Traumatismo dos dentes decíduos
Traumatismo dos dentes decíduos Maria Olívia Pedrosa Valli
As lesões traumáticas nos dentes decíduos anteriores são comuns e esta freqüência é progressiva à medida que a criança, aprendendo a andar e a correr, apresenta sua coordenação e sua capacidade de decisão parcialmente desenvolvidas. As lesões traumáticas devem ser consideradas sempre como um caso de emergência, e devem ser tratadas imediatamente, para evitar a dor e melhorar o prognóstico7,15. A sua incidência varia de 4% a 30%. A causa mais comum é devido a quedas. Galea17 encontrou 71% dos casos envolvendo o incisivo central superior. Estes foram três vezes mais freqüentes que o incisivo lateral superior. Esses traumas apresentam um grande desafio para os dentistas, não somente no manejo do comportamento do pequeno paciente, mas exigindo conhecimento técnico, científico e bom senso para se realizar um diagnóstico correto e poder determinar um tratamento mais eficiente. Quanto ao tipo de lesões, estas divergiram em vários estudos, tendo a intrusão sido a mais freqüente para uma pequena maioria. Para Bijella11 a subluxação com mobilidade e sem deslocamento foi o tipo de traumatismo mais encontrado. A estreita proximidade das duas dentições expõe o dente permanente às lesões traumáticas, ocorridas ao decíduo correspondente, provocando diferentes possibilidades de distúrbios locais. Nessa revisão de literatura tem-se por objetivo contribuir de forma clara e precisa para o conhecimento do odontopediatra sobre os traumatismos na dentição decídua, incluindo suas incidências, tipos diferentes de classificações usadas, etiologia, diagnóstico, métodos de tratamento, seu acompanhamento e possíveis seqüelas. Diagnóstico e documentação dos traumatismos devem incluir o tempo decorrido desde o acidente, as medidas que foram tomadas imediatamente após o trauma, a indicação da vacina anti-tetânica ou outros medicamentos e a determinação da necessidade de se transferir o paciente para outros profissionais. Usaremos a classificação adotada por Vono e colaboradores49 onde eles classificam a dentição decídua em Classe XI com suas subdivisões iguais as dos dentes permanentes. Uma mesma injúria pode ocasionar resultados distintos nos dentes, e o tratamento, frente a esses quadros, pode variar de um simples acompanhamento à procedimentos restauradores complexos. Para se obter um tratamento adequado, muitos fatores devem ser considerados, tais como: tipo, direção e a severidade do trauma, o tempo decorrido desde a ocorrência da lesão, a maturidade do dente e se há ocorrência ou não de fratura coronária e/ou do osso alveolar. Toda criança relacionada com injúria traumática do dente decíduo é muito mais importante do que seu próprio dente. O envolvimento do germe do dente permanente é também mais importante do que o dente decíduo traumatizado. Em todos os casos os pais devem ser informados completamente das opções de tratamentos e seus respectivos prognósticos17. Em um artigo8 foi relatado um caso onde mostrou-se a complexidade de problemas encontrados pelo dentista com o resultado de trauma severo na dentição decídua. e suas conseqüências na dentição permanente. A combinação de variadas conseqüências desenvolvidas, causadas pela lesão traumática na dentição decídua, freqüentemente requer originalidade no tratamento do problema, bem como um acompanhamento multidisciplinar.
Monografia
apresentada pela aluna Maria Olívia Pedrosa Valli ao curso de especialização
em Odontopediatria promovido pela FUNBEO - Fundação Bauruense de Estudos Odontológicos,
para obtenção do título de Especialista.
UNIVERSIDADE
DE SÃO PAULO FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU DEPARTAMENTO DE ODONTOPEDIATRIA
BAURU
1997
SUMÁRIO
RESUMO
1
INTRODUÇÃO
2
REVISÃO DE LITERATURA
2.1
OCORRÊNCIA
2.1.1
INCIDÊNCIA GERAL
2.1.2
COM RELAÇÃO AO ARCO DENTÁRIO E OS DENTES
2.1.3
COM RELAÇÃO AO SEXO E IDADE
2.1.4
COM RELAÇÃO AO TIPO DE TRAUMATISMO
2.2
CLASSIFICAÇÃO
2.3
ETIOLOGIA
2.4
DIAGNÓSTICO
2.4.1
ANAMNESE
2.4.2
EXAME CLÍNICO
2.4.2.1
MOBILIDADE
2.4.2.2
REAÇÃO À PERCUSSÃO
2.4.2.3 TIPO DE TRAUMATISMO
2.4.2.4
REAÇÃO AOS TESTES DE VITALIDADE PULPAR
2.4.2.5
OCLUSÃO
2.4.3
EXAME RADIOGRÁFICO
2.5
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO
2.6.. COMPLICAÇÕES PULPARES E PERIODONTAIS
APÓS TRAUMA
DE DENTES DECÍDUOS
2.7
EFEITO DA PERDA PREMATURA DOS DENTES DECÍDUOS
3
DISCUSSÃO
3.1
EFEITOS NOS SUCESSORES PERMANENTES EM DESENVOLVIMENTO
3.1.1
NATUREZA DAS LESÕES
3.1.1.1
HIPOPLAS
3.1.1.2
DILACERAÇÃO DA COROA
3.1.1.3 MAL FORMAÇÃO EM FORMA
DE ODONTOMA
3.1.1.4
DUPLICAÇÃO RADICULAR DO DENTE PERMANENTE
3.1.1.5
ANGULAÇÃO RADICULAR VESTIBULAR
3.1.1.6
ANGULAÇÃO OU DILACERAÇÃO RADICULAR LATERAL
3.1.1.7
PARALIZAÇÃO PARCIAL OU COMPLETA DA FORMAÇÃO RADICULAR
3.1.1.8
SEQUESTRO DO DENTE PERMANENTE
3.1.1.9
DISTÚRBIOS DE ERUPÇÃO
3.2
SEM ALTERAÇÕES NOS DENTES PERMANENTES
4
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1
INTRODUÇÃO
O traumatismo dentário, na época da dentição decídua, constituem um problema
freqüente, de alta incidência, e com dificuldades em preveni-lo. Entretanto,
muitas das lesões dentárias ocasionadas por acidentes não são examinados pelos
dentistas, porquanto na grande maioria são aparentemente de pequena repercussão.
Somente traumas de maior mutilação são encaminhados, tratados e acompanhados
pelos profissionais odontopediátricos e clínicos.
Quanto mais jovem as crianças mais susceptíveis a estes acidentes traumáticos,
tornando assim um desafio para o profissional, pois não somente requer um perfeito
manejo no comportamento do pequeno paciente, neste momento, como também conhecimento
técnico, científico e bom senso para se realizar um diagnóstico correto e poder
determinar um tratamento mais eficiente. A perda ou fratura de dentes
anteriores é um problema dental que provoca grande impacto emocional e constitui
experiência dramática para todos.
Nessa revisão de literatura tem se por intenção contribuir de forma clara
e precisa ao conhecimento do odontopediatra e do clínico geral sobre os traumatismos
na dentição decídua, incluindo suas incidências, tipos diferentes de classificações
usadas, etiologia, diagnóstico, métodos de tratamento, seu acompanhamento e
possíveis seqüelas.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1
OCORRÊNCIA
2.1.1
INCIDÊNCIA GERAL
Os números encontrados em estudos, refletem parcialmente a realidade
das lesões traumáticas, já que muitas lesões não são tratadas ou diagnosticadas
pelo profissional7.
Lesões traumáticas na dentição decídua tem um ocorrência comum, dependendo
da Localização e o tipo de Estudo17.
Bijella e colaboradores11 num estudo de casa em casa mostraram
uma ocorrência de 30,2% de injúrias no dente decíduo, nos quais está perto dos
achados de outros investigadores3,27 .
2.1.2
COM RELAÇÃO AO ARCO DENTÁRIO E AOS DENTES
A maioria das lesões traumáticas envolvem o arco superior especialmente
os incisivos centrais, embora os incisivos laterais superiores e incisivos inferiores
são envolvidos com menor freqüência3,8,27,30.
As crianças com incisivos protrusivos, como nas maloclusões classe II
em desenvolvimento, tem 3 vezes mais possibilidade de sofrer traumatismos dentais
que os outros com transpasse horizontal normal entre os incisivos9,30.
2.1.3
COM RELAÇÃO AO SEXO E IDADE
A freqüência quanto ao sexo revela diferenças não significativas entre
meninos e meninas, em concordância entre os autores3,7,18,40, embora
Selliseth42 afirma que a partir de 1 ano os meninos mostram maior
índice de traumatismo do que as meninas.
Bijella11 mostra que injúria traumática no dente decíduo pode
ocorrer tão cedo como 5 meses de idade e que o grupo de 10 a 24 meses de idade
mostra uma taxa mais alta.
A freqüência quanto a idade revela que a maioria dos autores observaram
essas injúrias entre 12 a 36 meses 23,35,37,46. Andreasen e Ravn3
diz que a idade mais acometida é dos 28 meses aos 4 anos; para Garciá Godoy18
é entre 7 e 24 meses; para Sánchez et al40 aos 48 meses; para Selliseth42
é de 24 a 48 meses.
Garciá-Godoy disseram que “... as maiores lesões dentárias traumáticas
ocorrem em crianças mais jovens, provavelmente porque as crianças estão ganhando
mobilidade e independência, mais ainda lhe faltam coordenação e julgamento.”9
2.1.4
COM RELAÇÃO AO TIPO DE TRAUMATISMO
Quanto ao tipo de lesões, estas divergiram em vários estudos, tendo a
intrusão sido a mais freqüente para uma pequena maioria9,35,42. Outros
estudos relataram a dominância para a luxação3,7 .
A fratura não é um tipo de lesão muito comum na dentição decídua, pois,
sendo o osso mais flexível nessa faixa etária, os traumatismos afetam especialmente
os tecidos de suporte, provocando as luxações e subluxações1, sendo
que as intrusões correspondem a 62% desta injúria segundo Andreasen7
. Isto ocorre devido a maior plasticidade do osso nas crianças mais jovens,
permitindo um deslocamento do dente com maior facilidade, o que não se observa
na dentadura permanente onde a maior resistência oferecida faz com que o dente
ao invés de se deslocar sofra fraturas. Outros autores18,40, encontraram
o sangramento pulpar como a injúria mais freqüente. Jacobsen e Sangnes22
relatam que é a subluxação a mais freqüente em seus dados. Para Bijella11
a subluxação com mobilidade e sem deslocamento foi o tipo de traumatismo mais
encontrado.
2 CLASSIFICAÇÃO
As lesões dentárias tem sido classificadas de acordo com uma variedade
de fatores, tais como a etiologia, anatomia, patologia ou terapêutica7.
