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Apresentação de um método, qualitativo, de identificação de vapor de mercúrio
Qualitative method for the identification
of mercury vapor
RESUMO
SUMMARY
INTRODUÇÃO
MATERIAL E METODO
DISCUSSÃO
RESULTADOS
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Este trabalho foi publicado na Revista
Paulista de Odontologia n 2-Março/Abril 1997
RESUMO
A possibilidade da presença
de vapor de mercúrio nos consultórios odontológicos
é grande, principalmente devido ao uso desse elemento químico
em restaurações de amálgama. Para tanto, elaborou-se
um método qualitativo de identificação de vapor de
mercúrio, por meio de um método químico em temperatura
ambiente e a 37C, utilizando-se cloreto de paládio. Observou-se
de hora em hora o experimento e. após 48 horas, identificou-se a
presença do vapor de mercúrio em todos os testes realizados.
Unitermos: Mercúrio, química
SUMMARY
There is a great
possibility of the presence of mercury vapor in dental clinics, mainly
because this chemical is used in amalgam restorations. A qualitative method
of identification of mercury vapor using a chemical method at environmental
temperature and at 37C, using palladium chloride, was developed. Verification
was made every hour and after 48 hours the presence of mercury vapor was
identified in all tests.
INTRODUÇÃO
O mercúrio
pode ser encontrado no meio ambiente sob várias formas, sendo que
na forma metálica é que representa o maior problema de saúde
ocupacional, devido a formação de vapores, inodoros e incolores,
que possuem grande facilidade de penetração por vias respiratórias
Os cirurgiões-dentistas
estão expostos ao mercúrio metálico quando manipulam
o amálgama dentário em sua atividade clínica e possivelmente
a partir das restaurações de amálgama em seus próprios
dentes. Em ambos os casos, segundo HARRIS7 (1978) e
RICHARDS e WARREN 10 (1985),o mercúrio penetra no organismo
na forma de vapor de mercúrio metálico.
Desde o primeiro trabalho de GROSSMAN
e DANNENBERG6 (1949), muito se tem publicado nas últimas
décadas sobre toxicidade do mercúrio e sobre os riscos decorrentes
do emprego deste metal para a saúde dos cirurgiões-dentistas
e pessoal auxiliar. Até mesmo clientes que permanecem por longos
períodos em consultórios ou laboratórios onde a manipulação
de amálgama é um trabalho de rotina, estão expostos
aos efeitos nocivos do mercúrio (RUPP e PAFFFNBARGER11
1971; BAUER e FIRST2 1982; NILNER et al.8, 1985 e
ANDERSON1 1988).
A intoxicação
por mercúrio utilizado em restaurações de amálgama,
que outrora não chamava atenção dos ciurgiões-dentistas,
passou a ser discutida em virtude dos efeitos deletérios do mercúrio
ao organismo humano.
No caso específico
dos pacientes, as pesquisas estão mais voltadas para os possíveis
danos provocados pelo mercúrio emitido de restaurações
de amálgama, porém, até o presente momento os resultados
são controversos e pouco esclarecedores (NILSSON e NILSSON9
(1986).
ELIZAUR BENITEZ
at al.3 (1995) observaram que o polimento imediato das restaurações
de amálgama promove um aumento significativo nos níveis de
liberação do mercúrio, quando comparados com restaurações
que receberam polimento mediato e também, que estes níveis
diminuem com o decorrer do tempo.
Convém salientar que existem
outras formas de contaminação pelo mercúrio, como
a que ocorre no momento da preparação do amálgama,
pois o mercúrio vaporiza-se a 2OC aumentando sua volatilidade à
medida que há aumento da temperatura, ampliando-se em até
oito vezes, caso a temperatura atinja 500C (WARFVINGE’2,
1995).
GRONKA et al
(1970) mostraram que a operação que maior risco oferece em
relação ao mercúrio é a preparação
do amálgama de prata no consultório odontológico,
principalmente quando este cai ao chão. Relataram ainda que, quando
o ambiente de trabalho do cirurgião-dentista está contaminado,
a descontaminação toma-se difícil, embora essencial.
Devido aos danos
causados pelo vapor de mercúrio, o presente trabalho tem por objetivo
apresentar um método químico para a identificação
destes vapores. âmbar e guardado em local isento de luz, até
o momento do uso.
MATERIAL E MÉTODO
1 Preparo da solução
de cloreto de paládio reveladora da presença de mercúrio
Pesou-se 1 grama
de cloreto de paládio (Merck) em um bequer de 100 ml, adicionou-se
álcool etílico 96% até completar o volume total de
100 ml de solução. A solução alcóolica
de 1% de cloreto de paládio foi em seguida colocada em um frasco
de vidro de cor e guardada em local isento de luz, até o momento
do uso.
2 - Método químico
para Identificação do vapor de mercúrio.
Para a identificação
do vapor de mercúrio, adaptou-se o método proposto por FEIGL
e ANGER4 (1972), que utiliza a reação química
de substituição entre o cloreto de paládio e o mercúrio
metálico. A solução de cloreto de paládio a
1% foi colocada em uma "tira" de papel de filtro Watman com 2 cm de comprimento
por 0,5 cm de largura. A seguir, a "tira" de papel contendo cloreto de
paládio era seca no interior de um desumidificador contendo grânulos
de sílica, de modo a evitar contaminação com o ar
do ambiente.
