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Desenvolvimento de uma escala cromática de tons de pele para confecção de próteses faciais em resina acrílica termopolimerizável
Brigitte Nitchauser - Cirurgiã-Dentista, Manaus (AM)José Roberto Sá Lima ( sa-lima@odontologia.com.br ) - Mestre em Clínicas Odontológicas pela Faculdade de Odontologia da USP
- Doutor em Anatomia pelo I.C.B. - USP
- Prof. Titular de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Fac. de Odontologia de São José dos Campos - UNESP
- Prof. Responsável do Curso de Pós-Graduação em Prótese-Buco-Maxilo-Facial, nível de mestrado e doutorado, da Fac. de Odontologia de São José dos Campos - UNESP
- Prof. Responsável pela Disciplina de Anestesia Local do Curso de especialização em Odontopediatria do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria da Fac. de Odontologia de São José dos Campos - UNESP
- Prof. Responsável pela Disciplina de Informática do Curso de Pós-graduação em Dentística Restauradora, nível de mestrado, do Departamento de Dentística Restauradora da Fac. de Odontologia de São José dos Campos - UNESP
O objetivo deste trabalho foi criar uma escala de tonalidades de pele em resina acrílica termopolimerizável. Foram confeccionados cinqüenta corpos de prova medindo 3 mm de espessura por 20 mm de diâmetro. Foi mantida a mesma proporção de pó e líquido para todos os corpos de prova, entretanto, sua composição de cor, era variável. Eles foram separados em cinco grupos de dez; dentro de cada grupo um pigmento sempre se repetia, variando-se apenas, sua quantidade ou sua associação à outros pigmentos. Os corpos de prova tiveram suas arestas arredondadas, mas não foram polidos, seguindo o mesmo esquema de confecção de uma prótese facial. O resultado obtido permite-nos concluir que é possível criar uma escala de tonalidades de pele em resina acrílica termopolimerizável com os materiais disponíveis no comércio, facilitando, dessa maneira, a confecção de próteses faciais corretamente coloridas e evitando o desperdício de material.
Introdução
A reabilitação de
pacientes com mutilações faciais sempre foi um grande problema, especialmente
para aqueles em que a substituição da perda de substância tecidual não pode
ser feita através de cirurgia plástica. O reabilitador sempre tem o intuito de
devolver função e estética ao paciente, mas, para este, na maioria dos casos,
apenas a estética tem importância, principalmente se a deformação for
chamativa a ponto de haver a segregação do indivíduo da sociedade. A estética
da prótese inclui aspectos tais como escultura, que deve se aproximar tanto
quanto possível da morfologia facial do paciente, e coloração, também uma
característica individual do paciente. Por
este dentre outros motivos é que a Prótese Buco-Maxilo-Facial assume tamanha
importância como especialidade odontológica.
Bulbulian1 (1965) define a prótese maxilo-facial como a arte e a
ciência da reconstrução anatômica, funcional e cosmética através da
substituição artificial das regiões da maxila, mandíbula e face perdidos
por cirurgia, injúria ou malformações congênitas.
O sucesso da reconstrução
depende do conhecimento completo dos princípios de harmonia facial, mistura de
cores, ancoragem, retenção, peso da prótese, da durabilidade, da tolerância
e da compressão tecidual e, principalmente, da fácil aquisição de material.
A resina acrílica
termopolimerizável preenche bem vários destes requisitos sendo um material
de fácil aquisição e custos bastante aceitáveis.
O maior problema
enfrentado pelo reabilitador facial é conseguir reproduzir a cor exata da
pele do paciente, sem a qual dificilmente teremos uma estética aceitável. O
problema torna-se mais grave uma vez que a resina acrílica termopolimerizável
pigmentada sofre alteração de cor após sua polimerização a quente. Esta não
se produz, muitas vezes, de maneira previsível,
inutilizando por completo um trabalho protético, gerando desperdício
de material e de tempo, além da frustração do paciente e do reabilitador.
