Análise comparativa da desadaptação de planos-guia e apoios oclusais em armações de PPR (prótese parcial removível) provenientes de dois tipos de ligas de cobalto-cromo por meio de técnica visual
Daniel Araki Ribeiro ( ak92@bol.com.br ) - Aluno de Mestrado em Patologia Bucal da Faculdade de Odontologia de Bauru, USP.Fernanda Angelieri - Co-autora deste trabalho
- Mestranda, área de Ortodontia, da F.O. de Bauru – USP Sérgio Carvalho Costa - Co-autor deste trabalho
- Aluno de pós-graduação, em nível de Doutorado, Área de Prótese, da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP. Wellington Cardoso Bonachela - Orientador
- Professor Doutor do Departamento de Prótese da FOB/USP.
A análise da desadaptação de planos-guia e apoios oclusais de PPR (Prótese Parcial Removível) foi realizada utilizando-se de uma técnica visual, onde os observadores avaliaram por meio de "scores" a desadaptação destes planos-guia e apoios oclusais em vinte estruturas metálicas de PPR das armações metálicas provenientes de dois tipos de ligas diferentes de Cobalto Cromo: Vitalium (uma liga Nacional) e Co-Cr Modellgub Igeriung (liga Importada). Após a interpretação dos dados e análise estatística chegou-se a conclusão de que é estatisticamente significante a diferença de desadaptação entre as estruturas confeccionadas a partir da liga Vitalium e àquelas confeccionadas com a liga Co-Cr Modellgub Igeriung, sendo que houve uma menor desadaptação nas estruturas obtidas com a liga Vitalium.
INTRODUÇÃO
A
Odontologia tem como principal objetivo zelar pela integridade do elemento
dental, adequando-o à harmonia do restante dos tecidos bucais, afim de
proporcionar a saúde do indivíduo como um todo. Em países em desenvolvimento,
como o Brasil, devido a falta de informação e aos problemas sócio-econômicos,
muitos indivíduos enfrentam a perda dos dentes, causados principalmente, pela cárie
ou doença periodontal.
Cabe então a Odontologia, a substituição desses elementos perdidos de
maneira a restabelecer ao paciente a estética, a função mastigatória e a saúde
perdidas, juntamente com o elemento dental. Esta é a função de uma das
principais áreas da Odontologia, a Prótese Dental, que associa a arte de
proporcionar substitutos adequados a um ou mais dentes naturais ausentes ou
extraídos e seus tecidos relacionados, de maneira a proporcionar a saúde do
indivíduo.
Frente ao baixo nível sócio-econômico no Brasil, a prótese parcial
removível é largamente utilizada em decorrência de seu baixo custo, muitas
vezes em substituição a próteses parciais fixas ou implantes osseointegrados,
aos quais requerem “custos mais elevados”. É importante frisar, que apesar
do pequeno custo, a PPR (Prótese Parcial Removível) proporciona o
restabelecimento perfeito da função perdida, porém com uma estética não tão
satisfatória como na prótese parcial fixa ou implantes osseointegrados.
Existe porém um certo preconceito quanto à eficácia das PPRs, na
verdade devido a sua versatilidade de aplicação e a falta de um planejamento
correto. Assim, de acordo com VIEIRA; TODESCAN15 poderia ser a
“grande” solução para os parcialmente desdentados, entretanto elas não são,
pois essas próteses não têm sido construídas de acordo com as normas científicas
e os mínimos requisitos biológicos que regem esse tipo de prótese e, os
pacientes, em geral, não são devidamente orientados para cuidados de higiene,
tanto em relação a sua boca, quanto em relação à própria prótese.
Enfatizando vários aspectos concernentes ao planejamento de PPR,
BONACHELA; DI CREDO3 em 1990 realizaram um estudo em laboratórios da
cidade de Bauru, analisando aspectos referentes ao planejamento e confecção de
próteses parciais removíveis. Verificaram que os problemas relacionados às
PPRs vinham perpetuando, se assemelhando aos resultados obtidos por VIERIA;
TODESCAN15, em 1972. Problemas econômicos levam a população a
optar pelo tratamento com PPR, evidenciando um aumento significativo na sua
confecção; a escassez de materiais de qualidade comprovada para confecção de
próteses satisfatórias, sacrificam ainda mais a situação dos técnicos,
associado ao fato de que os cirurgiões-dentistas ainda se mostram
desinteressados em orientá-los.