A classificação elaborada por Ellis16 inicialmente em 1945
e com pequenas modificações posteriores, detalhou os traumas dentais em oito
tipos distintos para os dentes anteriores permanentes e um tipo para anteriores
decíduos:
- Classe 1 - Fratura simples da coroa envolvendo pouca ou nenhuma dentina;
- Classe 2 - Fratura extensa da coroa envolvendo grande parte da dentina,
mas não a polpa dentária;
- Classe 3 - Fratura extensa da coroa envolvendo grande quantidade de
dentina e com exposição pulpar;
- Classe 4 - O dente traumatizado perde a vitalidade pulpar, com ou sem
perda de estrutura coronária;
- Classe 5 - O traumatismo resulta em perda;
- Classe 6 - Fratura da raiz com ou sem perda da estrutura coronária;
- Classe 7 - Deslocamento do dente sem fratura da coroa e da raiz;
- Classe 8 - Fratura em massa da coroa e sua substituição;
- Classe 9 - Traumatismo
dos dentes decíduos, que se subdivide em:
divisão 1: Fraturas
( a: coroa / b: raiz)
divisão 2: Deslocamentos
(a: intrusão / b: avulsão)
A World Health Organization52 - W.H.O. (Organização Mundial
de Saúde/ O.M.S.) em 1970, preconizou uma classificação que abrangia não só
as lesões de tecido dentário, bem como as de tecidos moles e de suporte, na
cavidade bucal expostos a seguir:
- Lesão
do tecido dentário duro:
- Fratura incompleta da coroa ( Trinca coronária)
- Fratura coronária simples
- Fratura coronária complicada
- Fratura coronorradicular simples
- Fratura coronorradicular complicada
- Fratura radicular
- Lesão no tecido periodontal:
- Concussão
- Subluxação
- Intrusão
- Extrusão
- Lateroversão
- Avulsão
- Lesão no tecido ósseo:
- Fratura da parede alveolar
- Fratura do processo alveolar
- Fratura da maxila e mandíbula
- Lesão do tecido mole:
- Lesão da gengiva ou mucosa oral
- Laceração da gengiva ou mucosa oral
- Contusão da gengiva ou mucosa oral
- Abrasão da gengiva ou da mucosa oral
A classificação elaborada por Andreasen7 é baseada no sistema
adotado pela Organização Mundial de Saúde, em sua classificação internacional
de enfermidades, aplicada à Odontologia e Estomatologia, 1969. Com o propósito
de perfeição, contudo, foi sentido a necessidade de classificar e definir certas
entidades de trauma não incluídas no sistema OMS. A classificação seguinte inclui
lesões em dentes, na estrutura de suporte, nas gengivas e na mucosa oral e está
baseada primordialmente nas considerações anatômicas e terapêuticas. Pode ser
aplicada em ambas as dentições.
Lesões dos tecidos duros dentários e da polpa
- Fratura incompleta (Trinca coronária)
*N 873.70. Uma fratura incompleta do esmalte, sem perda de substância
dentária.
- Fratura coronária não complicada
*N 873.71. Uma fratura confinada ao esmalte ou envolvendo esmalte e dentina,
mas sem exposição pulpar.
- Fratura coronária complicada
*N 873.72. Uma fratura que envolve esmalte e dentina, e expõe a polpa.
- Fratura coronorradicular não complicada
*N 873.74. Uma fratura que envolve o esmalte, dentina e cemento, mas
não expõe a polpa.
- Fratura coronorradicular complicada
*N 873.74. Uma fratura que envolve o esmalte, dentina e cemento, e expõe
a polpa.
- Fratura da raiz.
*N 873.73. Uma fratura que envolve a dentina, cemento e polpa.
Lesões dos tecidos periodontais:
- Concussão
*N 873.75. Uma lesão das estruturas de suporte do dente, sem mobilidade
ou deslocamento anormais do dente, mas com marcante reação à percussão.
- Subluxação
*N 873.75. Uma lesão das estruturas de suporte do dente com mobilidade
anormal, mas sem deslocamento do dente.
- Luxação intrusiva
*N 873.76. Um deslocamento do dente para dentro do osso alveolar. Essa
injúria é acompanhada por diminuição ou fratura da cavidade alveolar.
- Luxação extrusiva
*N 873.77. Um deslocamento parcial do dente de seu alvéolo.
- Luxação Lateral
*N 873.75. Um deslocamento do dente em direção diferente à axial. Essa
injúria é acompanhada por diminuição ou fratura da cavidade alveolar.
- Avulsão completa (Exarticulação)
*N 873.78. Um deslocamento completo do dente para fora do alvéolo.
Lesões do osso de sustentação:
- Diminuição da cavidade alveolar
*N 802.20. Md / N 802.40 Mx. Uma compressão da cavidade alveolar. Se
apresenta acompanhada de luxação intrusiva ou lateral.
- Fratura da parede alveolar
*N 802.20. Md / N 802.40. Mx. Uma fratura confinada à parede do alvéolo
vestibular ou lingual.
- Fratura do processo alveolar
*N 802.20. Md / N 802.40 Mx. Uma fratura do processo alveolar que pode
ou não envolver o alvéolo do dente.
- Fratura da mandíbula ou maxila
*N 802.21. Md / N 802.42 Mx. Uma fratura que envolve a base da mandíbula
ou maxila e freqüentemente o processo alveolar. A fratura pode ou não envolver
o alvéolo do dente.
Lesões da gengiva e mucosa oral:
- Laceração da gengiva ou da mucosa oral
* N 873.7. Uma ferida superficial ou profunda na mucosa resultante de
um ferimento e geralmente produzida por um objeto agudo.
- Contusão de gengiva ou da mucosa oral
*N 920.X1. Um golpe geralmente produzido por impacto de um objeto rombo
e sem rompimento da mucosa, causando geralmente uma hemorragia submucosa.
- Abrasão da gengiva ou da mucosa oral.
*N 910.X1. Uma ferida superficial da gengiva ou da mucosa oral., produzida
por raspagem ou afastamento da mucosa que deixa uma superfície áspera e sangrante.
Como proposto por Vono e colaboradores48,49 em 1977, os traumatismos
dentais que envolvem a dentadura decídua estão todos agrupados na classe XI,
sendo:
Fratura coronária simples - (classe I para permanentes)
Fratura coronária extensa, atingindo dentina sem exposição pulpar - (Classe
II - permanentes)
Fratura coronária extensa atingindo dentina com pequena exposição pulpar
- (Classe III - permanentes)
Fratura coronária extensa atingindo dentina com grande exposição pulpar
- (Classe IV - permanentes)
Trinca coronária visível, sem perda de estrutura dentária - (Classe V
- permanente)
Luxação do dente - (Classe VI - permanente)
Intrusão do dente - (Classe VII - permanente)
Extrusão do dente - (Classe VIII - permanente)
Deslocamento total do dente - (Classe IX - permanente)
Fratura radicular com ou sem fratura coronária do terço apical , do terço
médio e do terço cervical - (Classe X - permanente)
O ferimento traumático do dente da criança quase sempre
vem acompanhado de alterações nos tecidos moles que podem ser:
Laceração da gengiva ou mucosa oral - é um ferimento raso ou profundo
na mucosa resultante de um corte e geralmente ocasionado por um objeto pontudo.
Contusão da gengiva ou mucosa oral - este geralmente é resultante do
impacto com objetos sem ponta e não ocorre sangramento da mucosa, mas uma hemorragia
submucosa.
Abrasão da gengiva ou mucosa oral - é um ferimento superficial produzido
pelo atrito na mucosa, levando a um ferimento com superfície cruenta e sangrante.
2.3
ETIOLOGIA
As lesões dentárias são pouco freqüente durante o primeiro ano de vida,
mas podem ocorrer, por exemplo, devido a uma queda do bebê do berço ou do colo
da mãe. As lesões aumentam quando a criança, inicia seus movimentos e é progressiva
a medida que começa a caminhar e correr, pois não possui experiência, equilíbrio
e coordenação dos movimentos7.
Bijella10 apresenta os resultados de um inquérito domiciliar
que levantou as causas e seqüelas dos traumatismos em incisivos decíduos de
crianças na faixa etária de 10 a 72 meses. Os dados obtidos demonstram que as
quedas15 foram a causa mais freqüente (68,15%).
A natureza dos fatores etiológicos reduz bastante a possibilidade de
implantar medidas profiláticas. Entre estas, já foi citada a correção ortodôntica
da protusão dos incisivos superiores. Nos brinquedos e nos esportes, a prevenção
dos traumatismos dentários é a própria prevenção dos traumatismos em geral,
e situa-se fora da área odontológica45.
Crianças com protrusão dos incisivos centrais superiores e selamento
labial insuficientes são mais susceptíveis aos traumatismos dentários, e sendo
cinco vezes mais freqüentes nestas do que em crianças com oclusão norma9,47.
Outra possível causa de injúrias são os acidentes de carro, quando as
crianças desprovidas de segurança, são atingidas durante paradas bruscas ou
colisões. Consequentemente vemos lesões ao osso de sustentação, tecidos moles
e dentes7.
É importante ressaltar que as lesões traumáticas não acidentais, caracterizam
crianças da “síndrome da criança mal tratada”. Nesse grupo de crianças, pelo
menos 50% sofrem lesões na cabeça e no pescoço. Esse tipo de agressão é geralmente
por golpes dados na boca para fazer calar a criança que chora ou grita 7,25,29,47.
Quanto aos mecanismos das lesões dentárias, para Andreasen7
e Bennett9 podem ser resultado de traumatismos diretos ou indiretos.
Diretos quando a injúria atinge o dente em primeiro plano, como uma queda contra
o solo e atinge os dentes da região anterior. Os indiretos se referem ao fechamento
abrupto dos maxilares atingindo os dentes ântero-superiores de forma secundária.
Nestes casos há uma tendência maior para fraturas de dentes posteriores ou côndilos.
Os fatores que determinam o tipo das lesões resultantes são5:
- A força do golpe, resultante do somatório da massa e velocidade. Por
exemplo, a queda ao solo tem baixa velocidade e grande massa, resultando em
dano maior as estruturas periodontais de sustentação e menor incidência de fraturas;
- A elasticidade do objeto da injúria, permitindo que o lábio atue como
receptor das forças, reduzindo a probabilidade de fratura e aumentando o risco
de luxação e fratura alveolar;
- Forma do objeto da injúria, ou seja, aguda ( resultando em fratura
dentária da coroa ) ou obtusa ( com repercussão apical da força, pois aumenta
a área da resistência e resulta em luxação ou fratura radicular);
- Ângulo direcional da força de impacto, perpendiculares ao eixo longitudinal
da raiz ( promovendo linhas perpendiculares de separação ) ou frontais, que
resultam em fraturas horizontais ou oblíquas de coroa e/ ou raiz ). Os golpes
frontais inclinam a coroa no sentido lingual apenas deslocando o dente. Se o
osso e o ligamento periodontal resistirem ao deslocamento, a superfície da raiz
é forçada contra o osso alveolar cervical e apicalmente. Como a resistência
a tensão e a fratura são muito menores que a força de compressão, se formam
linhas de fraturas entre as forças opostas e a raiz se fratura ao longo do plano
formado. Pode ocorrer uma força horizontal, a nível cervical e o dente que esta
bem retido no alvéolo, apresentará forças de tenção não tão fortes como no caso
anterior e ocorrerá uma típica fratura no local, com rompimento horizontal.