Pouco se fez até hoje no sentido de minorar este problema e facilitar a
confecção destas próteses faciais em resina acrílica termopolimerizável.
Nos países desenvolvidos existe uma preferência pela utilização do silicone
como material reabilitador. Este material possui certas desvantagens como
altos custos e pouca durabilidade, o que, a nosso ver, inviabiliza o seu uso
corrente em nossos meios.
Visando atenuar o
problema da coloração e no intuito de contribuir com os reabilitadores e,
conseqüentemente, com os pacientes, nos propusemos a confeccionar uma escala
de tonalidades de pele em resina acrílica termopolimerizável que pudesse
servir como guia para a coloração de futuras próteses.
Material
e método
Foi
utilizada resina
termicamente ativada, polimetilmetacrilato, para prótese total da marca
‘Clássico’, incolor.
Os pigmentos utilizados
foram os seguintes: da marca ‘Clássico’,
AM2, AM3, AZ1, BO, M1, M2, P1, PK, e VM3. Para pintura em porcelana, os
pigmentos foram: Amarelo Atibaia (SE131070), Azul Cobalto (OG32185), Castanho
Avermelhado (OG31039), Marrom Avermelhado (OG31007), Marrom Caramelo (OG31008),
Rosa Isabel (OG28020), Rosa Pele (SE171010), Verde Bandeira (OG16011), Vermelho
Cereja (SE171061).
A pesagem da resina e
dos pigmentos foi realizada numa balança TANITA - Digital Scale - Model 1479 (professional-mini)
- Capacity & Graduation: 0 - 50g by 0.1g and 50 - 100g by 0.2g.
Para a fabricação dos
corpos de prova, foi especialmente confeccionada uma mufla em aço inoxidável.
A capacidade desta mufla era de sete corpos de prova por vez, medindo cada um três
milímetros de espessura por vinte milímetros de diâmetro.
Ainda foram utilizados
equipamentos comuns de laboratório, como prensas para prótese total e um
polimerizador para resina acrílica termicamente ativada da Record
Equipamentos.
A mufla de aço inoxidável
foi preparada para receber os corpos de prova, tendo sido isolada com vaselina sólida.
Para padronização dos
corpos de prova, foi utilizada uma proporção polímero/monômero constante e
de acordo com as recomendações do fabricante, isto é, de três para um em
volume, respectivamente. Para o polímero foi feita uma equivalência
volume/peso, tendo sido utilizados então 5,0g de pó para 2,5ml de líquido. O
intuito desta equivalência foi diminuir a imprecisão existente em medidas
volumétricas de um pó, devido à variação de compactação deste.
Ao polímero foram
acrescentados os pigmentos já devidamente pesados em balança digital.
Realizava-se então a mistura lenta com o monômero, evitando-se assim a formação
de bolhas.
Na fase plástica da
resina, esta foi condensada na mufla, e a prensagem se deu lenta e
gradativamente, a fim de permitir um bom escoamento, até que as bordas
superior e inferior da mufla se tocassem. De
acordo com Rode11 (1988),
aguardaram-se então doze horas antes de iniciar o ciclo térmico, para
possibilitar a perfeita homogeinização da mistura pela cessão de
desenvolvimento expontâneo de calor da massa manipulada.
O ciclo de polimerização
utilizado foi baseado no ‘ciclo de cura satisfatório’ e o resfriamento
foi baseado no ‘resfriamento satisfatório’, ambos descritos por Phillips8 (1986).
Após a remoção dos
corpos de prova da mufla, estes foram apenas regularizados, arredondando-se as
arestas, sem se fazer, contudo, nenhum tipo de polimento. Como uma prótese facial de resina não deve ser polida para se
assemelhar ao aspecto opaco da pele, julgou-se oportuno não se fazer o
polimento dos corpos de prova que formariam a escala de cores.
