uso de um líquido aditivo ligante, substituindo a água do processo convencional. Foi comprovado um aumento significativo de tenacidade à fratura do produto cerâmico prensado, quando comparado com os produtos cerâmicos obtidos pelo processo convencional.
1.
INTRODUÇÃO 
 
Uma evolução irreversível nas técnicas de restauração dental vem
sendo estabelecida pelo uso de materiais cerâmicos e compósitos.
Esses novos materiais apresentam vantagens relativas, devidas ao ótimo
desempenho das suas propriedades funcionais.
Principalmente, estética, biocompatibilidade, resistência química e
redução do peso das próteses (1). A
tendência das técnicas de cerâmica dental é eliminar a subestrutura metálica
das próteses, utilizando cerâmicas de maior tenacidade à fratura.
Desse modo, busca-se resolver o problema de friabilidade, observado nas
restaurações dentais feitas inteiramente de material cerâmico.
Os processos de execução podem ser realizados pelo modo convencional de
escultura da massa cerâmica, ou por alguns processos avançados já existentes,
que utilizam os mais variados métodos de conformação. Métodos como
centrifugação de cerâmica fundida, usinagem de um bloco cerâmico, cerâmica
infiltrada e modelagem de cerâmica sob pressão a quente, têm sido propostos.
Entretanto, por utilizar equipamentos especiais de processamento, apresentam um
alto custo de aquisição, o que resulta no custo elevado da prótese cerâmica
para o cliente final. O presente
trabalho introduz um novo e simples método de obtenção de uma restauração
dental toda cerâmica, pelo uso de um processo de prensagem uniaxial. A utilização
de um líquido aditivo, adicionado ao pó cerâmico, viabiliza uma etapa de
prensagem da massa cerâmica formada (2). Desse
modo busca-se suprir a necessidade do emprego de equipamentos sofisticados, o
que pode reduzir os custos de aquisição de informação e tecnologia, e o
custo final de uma prótese toda cerâmica.  
 
2. REVISTA
BIBLIOGRÁFICA 
 
2.1-
CARACTERIZAÇÃO DA CERÂMICA
DENTAL 
 
Desde a introdução do sistema de porcelana fundida sobre metal, no início
da década de sessenta, a demanda pela cerâmica como material de restauração
dental vem crescendo (3). Estimativas
de 1990 indicam que 70% das coroas dentais restaurativas, colocadas por
dentistas privados, têm porcelana como um dos seus componentes (3).
Esta popularidade pode ser resultado da excelente qualidade estética
obtida pela porcelana.  
 
A porcelana dental é o material sintético que mais se aproxima da aparência
natural do dente. É disponível em
ampla faixa de sombras e translucências, para obter naturalidade da restauração
dental. Entretanto, a
friabilidade característica dos materiais cerâmicos entra como fator de limitação.
Defeitos de fabricação e trincas de superfície devem ser evitados para
minimizar os mecanismos de falha clínica das próteses totalmente cerâmicas. 
 
As cerâmicas dentais podem ser classificadas pelo tipo (porcelana feldspática,
porcelana reforçada com leucita, porcelana aluminosa, de alumina, de alumina
infiltrada com fase vítrea, de espinélio infiltrado com vidro e vitro-cerâmicas),
pelo uso (em dentaduras, restaurações metal-cerâmica, blocos, coroas e
pontes), pelo método de processamento (sinterização, consolidação por fluxo
viscoso e usinagem), ou pelo material do núcleo (metal fundido, metal forjado,
vitro-cerâmica, cerâmica aluminosa, de alumina e a cerâmica para o sistema
CAD-CAM (computer aided design - computer aided manufacture)) (1).
Os métodos de fabricação de restaurações cerâmicas incluem condensação
e sinterização, modelagem sob pressão e sinterização, colagem em modelo de
gesso e sinterização, infiltração vítrea e sinterização, e por usinagem
controlada por computador. As
unidades simples de coroas podem ser uma coroa metal-cerâmica, coroa de jaqueta
de porcelana pura, baseada em um núcleo de porcelana aluminosa, ou nas mais
recentes coroas de jaqueta cerâmica, baseada em núcleo de porcelana reforçada
com leucita, obtida por injeção, alumina modelada por prensagem, alumina
infiltrada com vidro, ou vitro-cerâmica centrifugada a partir de vidro fundido
(1).
A tecnologia das cerâmicas dentais é uma das áreas de mais rápido
crescimento em pesquisa e desenvolvimento de materiais dentais.
Essas cerâmicas avançadas representam uma significativa evolução
entre as técnicas de restauração dental.
O emprego deste material na odontologia ocorre principalmente em
implantes, coroas unitárias, próteses parciais fixas, blocos e laminados de
aparência na bateria labial (1). O
bom desempenho das propriedades requeridas para este material dental alcança
estética refinada e acuracidade dentro dos mais exigentes padrões de aceitação
clínica (4). As principais marcas
de porcelanas encontradas no mercado dental são Vita, Ceramco, Creation,
Duceram, Crystar, Noritach e outras. 
 