SMITH13 relatou em uma publicação, que a responsabilidade do
profissional perante os procedimentos laboratoriais de confecção de próteses
fixas e removíveis cabe aos técnicos; porém, o diagnóstico e planejamento
dessas próteses devem ser de responsabilidade do dentista e não devendo ser
negligenciado e/ou delegado aos técnicos, pois somente o dentista está
familiarizado totalmente com os problemas da boca e seus relacionamentos com a
saúde sistêmica dos pacientes. O planejamento e o desenho da prótese parcial
removível são fatores mais importantes para o seu sucesso e isto é somente de
responsabilidade do dentista.
BATITTUCCI2 em seu estudo relatou que todas as objeções em
relação à prótese parcial removível estão relacionadas a pouca importância
dada pela maioria dos profissionais em relação a necessidade e importância da
elaboração de um planejamento criterioso e adequado, a um perfeito
relacionamento das estruturas de suporte à nova condição que lhe é imposta;
por mais desenvolvimento e transformação que a prótese parcial removível
possa ter sofrido, apresenta ainda condições de funcionamento que não
satisfazem plenamente os objetivos a elas atribuídos.
Assim, preparos prévios simples, como a confecção de nichos para
apoios deixaram de ser feitos pela grande maioria dos profissionais que
confeccionaram próteses parciais removíveis, principalmente pelo fato destes
profissionais não saberem como e onde fazê-los. Quando se trata de
planos-guia, onde o profissional tem que ter um grau de conhecimento ainda
maior, raramente estes são feitos. Dessa forma, os procedimentos clínicos para
a confecção da PPR são de uma suma importância, porém os de caráter
laboratoriais, também podem influir no sucesso ou não da PPR de forma ao seu
perfeito ajuste no paciente, inclusive na escolha da melhor liga para a confecção
da infraestrutura metálica.
Baseado na subjetividade de avaliação clínica da adaptação dos
elementos da PPR sobre os dentes, dos apoios, grampos e planos-guia, associado
ao fato de ainda apresentarmos uma deficiência tecnológica nos laboratórios
comerciais, propusemo-nos a avaliar comparativamente armações provenientes de
duas ligas diferentes, moldados a partir de uma silicona de adição e sua possível
influência sobre estas estruturas passíveis de serem detectadas por testes
visuais de desadaptação.
MATERIAL
E MÉTODOS
Confecção
do modelo mestre
Foi simulada uma situação clínica com o posicionamento de dois dentes
naturais íntegros (segundo molar e primeiro pré-molar inferior esquerdo)
recentemente extraídos e acondicionados em solução de timol. Estes foram
posicionados em um padrão constituído com cera rosa no 9 (Wilson
Ind. E Com. Ltda). Os dentes foram posicionados com o molar ligeiramente
mesializado e o pré-molar com uma ligeira distalização, em relação ao eixo
vertical próprio dos dentes. Pudemos assim, obter um modelo de cera rosa e
dentes naturais, na posição dos dentes de um hemiarco inferior esquerdo.
Este padrão (cera + dentes naturais) foi então incluso em gesso comum
empregando mufla no 5 com parafuso, onde foram executados todos os
procedimentos necessários para a acrilização da porção de cera, obtendo-se
desta maneira o modelo mestre.
Obtenção
dos modelos de estudo
O modelo mestre foi então reproduzido com a utilização de uma moldeira
parcial de estoque e alginato (Jeltrade - Dentsply Ind E Com. Ltda). O molde foi
então vazado em gesso especial tipo IV (Velmix - Sybron Kerr Ind. E Com. Ltda),
que após a presa final, foi devidamente aparado no recordador de gesso em sua
base voltada para possibilitar sua adaptação à platina de um delineador (Bio
Art 1000 Art. Odont. Ltda), sendo que, assim obtivemos estabilidade do modelo de
gesso denominado de modelo de estudo.
Delineamento
prévio
O modelo de estudo obtido
anteriormente foi levado à base do delineador onde se determinou um eixo de
inserção e remoção da futura estrutura da PPR, como também o traçado das
linhas equatoriais nos dentes pilares.