As fraturas oblíquas de coroa e raiz ocorrem ao longo das forças de compressão.
Se as forças não forem suficientemente fortes, ocorre uma fratura horizontal
rodeadas de linhas irradiadas de fraturas. A direção dos prismas de esmalte
determinam o trajeto da linha de fratura no esmalte, que é mais frágil na direção
paralela e na dentina em direção perpendicular aos canalículos dentinários.
2.4
DIAGNÓSTICO
As lesões traumáticas devem ser consideradas sempre como um caso de emergência,
e devem ser tratadas imediatamente para evitar a dor e melhorar o prognóstico7,15.
Fried e Erickson17 relatam que, um diagnóstico cuidadoso e
documentação do caso é o primeiro passo no tratamento de todas as lesões traumáticas.
Este procedimento pode ser feito rapidamente, mas deve ser cuidadoso, de uma
maneira completa e passo a passo como descrita no quadro abaixo:
_______________________________
___________PASSOS_____________
1.
História
Geral e Odontológica
2.
Avaliação
Neurológica
3.
Exame
Clínico da cabeça e pescoço
4.
Exame
Oral
a.
Tecidos
Moles
b.
Tecidos
Duros
5.
Exame Radiográfico
6.
Documentação
Fotográfica
_______________________________
A importância deste procedimento é freqüentemente despercebido ou ignorado
por muitos dentistas.
Diagnóstico e documentação do caso devem incluir o tempo decorrido desde
o acidente, que medidas foram tomadas imediatamente após o trauma, a indicação
de vacina anti-tetânica ou outros medicamentos e a determinação da necessidade
de transferir o caso para outros profissionais.
Registros bem documentados são necessários nestes casos, porque dentes
traumatizados poderão tornar-se sintomáticos anos mais tarde.
O uso de fotografias, pré-operatória e pós-operatória, se torna uma prática
comum, para fins de documentação. Toda documentação deve ser mantida para possíveis
reivindicações de seguros e judiciais.
Quando um paciente se apresenta a um profissional após o trauma dental,
todo o complexo cranio-facial deve ser avaliado, de uma maneira rápida, como
parte do exame inicial. Porque um diagnóstico precoce de lesões neurológicas
é crucial para a prevenção de uma subsequente morbidade.
Um exame clínico completo da cabeça e região do pescoço deve ser realizado.
Ferimentos extra-orais, como contusão, lacerações ou abrasões devem ser avaliados
e tratados, se necessário. Depois, movimentos mandibulares, dor e presença de
desvios devem ser checados. Se algumas dessas situações forem encontradas, fraturas
mandibulares podem ser consideradas e devem ser avaliadas radiograficamente.
Um exame oral se começa com uma verificação rápida de todo o tecido mole
da boca e garganta. Se sangramento ou coágulos interferem na visualização, a
área deve ser limpa com gazes umedecidos. Se um ferimento do tecido mole está
presente e uma parte do dente não se encontra, o ferimento deve ser limpo, apalpado
e verificado com suplementação radiográfica para assegurar que o corpo estranho
suspeito não está presente no tecido mole17.
2.4.1
ANAMNESE
Para se obter um diagnóstico preciso das prováveis seqüelas da lesão
traumática, um exame criterioso deve ser realizado. Se o paciente foi traumatizado
há poucos minutos do exame, a anamnese pode ser iniciada durante a limpeza cuidadosa
de seu rosto com uma solução detergente suave. As seguintes perguntas deverão
ser feitas ao responsável do paciente, após sua identificação7,30:
A) Quando ocorreu o acidente?
O fator tempo, decorrido entre o acidente e o atendimento, deve ser considerado,
uma vez que em função deste instituir-se-á o tratamento imediato ou tardio.
B) Onde ocorreu o acidente?
Dependendo do local de ocorrência do acidente (terra, barro, água poluída)
e a presença de lesões cruentas, deve ser avaliada a necessidade da instituição
de uma profilaxia tetânica.
A mãe deve ser interrogada se a criança está com a carteira de vacinação
em ordem, pois nesta fase a profilaxia do tétano é dada pela vacina tríplice.
C) Como ocorreu o acidente?
O tipo de acidente pode revelar informações valiosas sobre o tipo de
injúria a ser esperada, por exemplo, um sangramento no queixo pode levar a suspeita
de uma fratura mandibular e/ou fraturas coronário-radiculares na região dos
molares. Inúmeros são os acidentes relatados onde a criança tenha caído com
um objeto na boca como chupeta ou brinquedo, causando nestes casos, quase sempre
o deslocamento dos dentes.
É importante saber se por ocasião da queda a criança bateu a cabeça indagando
e observando sinais que indiquem alterações neurológicas como: amnésia, inconsciência,
náusea ou vômito; sangramento do nariz/ouvido; andar cambaleante; dor de cabeça;
letargia; visão dupla. Na ocorrência de qualquer um destes fatores a criança
deve ser encaminhada imediatamente ao neurologista.
D) Registro de acidentes prévios nos dentes atingidos
Saber se é a primeira vez ou não que o dente sofreu um traumatismo é
importante uma vez que dentes que tenham sido injuriados repetidas vezes podem
ter alterados os testes de vitalidade pulpar bem como a capacidade de reparação
do tecido pulpar7.
2.4.2
EXAME CLÍNICO
Em pacientes, muito jovens, tem sido sugerido que o responsável esteja
sentado em uma cadeira com a criança em seu colo de frente para si, e o dentista
se posicionaria sentado por trás da criança, colocando sua cabeça no colo enquanto
o responsável segura os braços e pernas da criança. Desta forma, na posição
chamada “joelho a joelho” é possível realizar os devidos procedimentos que estão
relacionados abaixo7:
- Exploração das feridas extra-orais e palpação do esqueleto facial;
- Exploração das lesões da mucosa oral ou da gengiva;
- Exame das coroas dentárias;
- Exploração dos dentes deslocados;
- Observar as anormalidades na oclusão;
- Observar mobilidade anormal dos dentes ou fragmentos alveolares;
- Palpação do processo alveolar;
- Reação à percussão;
- Reação à provas de vitalidade.
O grau de cooperação do paciente e a extensão da injúria vão determinar
os procedimentos realmente necessários.
2.4.2.1
MOBILIDADE
Em todo dente traumatizado a mobilidade anormal deve ser testada tanto
no sentido horizontal como no axial.
O rompimento do suprimento vascular para a polpa pode ser esperado em
dentes com mobilidade axial alterada.
Através deste exame pode-se avaliar também se há fratura alveolar, sendo
um típico sinal desta, a mobilidade do dente adjacente, quando se está testando
o dente traumatizado.
A verificação de fraturas radiculares podem ser feitas com a colocação
de dedo contra a mucosa alveolar vestibular e movimentando levemente a coroa.
Se esta apresentar movimento patológico somente da porção coronária, indica
fratura radicular.
Deve-se lembrar, ao fazer este exame, que em estágios iniciais de erupção
bem como os dentes decíduos em processo de rizólise apresentam mobilidade aumentada,
porém fisiológica28.
2.4.2.2
REAÇÃO À PERCUSSÃO
Este exame tem a finalidade de avaliar injúrias aos ligamentos periodontais.
Com o cabo de um espelho bucal percute-se levemente o dente no sentido horizontal
e vertical. Quando os ligamentos periodontais foram lesionados a resposta ao
teste é a dor. A percussão em dentes não lesados é o controle para este teste28.
2.4.2.3
TIPO DE TRAUMATISMO
Ao exame clínico do paciente com traumatismo dental e de posse dos exames
complementares é possível se identificar o tipo de traumatismo, para que o tratamento
adequado possa ser estabelecido28.
Como proposto por Vono e colaboradores48,49 em 1977, os traumatismos
dentais que envolvem a dentadura decídua estão todos agrupados na classe XI,
sendo:
Fratura coronária simples - (classe I para permanentes)
Fratura coronária extensa, atingindo dentina sem exposição pulpar - (Classe
II - permanentes)
Fratura coronária extensa atingindo dentina com pequena exposição pulpar
- (Classe III - permanentes)
Fratura coronária extensa atingindo dentina com grande exposição pulpar
- (Classe IV - permanentes)
Trinca coronária visível, sem perda de estrutura dentária - (Classe V
- permanente)
Luxação do dente - (Classe VI - permanente)
Intrusão do dente - (Classe VII - permanente)
Extrusão do dente - (Classe VIII - permanente)
Deslocamento total do dente - (Classe IX - permanente)
Fratura radicular com ou sem fratura coronária do terço apical , do terço
médio e do terço cervical - (Classe X - permanente)
O ferimento traumático do dente da criança quase sempre
vem acompanhado de alterações nos tecidos moles que podem ser:
Laceração da gengiva ou mucosa oral - é um ferimento raso ou profundo
na mucosa resultante de um corte e geralmente ocasionado por um objeto pontudo.
Contusão da gengiva ou mucosa oral - este geralmente é resultante do
impacto com objetos sem ponta e não ocorre sangramento da mucosa, mas uma hemorragia
submucosa.
Abrasão da gengiva ou mucosa oral - é um ferimento superficial produzido
pelo atrito na mucosa, levando a um ferimento com superfície cruenta, sangrante.
2.4.2.4
REAÇÃO AOS TESTES DE VITALIDADE PULPAR
Os testes de vitalidade pulpar imediatamente após o traumatismos é motivo
de controvérsias entre os autores28.
Estes procedimentos requerem a cooperação, relaxamento do paciente para
se evitar falsos resultados; isto se torna muito complicado quando o paciente
em questão é uma criança28.
Além do fator acima relatado a confiabilidade dos testes de vitalidade
pulpar imediatamente após o trauma é questionável, uma vez que um dano sofrido
pelo feixo vásculo-nervoso apical comprometendo o suprimento sangüíneo à polpa
pode dar respostas negativas ao teste, podendo não traduzir o real estado pulpar,
pois este quadro pode ser momentâneo, retornando a polpa à normalidade após
algum tempo. É recomendável portanto repetir estes testes após algumas semanas
de ocorrência do trauma28.
Os testes de vitalidade pulpar mais utilizados são com cones de guta
percha aquecidos, tubos de gelo ou cloreto de etila e dióxido de carbono, porém
os testes elétricos apresentam maior confiabilidade28.
Espera-se que dentes com vitalidade pulpar respondam positivamente a
estes testes, embora dentes gangrenados possam responder positivamente também
ao teste pelo calor, porque o aquecimento produz expansão térmica dos fluídos
no espaço pulpar que exercerão pressão nos tecidos periodontais inflamados28.
2.4.2.5
OCLUSÃO
Anormalidades na oclusão devem ser avaliadas porque podem refletir danos
às estruturas de suporte no caso de luxações extrusivas, ou fraturas do osso
alveolar ou mandíbula28.