 
O sucesso na construção dos dentes com cerâmicas, além das características
estéticas, está relacionado com a alta resistência à degradação química
deste material, no agressivo meio bucal. Resultando
em próteses duráveis, biocompatíveis e resistentes ao ataque microbiano e
variações de pH (4). O material
base da porcelana dental é a sílica (SiO2), que pode existir na
forma cristalina como o quartzo, cristobalita e tridimita, ou como um vidro
amorfo chamado sílica fundida. As
propriedades das cerâmicas são afetadas pelos tipos de cristais formados na
sua micro-estrutura e pela quantidade de crescimento dos grãos (1). 
 
A porcelana dental é um material composto de fases heterogêneas.
Apresenta uma fase
cristalina e outra fase vítrea ao seu redor.
A maioria das cerâmicas dentais possui o composto mineral feldspato,
formado pelo óxido de potássio (K2O), alumina (Al2O3)
e sílica (SiO2). O
feldspato, quando misturado com vários outros óxidos metálicos e queimado na
alta temperatura, pode dar origem a uma fase cristalina chamada leucita,
juntamente com uma outra fase vítrea líquida, denominada fase eutética.
Esta fase promove a coalescência das partículas do pó cerâmico quando
sinterizadas no estado sólido. Isto é, a fase líquida envolve as partículas
remanescentes, formando um sólido denso através de um processo que é chamado
de sinterização por fase líquida.  
 
Ao iniciar o resfriamento das porcelanas feldspáticas, ocorrem trocas iônicas
entre os átomos dos diferentes elementos colocados em contato. Essas trocas vão
ocasionar um rearranjo eletrônico, buscando a eletro-neutralidade do material,
até atingir seu nível de energia interna mínimo, ou energia de equilíbrio.
A partir do núcleo formado, este novo arranjo promove o crescimento dos
grãos do mineral cristalino chamado leucita (K2O Al2O3
4SiO2), originando a fase cristalina, a qual pode ser identificada no
diagrama ternário da figura 1. 
 
 
 
Figura 1 -
Diagrama de equilíbrio ternário SiO2 - Al2O3 -
K2O . Porcelanas dentais
são formuladas na região onde é formada a leucita.
Intervalo de1000 e 1600 oC.
(5) 
 
 
 
Muito tem sido escrito sobre o bom desempenho das propriedades das cerâmicas.
Entretanto, existem dois problemas noticiados sobre seu comportamento no
meio bucal. A sua
friabilidade, ocasionando fraturas catastróficas, e o potencial abrasivo
(rugosidade) de sua superfície, que acarreta o desgaste do dente antagonista.
A fratura é geralmente atribuída à rápida propagação de trincas,
através de um volume de material cerâmico, geralmente começando num defeito
ou falha do material. O aumento da tenacidade à fratura é objetivo das técnicas
recentemente desenvolvidas, que empregam porcelanas contendo dispersão de partículas
de óxidos reforçadores como Al2O3 , ZrO2 e
MgO, ou mesmo cerâmicas a base desses óxidos.
A utilização dessas cerâmicas envolve o uso de técnicas avançadas
para a execução das peças dentais inteiramente de cerâmica.
 
 
O sistema todo cerâmico é atualmente disponível em cinco tipos de
processos distintos: processo convencional por escultura da porcelana feldspática,
processo de cerâmica usinada (Cerec), processo de cerâmica moldada sob pressão
(IPS Empress), processo de cerâmica infiltrada (In-Ceram) e processo de cerâmica
injetada por centrifugação (Dicor) (3). Com
exceção do processo convencional, as técnicas citadas utilizam cerâmicas de
alto ponto de sinterização. Devido
aos avanços significativos dessas cerâmicas de nova geração, a partir de
1990, tornou-se possível a execução de próteses dentais sem a subestrutura
metálica. Há uma tendência
natural de substituição da subestrutura metálica por cerâmicas de maior
resistência mecânica (1,3).
A translucência, a iridescência e a opacidade, obtidas por uma peça
dental toda cerâmica é bem próxima ao dente natural, superando a prótese
metal-cerâmica.
2.2
- CARACTERIZAÇÃO DO
ADITIVO  
 
A introdução de
aditivos na etapa de manipulação dos pós cerâmicos permite obtermos uma
viscosidade específica, que resulte no comportamento reológico requerido para
um determinado sistema cerâmico. Os
principais aditivos normalmente empregados num processo de prensagem são os
ligantes, plastificantes e lubrificantes. O
ligante providencia ao corpo prensado adequada resistência para o manuseio, e o
plastificante modifica o ligante para torná-lo mais flexível.
Os lubrificantes reduzem a fricção interpartículas e na parede do
molde. Os efeitos combinados dos
aditivos são de permitir as partículas de pó cerâmico deslizarem para um
novo arranjo mais empacotado, e promover pressão equivalente em todas as regiões
do granulado cerâmico (6,7). 
 