Após o delineamento e análise do modelo, confeccionamos matrizes de
transferência em resina acrílica ativada quimicamente (Duralay - Reliance
Dental MFG Company Worth, ILL - USA) que têm como finalidade fornecer um
gabarito que controle a direção, inclinação e a quantidade de estrutura a
ser desgastada nos dentes naturais, técnica proposta por MAGALHÃES9
et al (1984). Para se obter este gabarito, aplicamos isolante para troquel nos
dentes-suporte no modelo de gesso e utilizando a técnica do pincel aplicamos
resina acrílica em toda a extensão da área expulsiva dos dentes, com uma
espessura de aproximadamente 5 mm, devidamente checada com espessímetro
(Buffalo Dental Mfg. Co. - New York).
Uma peça de mão foi acoplada à haste vertical do delineador por uma
braçadeira paralelizadora e usamos uma ponta de aço cilíndrica (Ivomil) que
possibilitou o desgaste da resina acrílica e gesso, de tal forma que foi obtido
um paralelismo entre as superfícies desgastadas, formando áreas planas
denominadas de planos-guia.
Ao finalizar a confecção dos gabaritos, estes foram testados em sua
adaptação sobre os dentes naturais do modelo mestre, onde se pode evidenciar
superfícies a serem desgastadas. Em seguida, os gabaritos de resina acrílica
foram então fundidos em liga não nobre (Duracast MS) e posteriormente
acabados, adaptados e cimentados com cimento provisório (Temp Bond - Sybron
Kerr Ind. E Com. Ltda) na superfície oclusal dos dentes naturais, levando este
conjunto para a base de um microscópio adaptado para a realização dos
desgastes na superfície de esmalte, com uma ponta diamantada cilíndrica (KG
Sorensen) em alta rotação. O desgaste foi feito até que a haste da ponta
diamantada tocasse o gabarito agora fundido.
Os dentes-suporte já preparados receberam acabamento e polimento
substituindo-se a caneta de alta rotação por um motor de rotação reduzida
que consiste no arredondamento das arestas, com alisamento das superfícies
desgastadas através de discos de lixa de granulação média e fina (Sof-lex -
3M), borrachas abrasivas e pedra-pomes, obtendo-se desta maneira o aspecto de
esmalte intacto, como preconizado por ZANETTI; FRONER16 (1996). É
importante ressaltar que durante estes processos os gabaritos não tinham ainda
sido removidos.
Após o preparo dos planos-guia, foram confeccionados nichos oclusais nas
superfícies mesial do molar e distal do pré-molar, de acordo com o preconizado
pela disciplina de PPR do Departamento de Prótese da Faculdade de Odontologia
de Bauru - USP. Utilizou-se para isso uma ponta diamantada esférica no
1014 (KG Sorensen), confeccionando-se nichos com aproximadamente 1,5mm de
profundidade, extensão vestíbulolingual correpondente a 1/3 da face oclusal e
extensão mesiodistal correpondente a 1/3 dessa distância. Foi feito acabamento
e polimento buscando-se manter a parede pulpar plana e perpendicular ao longo
eixo do dente com superfícies axiais e expulsivas.
Obtenção
dos modelos de trabalho
Foram
obtidos vinte modelos de trabalho oriundos do modelo mestre obtidos com o uso de
moldeiras individuais de acrílico previamente confeccionados e moldadas com
siliconas de adição (Express 3M Dental Products Division USA). Estes modelos
foram vazados em gesso especial tipo IV (Velmix) e mantidos em um umidificador
até sua cristalização final.
Depois disso, estes modelos foram recortados, identificados e avaliados
com rigor, sendo que após serem aprovados, foram enviados a um mesmo laboratório
comercial de prótese na cidade de Bauru-SP, laboratório este considerado o de
melhores qualidades pelos profissionais da área da cidade. Os modelos foram
acompanhados com um desenho em modelo de estudo para que todas as estruturas metálicas
tivessem o mesmo desenho deste apresentado. Os grampos circunferenciais de
ACKERS foram os escolhidos como retentores.
Obtenção
das estruturas metálicas das PPRs
As estruturas metálicas foram obtidas de forma convencional,
respeitando-se técnicas de execução, sendo que dez estruturas foram obtidas
através da liga Vitalium (Ind. Bras.