2.4.3
EXAME RADIOGRÁFICO
De acordo com a avaliação do exame clínico serão determinadas as áreas
a serem radiograficamente examinadas. Esse exame serve para vários propósitos:
para revelar o estado de formação radicular e o número de injúrias que afetaram
a porção radicular e estruturas periodontal. Assim muitas fraturas radiculares
são reveladas por exames radiográficos como uma linha de fratura usualmente
correndo paralela o raio central7.
Deslocamento de dente é facilmente diagnosticado nas radiografias. Na
extrusão há um aumento do espaço do ligamento periodontal, enquanto nos dentes
intruídos ocorre um desaparecimento deste espaço7.
Através do exame radiográfico inicial podemos obter as seguintes informações28.
- Estágio de erupção dentária;
- Grau de rizogênese;
- Grau de rizólise dos dentes decíduos;
- Presença de fraturas ósseas ou dentárias;
- Espessura da dentina remanescente, entre a linha de fratura e a polpa
coronária;
- Tamanho da câmara pulpar;
- Deslocamentos intrusivos ou extrusivos;
- Relação entre o deslocamento
intrusivo do dente decíduo e o germe de permanente;
- Presença de outras alterações patológicas na área;
- Comparação e controle com novas radiografias.
Geralmente é necessário o uso de mais de uma exposição em angulações
diferentes para avaliar a verdadeira extensão do traumatismo. Quando se suspeita
da presença de fraturas radiculares, tem que se tomar uma segunda ou terceira
radiografia com angulações um pouco distintas, tanto no sentido vertical como
horizontal, para verificar a direção e extensão da fratura30.
A vista antero-lateral é muito útil para se planejar o tratamento dos
incisivos decíduos intruídos. Como se analisa na sessão terapêutica, é fundamental
conhecer a posição exata do dente decíduo intruído em relação com o sucessor
permanente. Se pode obter uma vista excelente se a criança ou sua mãe sustenta
uma película intra-oral de 3x5 polegadas (7.6 x 12.7cm), junto da arcada do
paciente e perpendicular ao raio radiográfico. Para esta tomada, se duplica
o tempo de exposição usado na radiografia periapical normal30.
As radiografias extra-bucais são válidas para determinar a direção do
deslocamento dos incisivos superiores decíduos intruídos, e também em casos
de suspeita de fraturas dos maxilares7.
Quando há lesão penetrante no lábio é indispensável uma radiografia dos
tecidos moles para localização de possíveis corpos estranhos, que é realizada
com ¼ do tempo normal de exposição7,30.
As
menores de dois anos são difíceis de se examinar radiograficamente. Com auxílio
dos pais a sustentação da película poderá ser feita6,30.
É importante que seja enfatizado a necessidade de reexames para controle
radiográfico. Muitas mudanças patológicas não são evidentes de imediato nas
radiografias. Depois de três semanas, é possível identificar regiões periapicais
radiolúcidas por necrose pulpar. Pode-se notar a reação radicular inflamatória.
Depois de 6 a 7 semanas, se pode reconhecer a reação de reimplante ou anquilose.
Por tanto, existe um fundamento racional e adequado para se planejar tomadas
radiograficas pós-operatórias 1 e 60 dias depois da lesão30.
Ante a ausência de qualquer sinal ou sintoma clínicos, como ausência
de uma fístula, mobilidade, mudança cromática ou de dor, não se indica tomar
mais radiografias senão 6 meses depois da lesão15,30.
2.5
TRATAMENTOS E PROGNÓSTICO
Posteriormente a avaliação da situação médica da criança e a determinação
da classificação do confirmado trauma, o tratamento dental pode começar. Uma
mesma injúria pode ocasionar resultados
distintos nos dentes, e o tratamento frente a esses quadros pode variar de um
simples acompanhamento à procedimentos restauradores complexos, principalmente
quando se trata de pacientes muito jovens. Para se obter um adequado tratamento
muitos fatores devem ser considerados, tais como: o tipo, direção e a severidade
do trauma; a maturidade do dente; a duração do tempo decorrido desde a ocorrência
do trauma; e se fratura coronária e/ou do osso alveolar estão associadas com
o trauma. Em todos os casos, os pais devem ser informados completamente das
opções de tratamentos e seus respectivos prognósticos17.
Usaremos a classificação adotada por Vono e colaboradores48,49onde
eles classificam a dentição decídua em
classe XI com suas subdivisões iguais as dos dentes permanentes.
Classe I
ou Fratura coronária simples que atinge somente esmalte
Clinicamente é mais freqüente nos ângulos mesiais ou distais dos incisivos
superiores.
Tratamento imediato ou tardio:
- Desgastar os bordos pontiagudos (cortantes) do esmalte6.
Lixar com disco Soflex cheio de flúor gel. Primeiro o disco mais grosso e depois
o disco mais fino. Pode-se passar um flúor Shild na primeira sessão devido a
sensibilidade e só na outra sessão lixar. Sempre é interessante lembrar que
esse desgaste deverá ser feito 30 dias após o trauma para permitir a recuperação
do dente, evitando-se assim um acúmulo de estímulos19.
- Deve-se alertar os pais sobre a possibilidade de escurecimento dos
dentes (hemorragia primária ou secundária), bem como o aparecimento de abcessos
(necrose pulpar).
- Exame radiográfico para futura comparação.
- Retorno em 3 ou 4 semanas para controle.
Classe
II ou Fratura coronária extensa, atingindo dentina sem exposição pulpar
A dentina exposta provoca sensibilidade à estímulos térmicos e à mastigação,
dependendo proporcionalmente da maturidade do dente e do tamanho da exposição
dentinária.
Tratamento imediato ou tardio:
Tratamento de emergência (temporário) - proteger a polpa com Dycal e
contê-lo com banda para a dentina se reparar43. A banda deve ser
cimentada com ionômero ou cimento fosfato de zinco, colocando antes verniz.
Reparar mais ou menos 15 dias depois fazer o tratamento definitivo
Obs. - Se existir luxação com fratura, soldar 2 bandas e colocar uma
em cada dente, daí o dente luxado ficará fixo no outro dente pela coroa por
mais ou menos 15 dias.
Tratamento definitivo - proteção do complexo dentina-polpa com cimento
de hidróxido de cálcio e reconstrução da porção perdida com o sistema ataque
ácido - adesivo - resina, ou fazer a colagem do fragmento, quando possível.
Uma aplicação tópica de fluoreto de sódio é eficaz 15,33. Se o paciente
for muito jovem, apenas observar, não intervir23.
-
Exame radiográfico para acompanhamento futuro.
- Orientar os pais quanto a possíveis injúrias pulpares e se a criança
relatar alguma sintomatologia dolorosa, ou apresentar fístula, o retorno ao
profissional deve ser imediato para que as condições pulpares sejam avaliadas.
Nos casos em que a fístula estiver presente procede-se o tratamento endodôntico19.
Classe
III ou Fratura coronária extensa com pequena exposição pulpar
Tratamento imediato:
- Realização de pulpotomia;
- Exame radiográfico para avaliação e controle futuro.
Tratamento definitivo:
- Restaurar o dente (sistema ataque ácido + adesivo + resina), colocação
de coroas de resina (policarbonato) ou fazer a colagem do fragmento dentário.
Tecido pulpar em alguns casos é capaz de se reparar depois da fratura
do dente. Um exemplo é apresentado no qual a reparação de um dente com a coroa
fraturada se deu através da formação de uma ponte de dentina. Mais investigação
de tratamentos não cirúrgicos de fraturas coronárias é indicado31.
Classe IV ou Fratura coronária extensa com grande exposição
pulpar
Geralmente apresentam hemorragia capilar na porção pulpar descoberta
e nos tratamentos tardios pode ser observada uma proliferação do tecido pulpar.
- Avaliar possibilidade de pulpectomia, mas na maioria dos casos é feita
a remoção dentária6,7,15,20,30.
Classe
V ou Trinca coronária visível, sem perda de estrutura dentária
Caracteriza-se por linhas de fratura somente no esmalte; não ocorre perda
se substância e são causadas pelo impacto direto no esmalte. Vistas por exame
de transluminação. O prognóstico é favorável.
Tratamento imediato ou tardio:
- A aplicação de selante poderá vedar as fissuras simultaneamente ao
acompanhamento clinico33.
- A conduta clínica consiste em incentivar as trocas iônicas que existem
entre o esmalte e a saliva (maturação pós-eruptiva), no sentido de obliterar
essa fenda com sais de fosfatados de cálcio. Essas medidas se constituem em:
1-
aplicação tópico de flúor de 3 em 3 meses; 2- escovação dentária usando dentifrícios
com flúor; 3- bochecho com soluções fluoretadas. Se optar pode fazer ataque
ácido e passar "glase" (resina fluida).
- Fazer controle radiográfico por seis semanas7,15,23.
Classe VI ou Luxação do dente
Luxação é um dos traumas dentais, de maior incidência na dentição decídua
(62 a 69%)1,3, afetando especialmente a região do incisivos centrais
e atingindo dois ou mais dentes, o sangramento na borda da gengiva marginal
é observado. Geralmente são acompanhadas de fraturas radiculares ou fraturas
não complicadas da coroa1. Geralmente ocasionada por quedas1;
e a força e direção do impacto destas decidem o tipo de luxação7.
Será descrita desde a sua forma mais suave, a concussão, depois a subluxação,
até a sua forma mais severa, a luxação lateral.
O diagnóstico de luxação é baseado na combinação de acompanhamentos clínicos
e radiográficos. A injúria deve ser avaliada cuidadosamente antes de começar
o tratamento.
Tipos e Tratamentos / Prognósticos
a) Concussão: É uma injúria dos tecidos periodontais sem deslocamento
ou mobilidade alterada, mas com muita sensibilidade à percussão. Clinicamente
o paciente se queixa de dor localizada, sensibilidade à percussão em direção
horizontal e vertical e na mastigação. Não requerem tratamento além do controle
clínico e radiográfico após um ou dois meses. O período de vigilância é de 1
ano7. Prognóstico é favorável. Alguns autores recomendam a revisão
da oclusão para prevenir uma hiper-oclusão e para diminuir o desconforto da
criança. Alertar os pais quanto à possibilidade de escurecimento do dente devido
a hemorragia. O repouso mastigatório na região afetada deve ser instituído.
b) Subluxação: É uma injúria dos tecidos periodontais, sem deslocamento
do dente mas com aumento da mobilidade. Ocorrem em aproximadamente 12% dos casos1.
Os dentes mantém sua posição no arco, podendo apresentar mobilidade anormal
no sentido horizontal, e estar sensível a percussão e as forças oclusais. Uma
pequena hemorragia no sulco gengival indica lesão nos tecidos periodontais.
O tratamento não é específico e se assemelha ao da concussão. As opções de tratamento
incluem: o não tratamento, revisão da oclusão, splintagem do dente por aproximadamente
10 dias e/ou extração entre 19 a 36 dias. Por exemplo, se o dente tem mínima
mobilidade, o não tratamento ou revisão da oclusão podem ser considerados. Se
o dente teve um grau maior de mobilidade ou está próximo de esfoliar, então,
extração pode ser o tratamento escolhido. Fazer radiografia para controle futuro.