Na ausência de
ligações fortes como iônicas, covalentes e metálicas, todos átomos e moléculas
exibem fracas atrações. Essas forças são resultantes de um potencial elétrico
de um átomo ou molécula numa curta faixa de distância entre outros átomos ou
moléculas. São chamadas forças
de Van der Waals e são forças secundárias fracas, que também contribuem para
a atração inter-atômica. As forças
de Van der Waals originam-se de dipolos elétricos.
O dipolo é formado por uma molécula assimétrica que provoca um
desbalanceamento elétrico, permitindo um fraca ligação entre outras moléculas
(8,9). Esse desbalanceamento
forma-se devido aos elétrons compartilhados circundarem mais eficazmente o núcleo
de um elemento da molécula do que um outro.
Isto é, o centro de carga positiva não coincide com o centro de carga
negativa, e desse modo ocorre a formação de um dipolo elétrico.
As moléculas que apresentam este comportamento são chamadas de moléculas
polares (9). Forças de Van der Waals são responsáveis pela condensação
de gases em líquidos, e o congelamento de líquidos em sólidos, na ausência
de mecanismos fortes de ligação. Portanto,
aspectos semelhantes das propriedades do comportamento da matéria como fricção
entre partículas, tensão superficial, viscosidade, adesão, coesão e tantos
outros, também são notados como efeitos do potencial de Van der Waals, sempre
que as moléculas estejam dispostas muito próximas umas das outras.
No processamento de aditivos cerâmicos as características da deformação
e a dureza do ligante orgânico são dependentes das forças de Van der Waals.
As variações de temperatura e umidade influenciam a magnitude dessas
forças de atração(6,7). O
aditivos empregados podem ser
ligantes orgânicos como gomas naturais, polisacarídeos, alginatos refinados,
éter celulose, álcoois polimerizados, resinas acrílicas e
glicol (6,7).  
 
O desenvolvimento de um comportamento reológico cerâmico aperfeiçoado,
com finalidade específica de prensagem, é o objetivo da introdução de
aditivos ligantes no processo de conformação cerâmica.
Embora muitas destas substâncias adicionadas em pequenas quantidades, e
que serão eliminadas posteriormente, não apareçam no produto final, são
essenciais no processamento de um produto cerâmico. A seleção e controle dos
aditivos são freqüentemente a chave para o sucesso na obtenção de um produto
cerâmico sem defeitos.  
 
 
 
2.3 - SISTEMA
DE PRENSAGEM UNIAXIAL DE CERÂMICA DENTAL  
   
 
2.3.1
- Moldagem 
 
Para execução de uma restauração cerâmica dental pelo processo de
prensagem, o cirurgião dentista deve realizar o preparo do dente de modo
similar a uma coroa metal-cerâmica. Isto
é, ombro com ângulo de 90o com a linha da margem gengivo-axial e ângulos
agudos arredondados para evitar concentração de tensões.
Porém a redução do dente deve ser maior, próximo de 1,5 mm para as
superfícies vestibular, lingual e inter-proximal.
A redução da base do dente deve ser reta para gerar uma coroa sem
cortes inferiores. A técnica da
cera perdida é empregada para obtermos a anatomia do dente.
Um revestimento refratário é acondicionado num muflo metálico para
prensagem. Após a inclusão do modelo de cera, o muflo é fechado, e totalmente
preenchido com revestimento, que endurece por cristalização.
Quando o conjunto é aberto, obtemos o muflo e o contra-muflo para a
prensagem. A cera é removida em
seguida com jatos de vapor. O espaço
antes ocupado pela cera torna-se um molde fiel da coroa restauradora, a qual se
deseja reproduzir inteiramente em material cerâmico.
O molde de revestimento refratário, após ser submetido ao tratamento térmico
adequado para sua consolidação, estará pronto para receber a massa cerâmica
formada pela mistura aditivo-cerâmica. 
 
2.3.2
- Mistura
Aditivo-Cerâmica  
 
A literatura sobre aditivos indica o intervalo de 1 a 5 % em peso de
aditivo, o qual é usualmente empregado num processamento cerâmico (2,5,6,7).
A quantidade de pó cerâmico necessária para a realização de uma
coroa unitária é muito pequena, se comparada a processos automatizados de
produção, requerendo apenas de 1,0 a 2,0 g de pó para sua fabricação. A
mistura do líquido aditivo ao pó cerâmico significa o controle sobre o
comportamento reológico do sistema cerâmico na etapa de condensação.
O aditivo ligante é hidrofílico, o que facilita a molhagem das partículas
de pó cerâmico, promovendo a mistura ligante-cerâmica. Proporciona manipulação simples da massa cerâmica formada,
e permite sua condução para o molde de revestimento refratário, para em
seguida ser submetida a etapa de prensagem 
 
2.3.3
- Prensagem
Uniaxial a Frio 
 
A prensagem é uma etapa do processamento cerâmico em que se efetua,
simultaneamente, a conformação e a condensação do pó cerâmico. A prensagem
uniaxial idealizada impõe uma condensação vigorosa e grande densidade às
partículas cerâmicas antes da sinterização. A prensagem uniaxial envolve a
compactação da massa cerâmica, confinada num molde rígido de revestimento
cerâmico refratário pré-sinterizado, por uma pressão aplicada ao longo de
uma direção axial através de um punção metálico (6).
A garantia de fidelidade e resistência do molde refratário tornou-se
atualmente possível, a partir da evolução dos novos revestimentos
significativamente mais resistentes. A
prensagem inclui as etapas de preenchimento do molde, compactação e ejeção.
Uma tensão transmitida à massa cerâmica provoca deformação do
granulado por deslizamento e rearranjo das partículas. Essas deformações
reduzem a porosidade e aumentam o número de contatos inter-granulares. O ar comprimido nos poros migra para o molde, onde é
eliminado. A compactação ocorre
pela fratura e deformação do granulado, o que reduz o volume dos interstícios
e elimina os poros no meio do granulado deformado, promovendo uma maior condensação das partículas cerâmicas
(6,7). 
 