Ltda) e as demais obtidas através da liga Co-Cr
Modellgub Iegirung e o material comumente empregado pelo laboratório
(Revestimento - Knebel Produtos Dentários - R.S.), não existindo nenhum
direcionamento aos procedimentos. As estruturas foram fundidas e posicionadas
sobre seus respectivos modelos de trabalho, onde foi pedido ao técnico que não
fizesse nenhum ajuste interno nas mesmas.
Ajuste
das estruturas
As estruturas metálicas foram
ajustadas ao modelo mestre utilizando substâncias evidenciadoras de contato
(Accufilm IV - Parkell). O ponto de contato detectado como interferente foi
desgastado com ponta diamantada esférica 1014 (KG Sorensen). Este passo foi
repetido tantas vezes quanto necessário para fornecer uma adaptação completa
da armação.
Observação
dos desajustes
O processo de observação
visual foi realizado depois do ajuste das estruturas metálicas para que
pudessem ser avaliadas as desadaptações aos dentes pilares com o objetivo de
comparação. Foram escolhidos três observadores com reconhecida experiência
na pesquisa e ensino da disciplina de PPR. Estes observadores foram então
calibrados para a visualização das desadaptações de acordo com “scores”
preestabelecidos, onde eles observaram a adaptação dos apoios e planos-guia
nos modelos de silicona e no modelo mestre. Foram dados valores de um
a três, sendo que um
determinou uma má adaptação, dois
uma adaptação regular e três
uma boa adaptação. É de fundamental importância frisarmos que os
observadores não tinham o menor conhecimento de quais estruturas procediam de
tais ligas avaliadas.
Após a obtenção dos resultados, foi realizada uma análise estatística,
onde se comparou a desadaptação das estruturas metálicas depois dos ajustes,
considerando o uso de diferentes ligas metálicas na confecção das PPRs.
RESULTADOS
Os valores médios para a adaptação das estruturas referentes a apoios
e planos-guia, provenientes de modelos de trabalho confeccionados a partir de
moldagem com silicona de adição, das armações fundidas com a liga Vitallium sobre o modelo mestre e posteriormente da visualização
utilizando-se da técnica visual, podem ser vistos na tabela 1. 
Tabela
1. - Valores médios para a adaptação de estruturas obtidas com a liga Vitallium
de modelos confeccionados a partir de moldagens com silicona de adição em
relação a planos-guia e apoios com ajuste das estruturas. 
Modelo
|
Observador 1
|
Observador 2
|
Observador 3
|
Média
|
1 |
3 |
3 |
3 |
3 |
2 |
1 |
1 |
1 |
1 |
3 |
2 |
2 |
2 |
2 |
4 |
3 |
3 |
3 |
3 |
5 |
1 |
1 |
2 |
1,7 |
6 |
3 |
3 |
3 |
3 |
7 |
3 |
3 |
3 |
3 |
8 |
3 |
3 |
3 |
3 |
9 |
3 |
3 |
3 |
3 |
10 |
3 |
3 |
3 |
3 |
 Os valores médios para a
adaptação das estruturas, quanto apoios e planos-guia de modelos de trabalho
confeccionados a partir de moldagem com silicona de adição, das armações
fundidas com a liga Co-Cr Modellgub
Iegirung e posteriormente visualização através da técnica visual, podem
ser vistos na tabela 2. 
   
 
Tabela
2 - Valores médios para adaptação de estruturas metálicas fundidas com a
liga Co-Cr Modellgub Iegirung de
modelos confeccionados a partir de moldagens com silicona de adição em relação
a planos-guia e apoios com ajuste das estruturas. 
 
Modelo
|
Observador 1
|
Observador 2
|
Observador 3
|
Média
|
1 |
1 |
1 |
2 |
1,4 |
2 |
2 |
2 |
1 |
1,7 |
3 |
2 |
1 |
2 |
1,7 |
4 |
1 |
2 |
2 |
1,7 |
5 |
1 |
2 |
1 |
1,4 |
6 |
2 |
1 |
2 |
1,7 |
7 |
2 |
2 |
2 |
2 |
8 |
3 |
2 |
2 |
2,4 |
9 |
1 |
2 |
2 |
1,7 |
10 |
2 |
3 |
2 |
2,4 |
 
  Tendo em mãos estas duas tabelas, realizou-se então uma análise
comparativa entre as duas ligas metálicas, após as estruturas serem ajustadas.