Prognóstico: favorável.
Tratamento Imediato - Semelhante ao da concussão, porém a imobilização
semi-rígida está indicada quando a mobilidade for acentuada, por 60 dias e quando
for possível a realização deste procedimento. Wilson51 não indica
a imobilização na dentadura decídua por várias razões. Primeiro, a maioria dos
traumatismos ocorrem em crianças de 3 anos de idade ou menos, onde a colaboração
é freqüentemente um problema. Segundo, a coroa clínica dos dentes decíduos são
curtas e a adesão a eles pode ser difícil especialmente pela presença do sangramento
gengival. E, por último o osso da criança jovem é tão esponjoso e maleável que
uma vez que o dente foi reposicionado, o dentista pode remodelar o osso ao redor
do dente com pequena pressão digital suficiente para manter o dente em uma posição
estável. Deve-se alertar os pais para a possibilidade de escurecimento do dente
ou o aparecimento de abcessos.
c) Luxação lateral: A luxação lateral dos dentes decíduos é a lesão mais
comum: não requerendo tratamento, já que a coroa é lingualmente deslocada e
o ápice e a lâmina óssea cortical são deslocados vestibularmente, ou seja, distante
do germe dentário em desenvolvimento. A menos que a oclusão determine o contrário,
um incisivo lateralmente luxado pode ser mantido sem tratamento. Em um período
de 1 a 2 meses, a pressão da língua irá reposicionar o dente7.
Em algumas raras circunstâncias ( após um queda com um objeto na boca
), um dente lateralmente luxado será deslocado em direção oposta, ou seja, com
o ápice forçado no interior do folículo. Neste caso, a extração será o tratamento
de eleição a fim de evitar posterior dano ao germe dentário permanente6.
Classe VII ou
Intrusão do dente
Ocorrendo intrusão do dente decíduo, espera-se a recuperação, o que geralmente
acontece. Nestes casos, muitas vezes, o quadro inicial é dramático. Geralmente,
logo após o acidente a região fica edemaciada, tendo-se a impressão que o dente
intruiu por completo. Entretanto, após a regressão do edema, percebe-se que
a intrusão foi menor. Para esta situação, indicamos fisioterapia local com calor,
após o que, na grande maioria dos casos, o dente volta parcialmente ao plano
oclusal19.
O dente intruído usualmente re-erupciona dentro de seis meses, e as polpas
desses dentes estão freqüentemente obliteradas; muitos desses dentes interferem
na erupção de seus sucessores e devem ser removidos, quando falha na reabsorção
normal ocorre35,41,45.
A freqüência e tipo de distúrbios de desenvolvimento nos dentes permanentes
em relação a idade do paciente no momento do trauma foram examinados em 78 pacientes
com 100 incisivos decíduos intruídos. Os incisivos centrais são os mais freqüentemente
dentes afetados e os traumas ocorrem mais freqüentemente nos dentes do lado
direito que do lado esquerdo. Somente os dentes superiores foram envolvidos.
O grupo de idade dominante foi de 1-3 anos e a intrusão apareceu raramente na
idade de 4 anos A freqüência de distúrbios no desenvolvimento normal dos dentes
permanentes foi de 54%. Em 8 casos os dentes intruídos foram removidos imediatamente,
86 dentes re-erupcionaram, e 6 dentes não re-erupcionou. Hipoplasia interna
branca foi observado freqüentemente; hipoplasia externa, raramente37.
Ainda, quando ocorre a intrusão, algumas vezes ela é tão grande que a
raiz do dente decíduo rompe o processo alveolar, aparecendo o ápice por vestibular,
junto ao fundo do vestíbulo. Nesta situação, não resta outra atitude senão extrair
o dente, evidentemente, após a melhoria das condições locais19.
Muitas vezes, quando um trauma sobre o dente decíduo provoca intrusão
acentuada, pode lesar a estrutura dentária do permanente, causando uma hipoplasia15,
geralmente visível após a erupção. Nos casos de intrusão mais severa do dente
decíduo, poderá haver um deslocamento da coroa do dente permanente, provocando
uma dilaceração15, pois a raiz continua crescendo no mesmo sentido;
surge, então, uma angulação entre a coroa e a raiz, o que, na maioria dos casos,
impede a erupção do dente permanente. Desde que isto ocorra, indica-se exodontia
cirúrgica. Quanto mais jovem for o paciente maior, a injúria no permanente (
69% das intrusões dão lesões no permanente)19.
Andreasen2 relata a intrusão do incisivo central superior
decíduo em 18 macacos com o propósito de estudar as mudanças histológicas mais
cedo e tardia na odontogênese dos germes dos dentes permanentes e o efeito do
tratamento na injúria do dente decíduo.
Devido à inclinação das raízes dos incisivos decíduos, a maioria das
raízes dos incisivos decíduos intruídos será forçada através da placa óssea
labial diante de um impacto axial. A redução do incisivo intruído em uma exposição
radiográfica oclusal normalmente confirma esta direção do deslocamento. Neste
caso, a re-erupção do incisivo decíduo deve ser antecipada, o que ocorrerá em
2 a 4 meses após a lesão6.
Tratamento:
a) Quando o dente decíduo estiver por vestibular do germe do dente permanente
deve-se aguardar a re-erupção do decíduo que ocorrerá de 1 a 6 meses após a
intrusão7,19. Se a re-erupção não ocorre, anquilose deve ser suspeitada.
Um dente anquilosado pode interferir e deve ser removido25. Nos casos
em que a extração não é indicada, é preciso estar consciente quanto ao risco
de uma infeção provocada pelo impacto da placa bacteriana no local traumatizado6.
O paciente deve ser controlado uma vez por semana, nas primeiras 2-3 semanas25.Os
sinais de infeção incluem tumefação, hemorragia espontânea, formação de abcesso
e febre. Nestes casos, o incisivo traumatizado deve ser removido e uma antibioticoterapia
instituída6.
b) Nos poucos casos em que as forças intrusivas deslocam a raiz do incisivo
decíduo para o interior da área folicular, a remoção do dente deslocado é essencial
para o alívio da pressão exercida sobre o tecido odontogênico no interior do
folículo6.
Quando o deslocamento de um incisivo decíduo requer a sua remoção, é
essencial que o procedimento da extração não cause dano ao sucessor permanente
em desenvolvimento. Portanto, é necessário que certos cuidados sejam tomados.
Devido ao eminente risco de deslocamento do germe dentário permanente, os elevadores
jamais devem ser usados para luxar o incisivo decíduo. O fórceps deve ser o
único instrumento empregado para esta finalidade. Além disso, o incisivo decíduo
deve ser seguro pelas superfícies proximais, já que existe o risco de que, se
o dente for agarrado de vestibular para lingual, o fórceps pode deslizar apicalmente
ao longo da coroa na área folicular. Uma vez seguro mésio-distalmente, o incisivo
deslocado deve ser levantado para fora de seu alvéolo em uma direção labial
e axial. Finalmente, uma vez extraído, deve-se aplicar uma pressão digital nos
lados vestibular e lingual do alvéolo a fim de reposicionar as lâminas ósseas
deslocadas. Se necessário, uma única sutura deve ser usada para aproximar o
tecido gengival vestibular e lingual, e assim estreitar a entrada do alvéolo6.
Classe VIII ou Extrusão do dente
O dente está aumentado e com desvio lingual freqüente da coroa. Não há
som à percussão. Radiograficamente há um aumento do espaço do ligamento periodontal7,11.
O tratamento depende da quantidade da extrusão e do nível de maturidade
do dente. Se o dente está minimamente deslocado, recolocação e splintagem por
aproximadamente 10 dias deve ser considerado. Se o dente está extruído até um
ponto onde isto pode ser quase considerado uma avulsão, ou se o dente está próximo
de sua exfoliação, extração é usualmente o tratamento de escolha.
Tratamento imediatamente após o trauma - Tentar a reposição cuidadosa
(presença do germe) e imobilização, suturar as lacerações gengivais, prescrever
antibióticos e antiinflamatórios. Segundo Wilson11 esta reposição
somente deve ser tentada se o dente sofreu um pequeno deslocamento e tem pouca
mobilidade; caso contrário a extração é indicada. Andreasen7 preconiza
a extração do dente extruído.
Tratamento tardio - A exodontia está indicada.
Tratamento definitivo - Avaliar a necessidade de colocação de prótese
quando a exodontia foi indicada. Avaliar a oclusão, caso o dente for mantido
no arco.
Classe IX ou Avulsão ou Deslocamento total do dente
Compreende todos os casos de deslocamento total do dente para fora de
seu alvéolo. A incidência é de 7 a 13 % na dentição decídua1.
A freqüência e tipo de distúrbios de desenvolvimento nos dentes permanentes
em relação a idade do paciente no momento do trauma foram examinados em 77 pacientes
com 85 incisivos decíduos avulsionados. Os incisivos centrais são os mais freqüentemente
dentes afetados e os traumas ocorrem mais freqüentemente nos dentes do lado
direito que do lado esquerdo. Somente os dentes superiores foram envolvidos.
A freqüência de distúrbios no desenvolvimento normal dos dentes permanentes
foi de 74,1%. De 0-2 anos a freqüência é de 94,5% e depois de 5 anos a freqüência
é de somente 18,2%. Hipoplasia externa do esmalte é o resultado mais comum em
pacientes nos quais o trauma ocorreu quando ele tinha 3 anos de idade, enquanto
que hipoplasia interna do esmalte é um resultado usual de trauma ocorrido depois
de 3 anos de idade36.
Clinicamente atinge mais freqüentemente aos incisivos centrais superiores,
geralmente apenas um elemento. Outras lesões podem estar associadas, como fratura
da parede alveolar.
O reimplante é contra indicado para dentes decíduos7,15,18.
Freqüentemente traz consequências ao germe do sucessor permanente. O reimplante
do dente decíduo está contra-indicado pela possibilidade de introduzir infeção
grave e lesar o germe do permanente pela pressão do coágulo sobre o mesmo. Deve-se
suturar as lacerações gengivais de imediato e avaliar a indicação de próteses
ou aparelhos mantenedores de espaço.
Mueller et. Al32 relataram o caso de um incisivo decíduo superior
avulsionado com reimplantação imediata dentro de condições ideais. O prognóstico
foi desfavorável ao dente
Os pais devem ser alertados para a possibilidade de seqüelas nos dentes
permanentes.
Quando o paciente não se apresenta com o dente avulsionado na mão, deve-se
buscar a localização deste dente, uma vez que dentes supostamente exarticulados
podem ser dentes intruídos, enterrados nos maxilares, ou estar no peito, abdômen
ou na cavidade nasal.
Na apresentação clínica de Joho23 a figura 13a é de uma criança
de 5 anos de idade, que, de acordo com os seus pais, perdeu seu incisivo central
superior direito com 16 meses de idade, com subsequente inclinação do lateral
direito e incisivo central esquerdo. A colocação de um mantenedor de espaço
no momento da perda poderia ter prevenido esse problema44.