2.3.4
- Secagem 
 
Secagem é a remoção de líquido do interior de um material poroso, por
meio de transporte e evaporação, por um gás insaturado no meio.
É uma importante operação antes da sinterização no processo de
conformação dos pós cerâmicos. Deve
ser cuidadosamente controlada, pois tensões produzidas pelo diferencial de
contração, ou pela pressão de gás, podem
causar defeitos no produto final (6). O
transporte de energia térmica para o interior do material dá origem aos
mecanismos de secagem. O líquido
é transportado através dos vazios para os meniscos pelas forças dirigentes de
evaporação, e através dos poros para a superfície pelo vapor.
As forças dirigentes são originadas pela diferença de pressão, que
existe no equilíbrio entre a superfície curva e o interior do material cerâmico.
Entre o ar móvel e um material estacionário existe uma camada estática
de ar e vapor. A migração do líquido
para esta superfície ocorre por fluxo capilar, difusão química e difusão térmica
(7). Com a remoção do líquido e
conseqüente redução da distância inter-partículas ocorre a primeira contração
do produto cerâmico.  
 
Uma fração de volume de ligante orgânico deve ser removida do corpo
cerâmico compactado, sem trincas ou distorções.
Técnicas como evaporação, extração por solvente e extração capilar
podem ser usadas para remoção do ligante orgânico.
Para eliminar os orgânicos residuais utiliza-se decomposição e reações
de oxidação. Estas reações
ocorrem na temperatura maior do que a de evaporação, isto é, acima de 600°C,
e resultam em fases gasosas como H2O, CO e CO2. A temperatura deve ser reduzida lentamente, para permitir que
o gás possa difundir-se para fora dos poros compactados, sem criar pressão
suficiente para causar trincas (6). Para
a obtenção de produtos sem defeitos objetiva-se uma contração de
comportamento isotrópico. Isto é,
a variação de volume deve possuir uma correlação com a contração linear.
Secagem não uniforme causa empenos no produto final, e o período de
secagem não pode ser curto. Após
a secagem, o produto cerâmico é referido como produto a verde (6,7). 
 
 
 
2.3.5
- Sinterização 
 
Sinterização é o termo usado para descrever a consolidação do
produto durante a queima. Esta
consolidação significa que as partículas do material cerâmico vão ser
unidas propriamente num agregado, para formar uma restauração dental desejada.
A sinterização também pode ser interpretada como um indicativo de que
a contração e densificação ocorreram (6).
Algumas reações químicas ocorrem durante a sinterização.
De particular importância, são observadas mudanças no teor de leucita
em porcelanas dentais. Resfriamentos
lentos tendem a aumentar as frações volumétricas de leucita, com relação
aos teores de leucita encontrados nos resfriamentos rápidos.  
 
As mudanças que ocorrem no material cerâmico na pré-síntese são a
secagem, decomposição dos ligantes orgânicos e vaporização da água
quimicamente combinada. As reações
de sinterização ocorrem, quando a temperatura aplicada ao sistema alcança a
faixa entre a metade e dois terços da temperatura de fusão do material.
Esta energia é suficiente para causar difusão atômica no estado sólido
e escoamento viscoso, quando uma fase líquida está presente (7).
Produtos cerâmicos sinterizados representam um sistema de materiais que
podem variar em número de componentes, características das partículas,
complexidade das reações químicas envolvidas e mecanismos de contração
durante a síntese. As mudanças que ocorrem na micro-estrutura, quando é
realizada a sinterização, são novas características de empacotamento das
partículas.  
 
A densificação do produto cerâmico durante a sinterização ocorre
através dos mecanismos de transporte de massa.
Entre os mecanismos de transporte existentes alguns não causam densificação
diretamente. É o caso da difusão
de superfície, que é um mecanismo
de transporte que promove o alisamento da superfície dos grãos, união das
partículas e arredondamento dos poros, mas não produz contração de volume ou
densificação. Outro mecanismo que
também não causa densificação é o transporte de vapor do interior para a
superfície do produto, onde apresenta menor pressão de vapor. Os principais
mecanismos de difusão, que causam contração, são difusão de contorno dos grãos
e difusão de rede. O mecanismo de difusão ao longo do contorno dos grãos
produz o crescimento do pescoço entre as partículas. Este crescimento do pescoço
reduz o tamanho dos vazios e desloca-os para regiões côncavas do granulado.
O mecanismo de difusão de rede transporta os vazios para a superfície,
com um concomitante escoamento de átomos em direção oposta.
O efeito combinado destes dois mecanismos de difusão vai provocar a
contração dos interstícios, promovendo um empacotamento mais denso e uniforme
do material cerâmico sinterizado. Os
mecanismos de escoamento viscoso e deformação plástica são efetivos somente
quando uma fase líquida estiver presente e uma pressão for aplicada.
Estes últimos mecanismos também causam contração, devido a uma redução
do espaçamento interpartículas e decréscimo da quantidade de vazios (7). 
 