Foi aplicado o teste de Mann-Whitney para conseguirmos tal objetivo, de acordo
com o que pode ser observado na tabela 3.
Tabela
3- Teste de Mann-Whitney para comparação entre duas ligas metálicas.
Liga Metálica
|
Média
|
Desvio Padrão
|
Vitallium
|
2,57
|
0,74
|
Co-Cr
Modellgub
|
1,81
|
0,35
|
Liga Nacional X Liga
Importada |
U |
Após ajuste das estruturas
|
18,0* |
 
 *- Diferença estatisticamente significante; p <0,05, sendo
p = 0,01
DISCUSSÃO
Prótese
dental é a ciência associada a arte de proporcionar substitutos adequados a um
ou mais dentes naturais ausentes ou extraídos e seus tecidos relacionados, de
modo a restaurar a função alterada, a estética, conforto e a saúde do
paciente.
Ao passo que aumentam as perdas dentais, as reabilitações orais
tornam-se cada vez mais complexas e estas determinam a utilização de próteses
que apresentem uma grande versatilidade; aí a prótese parcial removível
assume seu grande papel. Um dos grandes problemas vividos atualmente em nosso país
sem dúvida se manifesta pela carência financeira da população, a qual busca
trabalhos de maior alcance social vindo a prótese parcial removível contribuir
para estas soluções.
Embora existam algumas desvantagens em relação às próteses fixas
convencionais ou suportadas por implantes, as PPRs retidas a grampos podem
preencher os requisitos para uma reabilitação oral desde que sejam
adequadamente indicadas, planejadas e confeccionadas.
Em 1972, VIEIRA; TODESCAN15 relatou que a PPR a grampos não
é a prótese ideal para pacientes com envolvimento periodontal, mas que por razões
econômicas, desde que bem planejadas e a boca muito bem preparada pelo
profissional, essas próteses poderiam perfeitamente permitir a contenção
destes dentes abalados periodontalmente, aumentado sua longevidade.
Um dos objetivos essenciais
das PPRs se deve na busca de uma estrutura metálica que fique o mais adaptado
aos dentes, ao qual torna-se incansável por parte dos profissionais que fazem
próteses parciais removíveis, sendo que cada componente tem além da função
específica, a função de promover saúde às estruturas que interagem com toda
a prótese.
O termo planos-guia parece ter
tido origem em 1954 com APPLEGATE1, quando este descreveu um método
seletivo para escolha e criação de um caminho único de inserção da prótese
parcial removível; em 1934, a descrição deste tipo de preparo pelo mesmo
autor não recebeu esta denominação.
Diversos foram os métodos para a confecção de planos-guia propostas,
dentre as quais, pode ser realizada com auxílio de aparelhos paralelômetros de
uso extra-oral, que fixam a peça de mão (REZENDE11, 1969), ou de
uso intra-oral à mão livre (TODESCAN et al, 1996), ou com a fixação da peça
de mão (GÖRANSSON6 et al, 1975; DE FIORI5, 1983). A
utilização desses aparelhos orienta, de maneira mais precisa, os preparos a
ser realizados sobre os elementos dentais, mas apresenta alguns inconvenientes,
além do seu custo: são ainda relativamente volumosos e a sua utilização
demanda mais tempo e um certo grau de prática.
Outras técnicas preconizam a confecção de dispositivos-guias em resina
acrílica (MAGALHÃES9 et al, 1984) ou em metal fundido (MAGALHÃES9
et al 1984; ZANETTI16 et al, 1986), os quais orientam o local e a
extensão do desgaste e podem ser de fácil e rápida confecção pelo
profissional, a custo reduzido.
Talvez, o maior problema em relação a confecção de próteses parciais
removíveis esteja fundamentado na dificuldade de padronização e controle dos
procedimentos laboratoriais. Baseado neste fato, este trabalho empregou somente
um técnico de laboratório, deixando que este realizasse todos os passos para
obtenção de armações metálicas de maneira rotineira, sem nenhuma interferência
externa.