Após
secagem da fita de papel impregnada com cloreto de paládio, realizou-se
um "spot-test" para confirmar a validade do método. A fita de papel
foi colocada na parte superior de um tubo de ensaio, que continha mercúrio
em seu interior. Assim, a fita de papel de cor amarelo-claro (cloreto de
paládio) tomou-se, imediatamente, preta (Fig.
1).A mudança de cor evidencia que o vapor de mercúrio
reagiu o cloreto de paládio.mercúrio (HgCl,) de cor escura.
RESULTADOS
Pelo método
preconizado por FEIGL e ANGER4 (1972), o cloreto de paládio
(PdCl2 ) é capaz de revelar a presença de mercúrio
(Hg0) que, ao reagir apresenta um complexo químico, o
cloreto de mercúrio (HgCl2) de cor escura. A reação
química manifesta-se desta forma:
PdC12 + Hg0 -----
HgC12 + Pd0
A Figura 1 mostra
com clareza a área onde essa reação química
de cor escura ocorreu, e onde não ocorreu, em virtude de não
ter havido contato com o mercúrio. Na Figura 1A observa-se que o
vapor de mercúrio foi revelado pelo cloreto de paládio que
transformou-se em cloreto de mercúrio (cor escura). Na Figura 1B,
observa-se que não houve o escurecimento do papel, a área
não escurecida indica não haver contato com o vapor de mercúrio.
Este teste foi
repetido várias vezes, sempre com os mesmos resultado, ou seja,
o cloreto de paládio ao entrar em contato com o vapor de mercúrio
é imediatamente revelado por meio da cor escura do papel, mostrando
a identificação deste metal pela solução de
cloreto de paládio.
DISCUSSÃO
O amálgama
dentário é um dos materiais restauradores mais usados na
clínica odontológica. Um dos seus componentes é o
mercúrio, cujo uso tem sofrido algumas restrições
em diferentes períodos, apesar das restaurações de
amálgama prestarem excelentes serviços por mais de 150 anos.
Portanto, os cirurgiões-dentistas têm em seus consultórios
substâncias de grande toxicidade, para tanto, a prevenção
das intoxicações com substâncias químicas é
relevante para o exercício profissional, especialmente, as intoxicações
com metais pesados como o mercúrio.
A identificação
de mercúrio, independente de seu estado físico, acontece
através de uma reação química de simples troca
entre o cloreto de paládio e o mercúrio metálico.
Sem dúvida nenhuma, o método proposto abre a possibilidade
prática do próprio cirurgião-dentista detectar o vapor
de mercúrio no ambiente do consultório, de maneira simples,
prática e barata. Basta para tanto, que o cirurgião-dentista
prepare uma solução de cloreto de paládio a 1% e umedeça
papel de filtro Watman com tal solução. Após a secagem
do papel em ambiente isento de mercúrio, colocará este papel
impregnado com cloreto de paládio no ambiente do consultório.
CONCLUSÃO
Como ficou demonstrado na presente
pesquisa, quando o papel de filtro impregnado com cloreto de paládio
entrar em contato com o vapor de mercúrio irá escurecer,
mostrando ao cirurgião-dentista a presença do mercúrio
em seu ambiente de trabalho. •
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
1. ANDERSON, M.H. Mercury leakage
during amalgam trituration. Oper. Dent., v. 13, n. 4, p. 185-190, Autumn, 1988.
2. BAUER, J.G. e FIRST, H.A. lhe
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Jun. 1982.
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J.B.; SALGADO, P.E.; GABRIELLI, F; DINELLI, W.; e GABRIELLI, A.P.R. Amálgama
dental: estudo in vítro da liberação de mercúrio,
através de espectrofotometria de absorção atômica,
em função do tipo de ligas, polimento e tempo. Rev Odontol.
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4. FEIGL, F.; ANGER, V. Spot tests
in inorganic analysis. 6. ed. Amsterdan Elsevier, 1972. 305 p.
5. GRONKA, P.A.; BOBKOSKIE, R.L.;
TOMCHICK, G.J.; BACH, E e RAKOW, A.B. Mercury vapor exposures in
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1970.
6. GROSSMAN, LI.; e DANNENBERG,
J.R. Amount of mercury vapor in air of dental offices and laboratories.
J. Dent. Res., v. 28, p. 435-438, 1949.
7. HARRIS, D. lhe dental working
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97, p. 811-815, Nov. 1978.
8.NILNER, K.; AKERMAN, 5.; KLINGE,
B. Effect of dental amalgam restorations on the meroury content of nerve
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9. NILSSON, B.; NILSSON, 8. Mercury
in dental practice. lhe working enviroment of dental personnel and their
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10. RICHARDS, J.M.; WARREN, P.J.
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Br. Dent. J., v. 159, n.4, p. 231-232, Oct. 5, 1985.
11. RUPP, N.W.; PAFFENBARGER, G.C.
Significance lo health of mercury used in dental practice: a review. J.
Am. Dent
Assoo., v.82, n.6, p. 1401-1407,
Jun. 1971.
12 WARFVINGE, k. Mercury exposure
of a female dentist before pregnancy. Br Dent. J, v. 178, n. 4,
p. 149-152, Feb.
25, 1995.
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1999 Update 07/oct, 1999
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