Em cada corpo de prova
gravou-se um número numa escala de 1 a 50. Cada número corresponde a uma
mistura diferente de pigmentos, mantendo-se sempre a mesma proporção de pó e
líquido da resina acrílica termopolimerizável.
Todos os pigmentos foram
meticulosamente pesados e as proporções utilizadas anotadas, para que
qualquer corpo de prova da escala possa ser reproduzido com facilidade quando
necessário.
A escala, de cinqüenta
cores, foi dividida em cinco grupos de dez. Em cada grupo de dez, um dos
pigmentos sempre se repetia, variando-se
sua quantidade e agregando-se outros pigmentos a ele ou não nos outros corpos
de prova do mesmo grupo. Ao corpo de prova número 1, entretanto, não foi
agregado nenhum pigmento, tendo sido este corpo de prova o ponto de partida para
a confecção de toda a escala.
Segue abaixo a escala
com os números dos corpos de prova e suas respectivas proporções de pigmentos
(corpo de provas será designado pelo acrônimo CP):
CP - 1 : sem pigmento
CP - 2 : 0,1 grama de
Rosa Pele
CP - 3 : 0,2 gramas de
Rosa Pele
CP - 4 : 0,2 gramas de
Rosa Pele + 0,2 gramas de BO + 0,2 gramas de Marron Caramelo + 0,1 grama de
amarelo Atibaia
CP - 5 : 0,1
grama de Rosa Pele + 0,1 grama de Marron Caramelo
CP - 6 : 0,1 grama de
Rosa Pele + 0,1 grama de Marron
Avermelhado + 0,1 grama de BO
CP - 7 : 0,1 grama de
Rosa Pele + 0,1 grama de Castanho Avermelhado + 0,2 gramas de BO
CP - 8 : 0,1 grama de
Rosa Pele + 0,1 grama de M1 + 0,2 gramas de BO
CP - 9 :
0,2 gramas de Rosa Pele + 0,2 gramas de BO
CP - 10 : 0,1 grama de
Rosa Pele + 0,1 grama de Marron Caramelo + 0,2 gramas de BO
CP - 11 : 0,1
de Rosa Pele + 0,1 grama de Marron Caramelo + 0,1 grama de Rosa Isabel + 0,2
gramas de BO
CP - 12 : 0,1
grama de Marron Caramelo
CP - 13 : 0,2
gramas de Marron Caramelo + 0,2 gramas de BO
CP - 14 : 0,1
grama de Marron Caramelo+ 0,1 grama de M1+ 0,2 gramas de BO
CP - 15 : 0,1
grama de Marron Caramelo + 0,1 grama de Amarelo Atibaia + 0,2 gramas de BO
CP - 16 : 0,2
gramas de Marron Caramelo + 0,3 gramas de BO + 0,3 gramas de AZ1
CP - 17 : 0,2 gramas de
Marron Caramelo + 0,5 gramas de BO + 0,1 grama de Marron Avermelhado + 0,2
gramas de Rosa Pele
CP - 18 : 0,1 grama de
Marron Caramelo + 0,1 grama de Rosa Isabel
CP - 19 : 0,1 grama de
Marron Caramelo + 0,2 gramas de BO+ 0,2 gramas de Rosa Pele + 0,1 grama de AZ1
CP - 20 : 0,2 gramas de
Marron Caramelo + 0,1 grama de Rosa Isabel + 0,2 gramas de BO + 0,1 grama de AM2
CP - 21 : 1,0 grama de PK
+ 0,1 grama de BO
CP - 22 : 1,5 gramas de
PK + 0,1 grama de BO + 0,1 grama de Rosa Pele