Outros fatores a serem considerados se refere à expansão dos
revestimentos utilizados na confecção das armações metálicas, assim como os
materiais moldadores empregados na confecção destas estruturas. Com o advento
das siliconas de adição, foram atribuídas a estas várias propriedades, tais
como não apresentarem reação continuada de polimerização, grande
estabilidade dimensional, podendo-se aguardar o vazamento até uma semana sem
sofrer distorções. Sabendo disso, devemos então reduzir ao máximo o número
de variáveis que possam influenciar na adaptação final das estruturas metálicas,
desde o material moldador a ser empregado, aos materiais utilizados nos laboratórios
e o acabamento final dessas estruturas.
Os dados da tabela no 1 nos mostram claramente que os valores
numéricos médios de adaptação das estruturas confeccionadas sobre modelos
utilizando-se da liga Vitalium já foram melhores que os valores de adaptação
das estruturas obtidas com a liga Co-Cr Modellgub Iegirung.
Um outro dado interessante se refere aos valores de desvio padrão das
estruturas obtidas, onde foi observado um menor desvio da liga Co-Cr Modellgub
Iegirung, nos mostrando desta maneira que há uma homogeneidade maior destas
ligas, uma vez fundidas.
Um outro aspecto a ser ressaltado é a possível compatibilidade da liga
Vitallium com o revestimento empregado pelo técnico de laboratório, ao qual
obteve-se uma melhor adaptação desta em relação a outra. Sente-se na clínica
odontológica a necessidade de obter-se uma maneira prática de se visualizar a
adaptação das estruturas metálicas, que os técnicos de laboratório
confeccionam para os clínicos. Pôde-se observar pela literatura analisada que
a única maneira prática de se visualizar esta adaptação seria por um método
semelhante ao que foi feito neste trabalho, onde foi demonstrado que qualquer clínico
pode, utilizando um método visual, fazer um controle da qualidade do seu
trabalho realizado pelo técnico.
Um outro possível fator a ser comentado é quanto a característica das
ligas, ao qual a liga Vitalium, apesar de adaptação melhor, se comporta de
maneira muito frágil, enquanto a liga Co-Cr Modellgub Igierung, o padrão de
fundição, assim como acabamento das mesmas, melhor em relação à anterior.
Outro dado interessante reside na adaptação de apoios oclusais e
planos-guia, onde foi observado certa desadaptação das mesmas, mesmo após
executado seu ajuste, dado este constatado por LIKEMAN; JUSZCZYK8
(1993), que encontraram uma média de 44% de desajuste das estruturas.
BATITUCCI2, (1991) em seu trabalho de tese sobre a avaliação
do desajuste dos planos-guia em PPR, chegou a conclusão que o desajuste médio
entre a superfície de esmalte a e superfície metálica das estruturas nos
planos-guia foi da ordem de 157,28 micrometros para os molares e 110,43
micrometros para os pré-molares. Estes valores numéricos obtidos apresentam um
grande impacto, quando se raciocina que uma desadaptação de aproximadamente 40
micrometros, ou seja, a espessura de um fio de cabelo é altamente detectada
pela língua do paciente, causando um estado de desconforto. Este espaço
albergará não só uma grande quantidade de bactérias, como também restos de
alimentos muitas vezes referidos pelos pacientes que deixam de usar estas próteses.
 
  CONCLUSÕES
 
Os resultados do trabalho juntamente
com a análise estatística permitiram concluir que:
Ø
É estatistacamente significante a diferença de
desadaptação de apoios e planos-guia em estruturas metálicas de PPRs fundidas
a partir da liga Vitallium ou Co-Cr Modellgub Igeriung quando os modelos de
trabalho são confeccionados a partir de moldagem com silicona de adição,
depois do ajuste das estruturas; sendo que encontramos uma menor desadaptação
entre as estruturas obtidas através da liga Vitallium ( Nacional)
Ø
Pôde-se comprovar a efetividade dos planos-guia já
que estes sempre demonstraram algum contato efetivo com as paredes preparadas
para seu assentamento
Ø
Foi constatado uma certa desadaptação de apoios
oclusais, aos quais apresentam uma efetividade regular com seus respectivos
nichos.
 
  AGRADECIMENTOS:
A FAPESP pelo apoio e incentivo para a realização deste trabalho.  
 
8 -
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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removable partial dentures prothesis. Philadelphia, W. B. Saunders, 1954.
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Análise comparativa da Desadaptação de
Planos-guia e apoios oclusais em armações de PPR provenientes de dois materiais
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