 
 
3 - PROPOSIÇÃO 
 
Desenvolver um processo de prensagem e sinterização da cerâmica
dental, de modo que a torne mais funcional e resistente à fratura, do que a
obtida pelo processo convencional, e comprovar o aumento de tenacidade à
fratura das peças cerâmicas prensadas em relação às convencionais. 
 
 
 
4 - MATERIAIS E MÉTODOS 
 
4.1-
PROCESSO DE PRENSAGEM UNIAXIAL A FRIO DE CERÂMICA DENTAL  
 
O processo de prensagem uniaxial é realizado por muflos metálicos, que
são usados para acondicionar o molde da peça cerâmica em revestimento refratário,
e proporcionar resistência adequada a esse molde no momento da compressão.
O molde de revestimento refratário é fabricado pelo processo de cera
perdida, considerado de alta precisão na área dental.
Um aditivo ligante é misturado a porcelana dental, formando uma massa de
baixa viscosidade. Esta massa
é conduzida ao molde refratário e o conjunto é submetido a uma carga de
compressão de 40 MPa. Em seguida o
muflo é aberto, a porcelana é levada ao forno para uma etapa de secagem, e na
sequência, utiliza-se um forno a vácuo para sua sinterização. Da etapa inicial de moldagem, até a sinterização do produto cerâmico,
apenas o líquido aditivo é um novo material introduzido no processo, quando
comparado com a técnica convencional usada pelos profissionais protéticos
dentais. Os equipamentos necessários,
para a execução do processo de prensagem uniaxial de cerâmica dental, são os
já existentes nos melhores laboratórios de prótese dental.
Esse processo experimental apresentado foi realizado no laboratório de
prótese dental Honório Massuda, RJ, Brasil.
O objeto do processo em
estudo é a obtenção de uma coroa total restauradora, feita inteiramente de
material cerâmico. A seguir é
apresentado um resumo dos materiais e equipamentos utilizados no processo.
Maiores detalhes do procedimento prático podem ser solicitados.  
 
Resumo dos materiais utilizados no processo de consolidação de cerâmica
dental:  
 
·
Cerâmica
dental feldspática; marca Creation, distribuída por Jensen Industries
Incorporated, North Haven, USA; partículas de tamanho 5,0; 30,0; 70,0; 90,0 mm
(10).  
 
·
Aditivo
ligante experimental a base de álcool polimerizado para prensagem. 
 
·
Cera sólida;
marca Kerr.  
 
·
Revestimento
cerâmico refratário Fortune; marca
Williams, USA. 
 
·
Silicone
extra duro Zetalabor; marca Zhermack, Itália. 
 
Resumo
dos equipamentos: 
 
·
Instrumentos
protéticos de espatulação e corte. 
 
·
Balança
eletrônica; marca Tanita, sensível 0,1g. 
 
·
Muflo metálico
para prensagem n.º 1; marca Uraby. 
 
·
Vibra-molde;
marca Rhos. 
 
·
Prensa
manual de bancada; marca Bravac, 2 toneladas. 
 
·
Forno do
tipo mufla; marca Bravac.  
 
·
Forno a vácuo;
modelo Phoenix; marca
Dentsply; USA.  
 
4.2
- TESTE COMPARATIVO DE TENACIDADE
À FRATURA  
 
O teste de tenacidade à fratura foi empregado, para comprovar um possível
aumento de resistência mecânica, da nova micro-estrutura do produto cerâmico,
quando feito pelo processo de prensagem uniaxial. A concepção do teste está
apoiada na comparação direta de peças cerâmicas feitas pelo processo
convencional e pelo de prensagem apresentado. Para o teste comparativo foram
utilizados corpos de prova na forma de pequenos blocos de cerâmica dental, de
dimensões 4,0 x 8,0 x 8,0 mm.
Para o teste de tenacidade à fratura foi empregada uma carga de 30,0 Kgf
com identador Vickers. Em materiais
cerâmicos a impressão de dureza é acompanhada da ocorrência de trincas.
O tamanho das trincas está associado à carga empregada e pode ser
relacionado diretamente com o valor de tenacidade à fratura do material ( KIC
) (11,12,13,14). Portanto, a
medida da extensão da trinca possibilita estimar o valor de tenacidade à
fratura do material. É
empregado um microscópio ótico para medir a extensão da trinca como mostra o
desenho da figura 2. O teste
de tenacidade à fratura obtido por esse método de medição direta da fratura
é realizado de forma rápida com amostras processadas em escala de laboratório.
 
 
 
 
Figura
2 - A medida da extensão da trinca (C) permite
a determinação direta da tenacidade à fratura do material ( KIC ). 
 