O exame radiográfico é indispensável para diagnosticar as possíveis fraturas
no osso alveolar e lesões nos dentes vizinhos7.
Classe X ou Fratura radicular com ou sem fratura coronária:
do terço apical, do terço médio e do terço cervical
A incidência na dentição decídua de 2 a 4%1. São raras antes
do término do desenvolvimento radicular e se apresentam com maior freqüência
entre 3 e 4 anos, quando a reabsorção fisiológica radicular se inicia, enfraquecendo
a porção radicular.
No arco inferior podem estar associadas a fratura do processo alveolar1.
Clinicamente observa-se o dente ligeiramente extruído, deslocamento em direção
lingual. O grau de mobilidade é determinado pelo local de fratura.
É possível que fraturas radiculares não detectadas imediatamente apareçam
claramente em outra radiografia posterior. Isto se deve à hemorragia, edema
ou tecido de granulação entre os fragmentos.
A dentição decídua apresenta problemas radiográficos especiais devido
a interposição dos dentes permanentes na região apical.
O tratamento pode ser feito de forma convencional. Quando não houver
deslocamento a cicatrização pode ocorrer por interposição de tecido conjuntivo.
Dificilmente será possível uma imobilização. Pode ocorrer uma reabsorção prévia
normal7 ou uma infeção na porção coronária. Caso isso aconteça, o
tratamento de escolha é semelhante às situações em que há deslocamento dos fragmentos,
e a porção coronária é removida, preservando a apical, que será reabsorvida
fisiologicamente, o que indica um bom prognóstico30.
Para alguns autores33, o tratamento de escolha é a remoção
dentária em todos os casos. Para Snawder43 as fraturas no 1/3 cervical
serão tratadas pela remoção da porção coronária, tratamento convencional da
porção radicular e depois uma coroa com pino. Quando estas ocorrem no 1/3 médio
da raiz, ela preconiza a imobilização após redução da fratura; Joho23,
afirma ser imperativa a remoção de todos os fragmentos inclusive os radiculares
e colocação de mantenedor de espaço em acrílico com parafuso palatino expansor.
Como se percebe, na maioria das vezes o prognóstico é sombrio e desfavorável
para o dente.
O ferimento traumático do dente da criança quase sempre
vem acompanhado de alterações nos tecidos moles que podem ser:
Laceração da gengiva ou mucosa oral - é um ferimento raso ou profundo
na mucosa resultante de um corte e geralmente ocasionado por um objeto pontudo.
Contusão da gengiva ou mucosa oral - este geralmente é resultante do
impacto com objetos sem ponta e não ocorre sangramento da mucosa, mas uma hemorragia
submucosa.
Abrasão da gengiva ou mucosa oral - é um ferimento superficial produzido
pelo atrito na mucosa, levando a um ferimento com superfície cruenta, sangrante.
Freqüentemente os ferimentos nos lábios também estão presentes e podem
sofrer lacerações, ter fragmentos de dentes em seu interior podendo causar infeções
agudas ou crônicas e fibrose desfigurante.
Diante destas injúrias deve-se avaliar a necessidade da profilaxia tetânica
se a criança não estiver com as vacinas atualizadas.
Podemos encontrar lesões no osso de sustentação:
Há uma incidência de 7% na dentição decídua. É causada por forte impacto
no mento, provocando uma oclusão violenta, e conseqüente fratura do processo
alveolar da região anterior.
Ao exame clínico apalpar o esqueleto facial, perceber a presença de mobilidade
dos fragmentos e ou deslocamentos aos mesmos.
Tratamento:
1) Fratura de parede alveolar: Devido a rapidez de cicatrização do osso
não há necessidade de contenção. Apenas instruir aos pais uma dieta semi-sólida
nas duas primeiras semanas após a lesão5. Prognóstico favorável.
2) Fraturas alveolares: Podem oferecer problemas especiais devido a dificuldade
de retenção à contenção. Pode-se tentar uma retenção acrílica nos dentes7
ou uma imobilização, com fio retidos com resina acrílica nas faces vestibulares44.
A maioria das vezes, faz-se a redução à uma posição estável e deixa sem contenção.
Recomendações quanto à dieta. Prognóstico sombrio.
3) Fraturas de maxila e mandíbula: Princípios gerais com reposição exata
e fixação intermaxilar conservando os dentes permanentes. Há probabilidade do
desenvolvimento de uma infeção na linha da fratura por germes infecciosos. Provável
alteração na odontogênese dos dentes próximos à lesão7 e prognóstico
desfavorável.
2.6
COMPLICAÇÕES PULPARES E PERIODONTAIS APÓS TRAUMA DE DENTES DECÍDUOS
Toda injúria traumática na dentição decídua deve ser acompanhada clínica
e radiograficamente pelas possíveis alterações nos dentes e estruturas de suporte.
O trauma no dente é sempre seguido de hiperemia pulpar, cuja extensão não pode
ser determinada pelos métodos de avaliação diagnóstica, clínica e radiográfica.
O período de acompanhamento deve ser de um ano, com a realização de exames clínico
e radiográfico, uma vez que 50% dos deslocamentos do dente decíduo resultam
em necrose pulpar, que constitui a complicação pós-trauma mais comum28.
O trauma no dente decíduo pode provocar também alteração de cor, nestes
dentes, semanas após a injúria. O dente pode tornar-se rosa, amarelo ou cinza.
A coloração rósea indica reabsorção interna e normalmente o dente deve ser extraído.
A cor amarela indica calcificação pulpar e nenhum tratamento é necessário. A
cor cinza é a mais controvertida com relação ao seu significado e também a terapia
a ser instituída28.
Kenwood24 acompanhou um total de 69 incisivos decíduos superiores
traumatizados para determinar as seqüelas do trauma. Na apresentação inicial,
descoloração foi o mais comum seqüela do trauma (30,4%), seguindo de fraturas
coronárias (21,8%) e deslocamento dos dentes (15,9%). Os dentes foram tratados
por procedimentos clínicos rotineiros. Em 11 dentes mostrando fraturas coronárias,
mais de 90% estavam normais na primeira visita de acompanhamento com uma média
de aproximadamente 27 semanas. Mais de 2 apresentaram-se necrosados em visitas
posteriores. Em contraste, traumas com deslocamentos foi associada com uma maior
incidência de necrose pulpar, com aproximadamente metade dos dentes afetados
apresentando radiolucências depois, num período de acompanhamento médio de 44
semanas. Semelhantemente, aproximadamente metade dos dentes afetados por descoloração
mostraram evidências radiográficas de patologia pulpar depois de um período
médio de retorno de 44 semanas. Esse estudo mostra que a proporção alta de incisivos
decíduos traumatizados eventualmente tornam-se necrosados e
a necessidade de supervisão contínua de todos os dentes decíduos é obrigatório.
- A curto prazo:
Hiperemia pulpar: É uma reação pulpar inicial como conseqüência do
traumatismo. Há congestão dos capilares, observada por transluminação. Os dentes
mostram sensibilidade à percussão. Pode ser totalmente reversível ou evoluir
à uma necrose pulpar30.
- A longo prazo podem ocorrer:
a) Mudanças na cor da coroa do dente traumatizado
b) Necrose
c) Obliteração da câmara pulpar
d) Reabsorção
a) Fish, em 1948, sugeriu que uma lesão poderia bloquear ou cortar
as paredes venosas mas não atingir as artérias que passam pelo orifício apical.
Desta forma, o sangue continuaria, a ser bombeado para o canal e a hemorragia
pulpar lentamente se dispersaria nos tecidos duros. Na verdade, os achados experimentais
demonstram que os produtos da deterioração da hemoglobulina podem penetrar nos
canalículos de esmalte e dentina, dando à coroa do dente um aspecto violeta-rosáceo,
e a medida que os componentes sangüíneos vão se decompondo essa cor vai se tornando
cinza azulada, em um período de aproximadamente duas semanas. Se a polpa sobreviver,
a mancha pode desaparecer. Se o conduto pulpar, ao contrário for se obliterando,
a coroa assume a cor amarelada5. Se a polpa
que estava cinza-azulada continuar cinza com o passar do tempo indica
presença de degeneração pulpar, indicando o tratamento pulpar43.
b)
Na dentição decídua a freqüência da necrose pulpar após uma luxação é de 24
a 59%, mas isso não ocorre desta forma tão intensa em pacientes com menos de
3 anos. Cerca de 1/3 dos dentes decíduos que intruem e reerupcionam sofrem necrose
pulpar7.
A necrose é a complicação mais comum. Todos os dentes traumatizados são,
dessa forma, cuidadosamente observados quanto aos sinais clínicos ou radiográficos
de necrose pulpar. Na avaliação do estado pulpar, o teste de sensibilidade é
de valor limitado, devido à dificuldade em obter adequada cooperação da criança.
Mais freqüentemente o diagnóstico é baseado em inspeção da cor do dente e observação
radiográfica da condição periapical25.
A necrose parece estar fortemente relacionada à descoloração da coroa
dental. Observa-se que dentes traumatizados com uma coloração normal apenas
raramente desenvolvem inflamação periapical. Um dente com descoloração, por
outro lado, não está necessariamente necrótico. Uma descoloração acinzentada
relatada logo após um trauma, freqüentemente reflete um sangramento intrapulpar.
Em exame subsequente, a coloração acinzentada pode desaparecer gradualmente,
e observa-se um retorno para uma coloração normal, ou quase normal. Nesse caso,
a polpa reterá sua vitalidade. Entretanto, se a coloração acinzentada persistir,
necrose é fortemente suspeitada, e o dente é examinado radiograficamente a intervalos
de 3 meses, a fim de descartar qualquer inflamação periapical o mais cedo possível25.
Informação quanto à condição pulpar pode também ser obtida pela avaliação
do tamanho da cavidade pulpar. Redução fisiológica normal no tamanho não ocorre
se aconteceu a morte pulpar25.
Ao primeiro sinal de inflamação periapical, a extração é o tratamento
de escolha a fim de prevenir uma possível seqüela do sucessor permanente26.
Alguns clínicos tratam os dentes anteriores decíduos necrosados mediante
uma técnica de pulpectomia similar a que se emprega na dentição permanente.
No conduto limpo de forma meticulosa, se coloca uma pasta reabsorvível de óxido
de zinco e eugenol5. Outros clínicos optam por extrair tais dentes,
ante o perigo de lesar o germe do dente permanente em desenvolvimento30.
c) A obliteração da câmara pulpar e do canal é uma reação freqüente
ao trauma. Os raios X revelam uma calcificação parcial ou total da cavidade
pulpar. Clinicamente, a coroa dental assume gradualmente uma coloração amarelada.
Na maioria dos casos, dentes obliterados permanecem não afetados até a exfoliação.
Entretanto, uma vez que uma pequena porcentagem pode desenvolver inflamação
periapical, indicativa de necrose, o exame radiográfico deve ser realizado uma
vez ao ano25. Se mudanças periapicais são detectadas, extração imediata
é o tratamento de escolha22.