CP - 23 : 0,5 gramas de
PK + 0,1 grama de BO + 0,1 grama de Marron Caramelo
CP - 24 : 0,2 gramas de
PK + 0,1 grama de BO + 0,1 grama de AM3
CP - 25 : 0,2 gramas de
PK + 0,1 grama de BO + 0,1 grama de M1
CP - 26 : 0,2 gramas de
PK + 0,1 grama de BO + 0,1 grama de M2
CP - 27 : 0,2 gramas de
PK + 0,1 grama de BO + 0,1 grama de Rosa Isabel + 0,1 grama de
Rosa Pele
CP - 28 : 0,2 gramas de
PK + 0,2 gramas de BO + 0,1 grama de Rosa Pele + 0,1 grama de
Castanho Avermelhado
CP - 29 : 0,3 gramas de
PK + 0,3 gramas de BO + 0,1
grama de Rosa Pele + 0,1 grama de Marron Avermelhado
CP - 30 : 0,3 gramas de
PK + 0,3 gramas de BO + 0,1
grama de AZ1 + 0,1 grama de Rosa
Pele + 0,1 grama de Marron Caramelo
CP - 31 : 0,1 grama de M2
+ 0,1 grama de BO + 0,1 grama de
Marron Avermelhado
CP - 32 : 0,1 grama de M2
+ 0,2 gramas de M1 + 0,1 grama de BO
CP - 33 : 0,2 gramas de
M2 + 0,1 grama de BO + 0,1 grama de Azul de Cobalto + 0,1 grama de Marron
Avermelhado
CP - 34 : 0,2 gramas de
M2 + 0,1 grama de P1+ 0,1 grama de AZ1 + 0,1 grama de Marron Avermelhado
CP - 35 : 0,2 gramas de
M2 + 0,1 grama de PK + 0,1 grama de Marron Caramelo + 0,1 grama de Marron
Avermelhado
CP - 36 : 0,1 gramas de
M2+ 0,1 grama de AM2 + 0,1 grama de Marron Caramelo + 0,1 grama de Marron
Avermelhado
CP - 37 : 0,3 gramas de
M2 + 0,1 grama de P1 + 0,2 gramas de BO + 0,1 grama de Vermelho Cereja
CP - 38 : 0,2 gramas de
M2 + 0,2 gramas de M1 + 0,1 grama de AZ1 + 0,1 grama de AM3
CP - 39 : 0,2 gramas de
M2 + 0,1 grama de P1 + 0,1 grama de AM2 + 0,1 grama de VM3
CP - 40 : 0,2 gramas de
M2 + 0,1 grama de P1 + 0,1 gramas de BO + 0,1 grama de Marron Avermelhado + 0,1
grama de Rosa Isabel
CP - 41 : 0,3 gramas de
AM3 + 0,1 grama de BO
CP - 42 : 0,3 gramas de
AM3 + 0,1 grama de BO + 0,2 gramas de PK
CP - 43 : 0,3 gramas de
AM3 + 0,1 grama de M2 + 0,1 grama de Rosa Pele
CP - 44 : 0,2 gramas de
AM3 + 0,1 grama de Marron Caramelo
CP - 45 : 0,2 gramas de
AM3 + 0,1 grama de M1 + 0,1 grama
de Rosa Pele
CP - 46 : 0,3 gramas de
AM3 + 0,1 grama de BO + 0,1 grama de Castanho Avermelhado
CP - 47 : 0,2 gramas de
AM3 + 0,2 gramas de Rosa Pele + 0,1 grama de Marron Caramelo
CP - 48 : 0,3 gramas de
AM3 + 0,1 grama de BO + 0,1 grama
de Rosa Isabel
CP - 49 : 0,2 gramas de
AM3 + 0,1 grama de BO + 0,1 grama de P1
CP - 50 : 0,2 gramas de
AM3 + 0,1 grama de PK + 0,1 grama
de BO + 0,1 grama de Rosa Isabel
Resultado
Obtivemos uma escala de
cores bastante abrangente, já modificadas pelo ciclo de cura, uma vez que foram
submetidas às mesmas condições a que uma prótese é submetida.