Os corpos de prova após submetidos a carga de impressão de dureza
(30,0Kgf), são cortados justamente no plano da trinca formada pela impressão.
Este plano da amostra é lixada com lixas 300, 400, 500 e 600.
Em seguida polida com pasta de diamante 7, 3 e 1 mm. O
plano da trinca imposta pela impressão é alcançado possibilitando a medição
do comprimento da trinca no microscópio ótico.
O microscópio usado foi da marca Leica, modelo DMRM, de até 1000 vezes
de aumento. Deste modo, obtém-se os comprimentos das trincas de todos os corpos
de prova submetidos a impressão de dureza.
Com o emprego da fórmula de cálculo da tenacidade à fratura pela medição
direta da trinca, desenvolvida por Anstis et al.,[21]
obtemos os valores de KIC pela equação 1. 
 
KIC =
0,016 ( E / HV )0,5
. ( P / C1,5 )
(Equação 1) 
 
Onde,
( E ) Módulo
de elasticidade da cerâmica; 
 
(
HV ) Dureza
Vickers; 
 
(
P ) Carga
aplicada;  
 
(
C ) Comprimento
da trinca imposta pela impressão de dureza. 
 
5 - RESULTADOS 
 
5.1 - PROCESSO DE PRENSAGEM UNIAXIAL DE CERÂMICA
DENTAL 
 
Foram encontrados os intervalos de trabalho das principais variáveis que
influem no processo de prensagem uniaxial de cerâmica dental, tais como: tempo
de prensagem (2h); tempo de secagem (2h); temperatura de secagem (200 °C) e
sinterização (960 °C). A foto de
uma coroa toda cerâmica obtida pelo processo de prensagem uniaxial pode ser
vista na figura 3.  
 
Figura 3 - Foto de uma coroa toda cerâmica
obtida por prensagem. ( fig 27 da
tese) 
 
5.2 -
TESTE COMPARATIVO DE TENACIDADE À FRATURA (KIC). 
 
Tabela
1 - Comprimentos das Trincas ( C )
e “KIC ” calculado para cada amostra. 
 
CERÂMICA 
 
|
AMOSTRAS 
 
|
C
( mm ) 
 
|
KIC
(MPa.m0,5
) 
 
|
 
 
|
C1 
 
|
0,75 
 
|
0,51 
 
|
Convencional 
 
|
C2 
 
|
0,75 
 
|
0,51 
 
|
 
 
|
C3 
 
|
1,35 
 
|
0,21 
 
|
 
 
|
P1 
 
|
0,39 
 
|
1,26 
 
|
Prensada 
 
|
P2 
 
|
0,27 
 
|
2,19 
 
|
 
 
|
P3 
 
|
0,45 
 
|
1,02 
 
|
 
 
 
 
Tabela
2 - Resultado do Teste de
Tenacidade à Fratura. 
 
 
 
|
 
 
|
 
 
|
 
 
|
KIC
(conv) 
 
|
KIC
(prens) 
 
|
MÉDIA 
 
|
(Amostras) 
 
|
(MPa.m0,5 ) 
 
|
 
 
|
0,41 
 
|
1,49 
 
|
DESVIO P. 
 
|
(Média) 
 
|
(MPa.m0,5 ) 
 
|
 
 
|
0,17 
 
|
0,62 
 
|
CVTM * 
 
|
 
 
|
 
 
|
 
 
|
42 % 
 
|
42 % 
 
|
Diferença 
 
|
 
 
|
(MPa.m0,5 ) 
 
|
 
 
|
 
 
|
1,08 
 
|
% Diferença 
 
|
 
 
|
 
 
|
 
 
|
 
 
|
265 % 
 
|
*
CVTM - Coeficiente
de variação em torno da média. 
 
 
 
Figura 4 - Gráfico dos valores de tenacidade à fratura (MPa. m0,5)
das amostras cerâmicas convencionais e prensadas. No eixo X, o
número ( 1) representa as amostras
C1 e P1; ( 2 )
amostras C2 e P2; ( 3
) amostras C3 e P3. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5 -
Fotomicrografia digitalizada da trinca originada pela impressão de
dureza na amostra convencional. Através
de dois padrões de 1,0 mm do microscópio ótico, pode ser feita a medição do
comprimento dessa trinca. Aproximadamente
C = 1,35 mm. Aumento 48x. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 6 - Fotomicrografia digitalizada da trinca originada pela impressão
de dureza na amostra prensada. Através
de um padrão de 1,0 mm do microscópio ótico, pode ser feita a medição do
comprimento dessa trinca. Aproximadamente
C = 0,27 mm.
Aumento 48x.  
 