O prognóstico de dentes decíduos mostrando obliteração pulpar é geralmente
favorável. Reabsorção radicular normal ocorre em todos os dentes com obliteração
pulpar22, embora outros associem um possível atraso na exfoliação
do decíduo7 e a erupção ectópica do sucessor permanente43.
d) Aparece com uma conseqüência tardia das lesões dos dentes decíduos.
Tipos:
1) Externa:
- De Superfície: Se auto delimita e têm reparação expontânea, do ligamento
periodontal e cemento. Não aparecem usualmente nas radiografias devido o seu
pequeno tamanho. São limitadas a superfície lateral da raiz, podendo ocorrer
no ápice7.
- Por Substituição: Histologicamente há união direta entre o osso e a
raiz, sendo a substância dental substituída por osso. Radiograficamente desaparece
o espaço do ligamento periodontal e há reabsorção progressiva da raiz. Os decíduos
anquilosados devem ser extraídos7.
- Inflamatória: Histologicamente se vêem zonas de reabsorção no cemento
e na dentina, que são encontradas junto com inflamação no tecido periodontal
adjacente. Aparentemente o tecido pulpar necrosado está causando uma autólise
dos canalículos dentais e conseqüente reabsorção. Radiograficamente observa-se
a reabsorção radicular com radiolucidez adjacente7.
2) Interna:
É rara, com 2% de incidência nos dentes luxados reexaminados, o diagnóstico
radiográfico é primordial para saber a correta localização. Radiografias suplementares,
são necessárias, se a imagem da reabsorção não mudar de posição, é realmente
interna7. Tipos:
- De Substituição: Radiograficamente há um aumento da câmara pulpar.
Histologicamente há metaplasia do tecido pulpar normal à um osso poroso e com
aumento gradual da câmara pulpar7.
- Inflamatória: Radiograficamente há um aumento da câmara pulpar em forma
de ovo. Histologicamente há transformação de tecido pulpar normal em tecido
de granulação, com células gigantes reabsorvendo as paredes dentinárias do conjunto
pulpar. A porção coronal ao tecido de reabsorção, possui tecido necrótico, que
atua como fator etiológico da manutenção do processo de reabsorção. O aumento
da reabsorção interna depende do tecido pulpar vivo. Consequentemente, o tratamento
do conduto radicular deve ser realizado imediatamente após o diagnóstico7.
2.7
EFEITO DA PERDA PREMATURA DOS DENTES DECÍDUOS
Existe uma divergência quanto à possível migração do dente adjacente
para o espaço do dente removido. Alguns acreditam que ocorrerá esta migração43.
Outros afirmam que a perda prematura dos incisivos decíduos não traz maiores
consequências, nem mesmo problemas de espaço na região, principalmente se a
perda ocorrer após 2 anos e meio23.
A manutenção de espaço é recomendada por alguns autores para intervenção
preventiva de hábitos, distúrbios da fala e aspectos psicológicos por alteração
da estética. O aparelho pode ser fixo, com bandas cimentadas em molares, ou
removíveis 43.
Hábitos de interposição lingual podem vir a aumentar este espaço43.
Korf26 estudou 10 pacientes e encontrou 9 deles com características
semelhantes. Apenas um diferia dos demais, e neste único caso o incisivo central
superior permanente erupcionou precocemente e em boa posição. Nos demais o sucessor
erupcionou mais tarde e em desvio vestibular anormal.
Nos casos em que a perda prematura dos dentes decíduos conduzirem a uma
impacção, aparentemente o germe do dente não é capaz de penetrar a mucosa que
recobre o processo alveolar. Nestes casos está indicada a excisão do tecido
que o recobre no bordo incisal7.
Quando feita a exposição cirúrgica da coroa não fazer incisão muito ampla,
pois a porção vestibular ao ser removida não é queratinizada e pode causar uma
retração gengival7.
3 DISCUSSÃO
Toda criança relacionada com injúria traumática do dente decíduo é muito
mais importante do que seu próprio dente. O envolvimento do germe do dente permanente
é também mais importante do que o dente decíduo injuriado. Estas questões muitas
vezes se tornam de difícil entendimento tanto para os pais como para a criança,
que no momento do acidente, tem como maior preocupação a possibilidade de perder
o dente. Antes da decisão de tentar salvar um dente decíduo traumatizado, os
pais devem estar completamente informados de todas as possibilidades da ocorrência
de seqüelas em ambas as dentições, bem como do longo período de acompanhamento
que pode ser necessário. Estas colocações se fazem de fundamental importância,
pois só assim o profissional em conjunto com os pais podem avaliar a razão risco/benefício
de um procedimento clínico e avaliar a necessidade do acompanhamento clínico
para se poder detectar o mais precocemente os efeitos nos sucessores permanentes
em desenvolvimento.
3.1
EFEITOS NOS SUCESSORES PERMANENTES EM DESENVOLVIMENTO
O tratamento imediato diante de qualquer tipo de traumatismo buco dentário
é de suma importância para que o prognóstico seja mais favorável, diminuindo
sobremaneira os riscos de complicações futuras.
O desenvolvimento dos incisivos permanentes por lingual dos incisivos
decíduos, com suas coroas localizando-se na altura dos ápices radiculares destes,
torna-os muito vulneráveis a lesões quando ocorrem traumatismos na dentadura
decídua, principalmente do tipo luxação intrusiva7. Desta forma,
mesmos as fraturas ósseas localizadas nas zonas próximas aos dentes em desenvolvimento
podem interferir com a odontogênese posterior13.
Andreasen2 em um estudo experimental em macacos verificou
que a intrusão de dentes decíduos conduzem a distúrbios na odontogênese. A intrusão
causa uma lesão direta no epitélio reduzido ou na bainha epitelial de Hertwig.
Brin13 incluiu 124 crianças que tiveram experiência de trauma
nos seus incisivos decíduos, nessa investigação clínica, com atenção para a
correlação entre o tipo de injúria ocorrida no dente decíduo e a idade do paciente
no momento do trauma, com os defeitos de mineralização e a relação intra e inter-arcos
dos dentes permanentes. 34% das crianças apresentavam maloclusão de Classe II
de Angle. A relação intra e inter-arcos não apresentou correlação significativa
com o tipo de lesão. Defeitos de mineralização e desenvolvimento foi notado
com mais freqüência nos incisivos centrais permanente (32,4% descoloração e
11% hipoplasia). A maior parte das crianças com incisivos decíduos afetados
experimentaram trauma antes dos 5 anos de idade. O terço incisal dos incisivos
centrais e laterais permanente foi a localização mais comum da presença de defeito
de mineralização. A descoloração nessa localização pareceu ter correlação com
a idade da criança no momento do trauma.
Em um artigo foi relatado um caso onde mostrou a complexidade de problemas
encontrado pelo dentista como resultado de um trauma severo no dente decíduo
e suas conseqüências no dente permanente sucessor. A combinação de variadas
conseqüências de desenvolvimento, freqüentemente requer originalidade na solução
do problema, bem como um tratamento multidisciplinar8.
Andreasen & Ravn5, em estudo sobre a freqüência dos distúrbios
dos dentes permanentes em desenvolvimento de acordo com o tipo de injúria na
dentadura decídua encontraram:
TIPO
DE INJÚRIA
N.º DE DENTES
N.º EM DENTES EM
DESENV. LESIONADOS
Subluxação
45
27%
Luxação extrusiva
76
26%
Avulsão
27
14%
Intrusão
36
69%
É importante salientar que quanto mais jovem a criança maior a probabilidade
da ocorrência de seqüelas nos dentes permanentes que podem ser:
- Descoloração do esmalte - Localizada na superfície vestibular da coroa,
com a freqüência de 23% quando há injúria no dente decíduo. É causado por danos
ao epitélio reduzido do esmalte após intrusão7.
- Descoloração e hipoplasia do esmalte - Aparece com freqüência de 12%,
após trauma na dentadura decídua. É causado por danos no epitélio odontogênico
alterando a mineralização final do esmalte, após deslocamento axial do dente7.
- Dilaceração da coroa - Com freqüência de 3%, devido a traumas com deslocamentos
axiais dos dentes decíduos. Quando o epitélio interno vestibular é atingido,
apresenta alteração na dentina vestibular; quando a lesão se dá no epitélio
interno lingual, ocorre a projeção de tecido duro intra pulpar7.
- Odontomas - São seqüelas raras de lesões da dentição primária. Casos
relatados são de incisivos, especialmente na maxila. Podem ocorrer como conseqüência
de deslocamentos axiais do dente decíduo com lesão grave no germe do dente permanente.
Há necessidade de remoção cirúrgica. Comelli Lia14 mostra 8 casos
de odontomas com história de traumatismo na fase de dentadura decídua, concluindo
que o trauma em idades muito jovens desempenham papel fundamental no aparecimento
destas anomalias, modificando o quadro de embriogênese normal.
Outras alterações como duplicação da raiz, angulação vestibular da coroa,
angulação lateral da raiz ou dilaceração, paralisação completa ou parcial da
formação da raiz, seqüestro do germe do dente permanente e distúrbios na erupção
podem ocorrer como seqüelas de traumatismo da dentadura decídua7.
Zilberman et al53, em um estudo realizado para avaliar o efeito
do trauma de incisivos decíduos sobre o desenvolvimento da raiz de seus sucessores
permanentes em uma amostragem de 34 crianças que sofreram traumatismo dentário
entre 1 e 3 ½ anos de idade, verificaram que somente 6 crianças apresentaram
distúrbios no desenvolvimento da raiz do dente permanente. Outros fenômenos
patológicos como a obliteração da câmara pulpar, severas mal formações da coroa,
raiz, transposição da incisivo lateral e canino adjacentes, também foram observados
neste estudo. Os autores atribuem a vários fatores esta influência do trauma
dos dentes decíduos sobre seus sucessores, tais como: a relação espacial do
dente envolvido, a idade da criança na época do trauma e principalmente o seu
estágio de desenvolvimento dental (estágios de Nolla) e o tipo de injúria. No
presente estudo a severidade da malformação radicular pode, entretanto, está
relacionada com a severidade do trauma. A magnitude e a direção da força traumática
são provavelmente os fatores cruciais nas deformidades radiculares observadas,
mais do que o estágio de desenvolvimento do germe do dente afetado.
A avaliação da extensão total do efeito do trauma ocorrido na infância
sobre os germes dos permanentes só pode ser determinada após a completa erupção
de todos os dentes permanentes envolvidos. É possível entretanto, que a mal
formação possa ser descoberta radiograficamente, antes da avaliação clínica6,13.
O possível efeito prejudicial na coroa ou raiz dos sucessores permanentes
tem sido relacionados com o grau de reabsorção radicular dos dentes decíduos
na época da injúria, a direção da força traumática, o tipo de injúria no dente
decíduo e o estágio de desenvolvimento do germe do permanente no momento da
injúria7,10,13.
Há uma probabilidade de 12 a 69% de lesões secundárias7. Ravn37
encontrou incidência de 74,1% (1975) após avulsão, e 54% em após intrusão (1976).