Discussão
Rode11 (1988) nos forneceu embasamento para os experimentos,
pois a biocompatibilidade é fundamental na utilização de materiais para próteses
reconstrutoras. Também neste contexto o trabalho de Rezende & Bancher9
(1978) nos auxiliou, pois no teste das resinas quanto à sensibilidade cutânea,
não houve reação de hipersensibilidade, o que reforçou nossa idéia de a
utilizarmos com segurança como material reconstrutor.
Apesar do uso crescente
dos silicones, Roberts10
(1966) reforçou a defesa do uso de materiais rígidos como materiais
reconstrutores, citando as seguintes vantagens: estabilidade de forma,
tonalidade básica de pele satisfatória, facilmente modificada por tintas e
corantes, fáceis de limpar e fáceis de se ligar quimicamente a outros plásticos.
A maioria das prótese construídas em seu país era em materiais rígidos
devido a sua boa coloração.
Vários autores reforçaram
a nossa idéia de que o maior problema do reabilitador é conseguir reproduzir a
cor exata da pele do paciente. Tashma13
(1967) afirmou que o problema de se matizar esteticamente as cores de uma prótese
facial é tão difícil quanto a confecção propriamente dita. Ao invés de
usar os pigmentos ou corantes diretamente sobre o material da prótese, ele
preconizou uma ‘diluição’ destes corantes. Foi feita uma dispersão
uniforme dos corantes em uma grande quantidade de massa de pó seca e inerte.
Ele acreditava que o melhor veículo para esta dispersão fosse o pó da resina
acrílica (polímero). Desse modo a quantidade de corante concentrado
utilizado para a prótese era bem pequena, permitindo uma boa coloração,
satisfazendo bem as necessidades de tonalidades diferentes e diminuindo muito
os riscos de possível toxicidade. A variação de cores era ilimitada.
Fonseca6 (1966) caracterizou a coloração como detalhe técnico-artístico
de grande desafio aos reabilitadores. Reproduzir exatamente o matiz, o tom e
as nuances é tarefa difícil, além do que se observam variações cromáticas
segundo a natureza da luz, a temperatura ambiente e a região anatômica. A soma
das variações físicas e biológicas empresta à pele a coloração
normalmente observada. O método que tenta reproduzir estas variações é o da
coloração intrínseca. Os materiais utilizados na confecção das próteses
faciais devem ser translúcidos, pois a epiderme também possui esta
propriedade óptica. Mencionou-se também a coloração extrínseca que é
utilizada como um retoque na prótese.
Clarke2 (1941) acreditava que a escolha da cor era um obstáculo
a se vencer, exigindo para tal experiência no uso de corantes e pigmentos.
Dentro de nossa
filosofia de que uma escala de cores de pele é de grande utilidade,
apresentamos alguns autores que de algum modo corroboraram com este
pensamento.
Duncan & Rommerdale3
(1980) acreditavam em uma coloração intrínseca precisa e reproduzível por
duplicação de amostras pré-fabricadas, de composição conhecida.
Fine et al.5 (1978) nos apresentaram várias vantagens de se utilizarem
escalas de cores pré-fabricadas: diminuição do tempo gasto na seleção de
uma cor aceitável; menor desperdício de material, uma vez que a seleção e a
mistura são mais disciplinadas e controladas do que através do método de
tentativa e erro; a coloração extrínseca é usada apenas para modificações
mínimas e não para correção do tom de pele, conseqüentemente a aparência
é mais natural; a reprodução de qualquer cor selecionada é facilmente
repetida uma vez que não depende de memória e sim da fórmula já existente. A
única desvantagem vista pelas autores era o tempo gasto na composição das fórmulas
e guias de coloração. Apesar de bastante trabalhoso, ainda assim era
compensatório.