 
 
 
 
6
- DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
   
 
O teste de tenacidade à fratura vai determinar realmente se há um avanço
significativo da peça cerâmica dental, quando obtida pelo processo de
prensagem, pois a friabilidade ou baixa tenacidade da cerâmica, é noticiada em
dentística, como uma fratura catastrófica que ocorre no meio bucal do
paciente.[11] Portanto,
o aumento significativo de tenacidade à fratura das peças cerâmicas
prensadas, como indicado na tabela 2, representa um avanço na segurança do
cirurgião dentista, ao conduzir a prótese restauradora para a prova, e após
sua cimentação no dente de seu paciente. A diferença entre as amostras
convencionais e prensadas foi em média 265 %.
Entretanto, pode-se comprovar se este aumento é significativo, com o
emprego da análise de variância, onde calcula-se a variância da média das
amostras e estima-se a variância de tenacidade à fratura das populações de
peças cerâmicas convencionais e prensadas. Pela razão de variância entre as
populações prensadas e convencionais, obtemos F calculado
= 12,97.
Para o grau de liberdade do numerador de 1 e graus de liberdade do
denominador de 4, temos na tabela de Fischer, para um erro estimado de 5 %,
F tabelado
= 7,71.
Então temos, Fcalculado
> F tabelado.
Este resultado indica que a hipótese das amostras serem diferentes é
verdadeira. Isto é, existe diferença
significativa de tenacidade à fratura entre os valores das amostras cerâmicas
convencionais e prensadas. O
aumento significativo de tenacidade à fratura de peças cerâmicas dentais
possibilita ao cirurgião dentista, reavaliar as opções de emprego do material
cerâmico como prótese dental. A
obtenção de uma peça toda cerâmica, pelo processo de prensagem, oferece um
intervalo de confiança de 95%, da peça possuir mais de 265 % de tenacidade à
fratura, do que uma peça de cerâmica convencional.
Desse modo, pode-se reduzir
para estatísticas quase nulas, a ocorrência de fraturas catastróficas da prótese
toda cerâmica, no meio bucal de um paciente.
Este é o principal avanço obtido pelo processo de prensagem uniaxial
estudado, que pode ser oferecido aos profissionais dentais envolvidos com a
fabricação de próteses cerâmicas.  
 
A utilização de cerâmica como um componente na restauração dental
está apoiada nas patentes US 3,052,982, US 3,052,983 (15,16).
A técnica desenvolvida de prensagem uniaxial de cerâmica apresenta no
plano dental alguns aspectos de interesse do cirurgião dentista.
Pode ser citado como exemplo o aspecto de adaptação da prótese cerâmica
ao dente restaurado, que está relacionado a contração de queima do material
cerâmico na etapa de sinterização. A
adaptação de uma peça dental restauradora qualquer é considerada aceitável,
pelos profissionais dentais, por critérios visuais e de manipulação da peça
dental com o modelo de gesso, que simula as condições iniciais de adaptação
da peça ao dente restaurado. Portanto,
quantificar a adaptação das peças cerâmicas dentais restauradoras prensadas,
comparando-as com outras peças cerâmicas, obtidas por outras técnicas,
configura-se num trabalho futuro necessário, para determinar a magnitude do
espaçamento limite entre a prótese e o dente restaurado, o que vai resultar em
parâmetros de uma adaptação ideal para todo tipo de prótese. 
 
O processo de prensagem obtém inicialmente peças cerâmicas feitas de
apenas uma cor. O protético
dental pode caracterizar e aprimorar os detalhes da oclusal, se o requerimento
personalizado for rigoroso. Este
procedimento envolve outra queima da peça cerâmica e configura-se em um
trabalho futuro à ser desenvolvido, já que uma nova camada vítrea será
aplicada na superfície da peça. Desse
modo, pode-se quantificar um novo aumento de resistência mecânica e a redução
da rugosidade superficial. A
rugosidade é um problema apontado na cerâmica, que causa o desgaste por abrasão
do dente antagonista (3).  
 
Rosenblum et al. (3); no seu artigo sobre o panorama atual das técnicas
de execução de restaurações cerâmicas, publicado no jornal da Associação
Dental Americana, edição de março de 1997, compara os processos existentes
quanto a abrasão dos dentes antagonistas, equipamentos especiais necessários e
características particulares de cada processo. Quanto aos equipamentos necessários,
Rosemblum cita os processos: Cerec Vitablocs, que utiliza o programa CAD-CAM
para a usinagem de lingotes cerâmicos, por um sistema de leitura ótica
digitalizada; o processo de moldagem sob pressão IPS Empress, que emprega um
forno específico, materiais especiais e equipamentos de modelagem exclusivos;
processo de cerâmica infiltrada In-Ceram, que necessita de materiais especiais
e forno específico de alta temperatura; processo de centrifugação Dicor, que
é necessário revestimento de alta temperatura e equipamentos especiais para
fundição e centrifugação da cerâmica.
O processo convencional possui a complexidade conhecida para a realização
da escultura da massa cerâmica, com seus detalhes peculiares da morfologia
dental. Portanto, no aspecto de
equipamentos necessários, o processo de prensagem pode ser considerado muito
simples, pois utiliza apenas uma prensa manual, já existente nos laboratórios
de prótese dental. Custos
adicionais de fabricação são considerados pelos profissionais dentais, como
desvantagens dos novos processos de obtenção de uma prótese dental toda cerâmica. 
 