Mesmo divergindo dos
materiais e métodos utilizados por Ma et al.7
(1988) para utilização de um teste de coloração antes da prensagem final de
uma prótese, julgamos válido descrever este teste. Um retângulo de cera com
diferentes texturas e espessuras foi esculpido e incluído em mufla e
contra-mufla. Depois de eliminada a cera, o material colorido era inserido e
polimerizado. O material-teste era então comparado com a tonalidade de pele
do paciente. Qualquer correção poderia ser feita antes da prensagem final da
prótese.
Waghorn14 (1969) preconizou a confecção de peças de amostra
em resina acrílica termoativada, em presença do paciente. Uma vez obtida a cor
desejada, esta amostra seria então cuidadosamente catalogada, evitando-se
assim as repetições. As amostras eram obtidas da seguinte maneira: manipulação
da resina e corantes junto ao paciente até se obter a cor aproximada; em uma
mufla especial, construída para este fim, o material era inserido e feita a
sua prensagem; a polimerização era obtida deixando-se o material em ebulição
por 15 minutos; retirava-se então a mufla da água, deixando um descanso de 3
minutos antes de colocá-la em água fria; após resfriada, a mufla então era
aberta e as amostras retiradas e comparadas com a pele do paciente.
O experimento deste
autor nos foi de grande auxílio e inspiração, mas fizemos algumas modificações
que julgamos fundamentais como por exemplo a não necessidade do paciente estar
presente para a escolha do tom desejado durante a confecção das amostras. Este
se submeteria ao teste de escolha já com uma escala de cores pronta. No caso de
não se encontrar uma amostra satisfatória, escolher-se-ia a mais semelhante
possível e esta seria passível de modificações. Outra modificação feita
por nós foi quanto ao ciclo de cura. Preferimos utilizar aquele considerado
como ‘satisfatório’ por Phillips8
(1986), por acreditar que o ciclo usado por Waghorn14 (1969) não permitiria a confecção de uma amostra
precisa e sim de qualidade duvidosa, conseqüentemente afetando a confecção da
prótese definitiva.
Somos totalmente acordes
com Fine4 (1978) que o método
de tentativa e erro para combinar as cores só funciona bem para indivíduos
experientes e que uma escala de cores pré-fabricada agilizaria o trabalho de confecção de próteses faciais. Para tanto
nos dispusemos à criação desta escala, que acreditamos ser de auxílio não só
para indivíduos iniciantes mas como também para os mais experientes.
Concordamos com Saleski12
(1972) que a luz natural, ou seja, a luz do dia, é a melhor fonte de luz para
se discriminar bem as nuances de cor. Isto é válido para qualquer material
reconstrutor ou pigmento utilizado.
Uma observação feita
por Duncan & Rommerdale3
(1980) vem de encontro à nossa idéia quanto ao método que utilizamos para
proporcionar os pigmentos utilizados na coloração do material: a utilização
de medidas volumétricas para os pigmentos em pó leva a variações notáveis
na composição de escalas de cor devido à diferença de compactação destes pigmentos. Esta variação pode ser eliminada
utilizando-se a pesagem dos pigmentos como medida ao invés do volume.
De observações feitas
por alguns autores, tais como Fine4
(1978), Ma et al.7 (1988)
e Waghorn14 (1969) e de
nossas próprias observações podemos deduzir que a escala cromática de tons
de pele além de facilitar a definição da tonalidade de pele do paciente
quando da confecção de próteses faciais, ela permite prevenir o desperdício
de material, uma vez que de antemão poder-se-á prever a quantidade necessária
e a cor que resultará da mistura correta deste material.
Conclusão
Pela metodologia
empregada foi possível criar uma escala cromática de tons de pele em resina
acrílica termopolimerizável;
A
escala cromática de tons de pele, desenvolvida com resina acrílica
termopolimerizável, facilitará a definição do tom de pele do paciente quando
da confecção de próteses faciais, além de permitir uma economia de tempo e
material no momento da seleção da cor.
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Resumo de Dissertação de mestrado - Área de Prótese Buco-Maxilo-Facial
Faculdade de Odontologia da UNESP - São José dos Campos - SP
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