A inovação introduzida na área dental pelo processo de prensagem
uniaxial de cerâmica, está apoiada na incorporação do aditivo orgânico ao pó
cerâmico, na etapa de prensagem e na etapa de secagem da massa cerâmica
prensada. A utilização da técnica
de moldagem por cera perdida, não se constitui numa inovação, porém sua nova
forma de emprego, utilizando revestimento cerâmico refratário, acondicionado
em muflos metálicos para prensagem, e consolidado térmicamente, é de certo
modo um avanço no emprego dessa técnica no setor dental.
O líquido aditivo ligante é o único material novo, introduzido pelo
processo de prensagem uniaxial, em relação ao processo convencional.
De composição simples, o aditivo estudado pode ser utilizado em
qualquer cerâmica feldspática, ou em novas cerâmicas dentais de composições
avançadas, recentemente desenvolvidas, pois não interfere nas propriedades estéticas,
nem reage quimicamente com pigmentos orgânicos contidos nos pós cerâmicos.
Além do que, após as etapas de secagem e sinterização, as substâncias
presentes no líquido aditivo ligante são quase totalmente eliminadas.
 
 
A etapa de prensagem uniaxial da cerâmica dental ou porcelana dental
rende sua conformação e condensação simultaneamente, resultando numa
compactação otimizada da massa cerâmica formada, devido ao vigoroso
empacotamento das partículas cerâmicas imposto pela carga de compressão
(17,18). Várias consequências
positivas podem ser apontadas a partir deste procedimento, como aumento
significativo da tenacidade à fratura e dureza das peças cerâmicas prensadas,
obtenção de próteses cerâmicas dentais confiáveis, com estética refinada e
padronização do processo de produção, reduzindo a complexidade na fabricação
de próteses desse tipo. Portanto, a substituição da etapa de escultura da massa cerâmica
do processo convencional, pela etapa de prensagem uniaxial do processo
apresentado, proporciona ao profissional protético a obtenção da morfologia
do dente, e a condensação da massa cerâmica, num só procedimento.
Essa inovação aproxima-se do novo conceito de produção “material
- processo - produto”, numa só operação (19).
Pode revelar uma técnica de baixo custo, entre os processos de fabricação
de próteses dentais inteiramente de cerâmica atualmente existentes.
 
 
A etapa de secagem também é considerada de grande importância no
processo estudado, pois vai ser responsável pela obtenção de produtos cerâmicos
sem falhas, trincas, empenos e porosidades.
O aumento gradativo da temperatura e longos intervalos de tempo de
secagem são indispensáveis ao sucesso da fabricação de peças cerâmicas.
No caso de peças dentais, com pequenas dimensões e necessidade de
grande precisão de encaixe e utilização, a secagem deve ser executada com
muito critério, e cuidadosamente controlada, para resultar numa prótese dental
sem os defeitos citados acima.  
 
Uma comparação direta dos custos dos novos processos citados é inevitável.
Excluindo-se o processo convencional, a aquisição de qualquer outro
processo custa no mínimo 30.000 US$. O
processo de prensagem uniaxial vai reduzir custos, porque utiliza os
equipamentos já existentes no laboratório de prótese dental.
Portanto, não há custos com novos equipamentos, nem com novas cerâmicas
especiais, necessários para a conformação da cerâmica, que são empregados
em outros novos processos avançados. Os
custos com aquisição de tecnologia do processo de prensagem estudado, devem
ser sensivelmente menores, do que os custos de processos avançados de moldagem
sob pressão, usinagem com fresadeiras informatizadas, fornos especiais de alta
temperatura, equipamentos especiais para injeção e centrifugação de cerâmica
fundida a 1300° C. O processo de
prensagem uniaxial necessita, basicamente, apenas do líquido aditivo ligante.  
 
O aspecto de padronização na execução da prensagem pode possibilitar
uma reavaliação da funcionalidade do laboratório de prótese dental.
A padronização reduz a complexidade no processo e permite fabricar peças
toda cerâmica, por protéticos não tão especializados, como necessário para
o domínio da técnica de cerâmica convencional. Para o profissional protético
dental que domina a técnica convencional, o processo de prensagem uniaxial de
cerâmica pode ampliar sua produção diária, ao obter em série várias peças
cerâmicas restauradoras. Portanto,
pode-se esperar uma possível redução do custo da mão de obra, na execução
de próteses dentais desse tipo. O
efeito da redução dos custos de fabricação das peças dentais é obviamente
a diminuição do custo dessas próteses restaurativas para o cliente final.
Esse fenômeno proporciona uma maior possibilidade de escolha dos
materiais, que serão empregados no setor dental por parte da sociedade.  
 
7
- CONCLUSÃO 
 
Foram encontrados os intervalos de trabalho das variáveis que influem no
processo de prensagem, tais como: tempo de prensagem e secagem, temperatura de
secagem e sinterização. O teste comparativo de tenacidade à fratura mostrou
em média um aumento significativo
de 265% das amostras prensadas, em relação as amostras feitas pelo modo
convencional. Este resultado pode reduzir para estatísticas quase nulas, o
risco de uma fratura catastrófica de uma prótese dental toda cerâmica, na
boca de um paciente.  
 
8
- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
   
 
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8-
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12-
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13-
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16-
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S. -
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11, 1962.  
 
17-
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Print in Germany.
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