3.1.1
NATUREZA DAS LESÕES
Serão apresentadas a seguir todo os possíveis efeitos encontrados na
literatura consultada:
3.1.1.1
HIPOPLASIA
A hipoplasia é um defeito ou interrupção na formação da matriz do esmalte
( Van Gool46). A hipoplasia pode ser justificada pelas características
físicas do esmalte jovem, ou seja, o esmalte é inicialmente depositado de uma
forma não calcificada, como uma espécie de matriz, que mais tarde se calcifica.
A quantidade desta matriz é muito reduzida e a formação do esmalte normal só
é possível quando a calcificação, se dá após a constituição da matriz. Se, entretanto,
uma perturbação tornar a calcificação tardia, a matriz não tem possibilidade
de manter a sua forma, enrugando-se e dando lugar à formação dos sulcos irregulares
e depressões na superfície do esmalte. Mesmo que essa matriz defeituosa se calcifique,
a configuração clínica é defeituosa e irreparável. Os prismas de esmalte deslocam-se
ao longo de uma linha de traumatismo e os prismas adjacentes à solução de continuidade,
mostram-se distorcidos ( teoria de Gottlieb).
Outra explicação para a formação de hipoplasia relaciona-se com as alterações
degenerativas sofridas pelos ameloblastos46. Nos germes dos dentes
hipoplásicos, os ameloblastos são vistos em vários estágios de degeneração,
desde irregularidades muito leves á destruição severa da coroa. Após a lesão
traumática, ocorre edema dos ameloblastos e acúmulo de fluídos entre a camada
de ameloblastos e a superfície de esmalte. Assim, o esmalte se destaca do epitélio
de esmalte e camadas císticas se desenvolvem nas porções mais externas do germe
dentário. Nos locais em que ocorre degeneração cística a deposição de esmalte
é interrompida. Logo que removida a causa, o esmalte volta a se formar em condições
normais. A profundidade de uma zona hipoplásica depende então da quantidade
de esmalte formada anteriormente à degeneração sofrida pelos ameloblastos ou
seja, se a perturbação ocorreu no início da amelogênese, não se formará esmalte
algum, mas se já estava uma quantidade de esmalte, o fundo da região hipoplásica
será formada por uma camada de esmalte (Kronfeld)47.
Logo, conhecendo a cronologia da formação do esmalte dos dentes, é possível
estimar quando ocorreu a lesão traumática que gerou a hipoplasia. A calcificação
dos incisivos centrais permanentes e os incisivos laterais inferiores se inicia
aos 3 ou 4 meses de vida, e os caninos por volta do 4º ao 5º mês. Os laterais
superiores entre o 10º e 12º mês de vida (Mc Donald).
Van Gool46 relatou 2 em 20 casos, enquanto Via47
confirmou 1 caso com acompanhamento clínico de uma criança caucasiana de 3 anos
e meio.
Clinicamente a cor dessas lesões normalmente é branca, mas produtos decompostos
da hemoglobina na zona traumatizada, possivelmente podem entrar no processo
de mineralização durante a formação posterior do esmalte. Isto explica, porque
as zonas amarelo-marrom estão situadas exclusivamente apicalmente às lesões
brancas5.
Andreasen7 dividiu estes aspectos em dois aspectos clínicos:
* Mancha branca ou amarelo-marrom no esmalte, que aparecem como mudança
na cor de esmalte, mais freqüentemente na superfície vestibular da coroa e sua
extensão, varia de pequenos pontos a zonas extensas 4,7,46,53.
É possível encontrar uma mancha branca do esmalte com diâmetro inferior
a 0,5mm em dentes sem história de traumatismos com a mesma freqüência de dentes
com histórico de trauma. As lesões com 0,5mm ou mais diâmetro são mais freqüentes
nos dentes com histórico de lesão traumática4.
* Mancha branca ou amarelo-marrom e hipoplasia circular do esmalte, que
é uma penetração horizontal estreita que rodeia a coroa cervical das zonas descoloridas.
3.1.1.2
DILACERAÇÃO DA COROA
Ocorrem devido a um forte desvio do eixo longitudinal do dente na coroa,
deslocando o tecido duro já formado da porção em desenvolvimento7,10,29,53.
A freqüência em que se apresentam após lesões na dentição decídua é de 3%.
Geralmente atingem os incisivos centrais superiores e inferiores e cerca
de 50% não erupcionam e os que ficam impactados erupcionam normalmente ou são
desviados para vestibular ou lingual.
O momento da injúria ocorre normalmente aos dois anos e muitas vezes
apenas a metade da coroa já estava formada. Esta patologia apoia a teoria do
deslocamento da parte mineralizada junto com o epitélio do esmalte, papila dentária
e cristas cervicais, promovendo ausência de esmalte na porção vestibular da
coroa, enquanto na porção lingual se forma um prolongamento de tecido duro que
se introduz no conduto radicular enquanto se forma uma cúspide coberta de esmalte
5,46.
A patologia do deslocamento da parte não mineralizada
do dente no alvéolo está baseada nos achados radiográficos imediatamente
posteriores ao momento em que ocorre a lesão e nas quais se pode ver a inclinação
do dente permanente. O desvio da parte coronária varia conforme a localização
do dente. Os incisivos superiores são geralmente desviados para a lingual e
os inferiores para a vestibular 5.
O exame radiográfico dos dentes com coroas dilaceradas que não erupcionaram
revelam a mal formação como um encurtamento da porção coronária.
Van Gool46 realizou um estudo sobre as consequências, aos
germes dos dentes permanentes após
trauma na dentição decídua e constatou que a dilaceração é causada normalmente
após intrusão, preferencialmente de incisivos centrais, e também que cinco dentes
com dilaceração não tinham história de trauma, mas a origem traumática não pode
ser totalmente descartada.
Bijella10 em estudo nas crianças brasileiras de Bauru não
observou presença de nenhum tipo de dilaceração.
Rushton39 relatou cinco casos de injúria traumática ocorrido
aproximadamente aos 2 anos de idade, em que parte da coroa do dente permanente
estava formada e girou 90 graus em relação ao longo eixo do dente no sentido
horizontal. Subseqüentemente, o remanescente da coroa e raiz foi formado ao
longo eixo axial original. Existe aparência de germinação da parte do dente
formado após injúria.
A conduta frente ao tratamento, caso o dente não erupcione, é fazer a
exposição cirúrgica e o possível realinhamento
ortodôntico. Quando o dente faz erupção suficiente para expor a porção dilacerada
livre de gengiva, fazer técnica restauradora imediatamente, porque existem muitos
casos relatados de necrose e inflamação periapical após erupção
parcial desses dentes sem evidências de cáries39,46.
3.1.1.3
MAL FORMAÇÃO EM FORMA DE ODONTOMA
São poucos freqüentes na
dentição decídua, e os casos registrados se limitam aos incisivos, especialmente
no arco superior 5.
A idade no momento da lesão varia entre menos de 1 a 3 anos. A histologia
e as radiografias destes dentes mostram um conglomerado de tecido duro, com
morfologia de um odontoma complexo ou elementos separados.
Estas mal formações também tem sido observadas após extrações rituais
de caninos decíduos nos índios da África7.
Rodda38 relatou um caso de um paciente com histórico de trauma
com deslocamento de dente decíduo aos 3 anos de idade. Não havia relato subsequente.
Na verdade o que provavelmente ocorre é que se os ápices ainda não estão
formados e a Bainha Epitelial de Hertwig ( B.E.H.) ainda está em ativo funcionalmente,
parte ou toda a B.E.H. é separada e continua a estimular as células mesenquimais
a se diferenciar e formar dentina, constituindo um dentículo rudimentar chamado
ODONTOMA TRAUMÁTICO RADICULAR. Por outro lado, um trauma no início do desenvolvimento
da coroa do permanente não erupcionado, apenas pode deslocar parte do órgão
do esmalte ( com ou sem algum esmalte formado) e um dentículo separado pode
ser produzido, originando um ODONTOMA TRAUMÁTICO CORONAL21.
O radicular ocorre após a remoção do dente decíduo, consiste de dentina
e nenhum esmalte, provavelmente formado de restos epiteliais da B.E.H. quando
o dente foi removido por fórceps
.
O coronal se situa junto à coroa do dente permanente, impactando-o21.
A injúria ao órgão do esmalte se deve a lesão direta à raiz do dente
decíduo e a lesão à B.E.H. e o resultado da transmissão da força traumática
através do osso circundante.
O tratamento frente a esta situação é a remoção cirúrgica do elemento
dentário nos odontomas traumáticos radiculares e a remoção do dentículo com
exposição coronária do permanente em odontoma traumático coronal. Neste caso
a coroa do sucessor gera severa hipoplasia com manchas branca-marrom 7,21.
Zilbermann53 após a extração de um incisivo central superior
esquerdo decíduo encontrou uma formação tipo odontoma radicular. O motivo da
remoção era uma lesão periapical infectada. O sucessor permanente apresentava
aparência clínica citada anteriormente e foi tratado com apixificação e posterior
tratamento endodôntico convencional.
3.1.1.4
DUPLICAÇÃO RADICULAR DO DENTE PERMANENTE
É pouco freqüente e ocorre após uma luxação intrusiva no dente decíduo5.
A severa lesão ocorre geralmente na metade da formação da coroa do dente
permanente ou antes disso. A patologia indica que houve uma divisão traumática
das cristas cervicais, e conseqüentemente há formação de duas raízes separadas.
Radiograficamente se observa uma raiz mesial e outra distal, prolongando-se
de uma raiz parcialmente formada7.
Rushton39 relatou casos de dilaceração das coroas dos incisivos
permanentes inferiores após trauma severo, durante seu desenvolvimento, e o
aparecimento subsequente de cúspide, coroa ou dentículo adicional. Isto sugere
que a duplicação parcial do dente afetado é o resultado de trauma mecânico e
que o espécime oferece considerável
capacidade de ajuste em estágios posteriores do desenvolvimento do dente.
Kronfeld (1949) já relatará um caso semelhante ao primeiro descrito,
causado pela perda do incisivo central superior decíduo durante um acidente.
Gustafson (1950) também descreveu caso similar ao qual denominou de “Dens in
Dente” traumático. Na verdade, dos casos descritos o que varia é somente o grau
de duplicação39.
Colyer (1936) descreveu estudos em animais sobre dentículos radiculares
em incisivos superiores após lesão traumática. Glasstone (1952) realizou um
estudo e relatou que após injúrias traumáticas em coelhos os dentes foram removidos
até o 22º dia e foram divididos ao meio e cultivados in vitro. Essa metade do
germe poderia desenvolver o dentículo acessório, mas os germes obtidos após
o 22º dia, os odontoblastos e a dentina possuíam apenas metade da capacidade
e formavam apenas meio dentículo39.
3.1.1.5
ANGULAÇÃO RADICULAR VESTIBULAR
Aparece como curvatura evidente limitada à parte radicular. O dente deformado
geralmente permanece impactado e a porção coronária pode ser palpável através
do sulco labial. Os incisivos centrais superiores parecem ser os únicos dentes
que exibem este tipo de deformação. A lesão geralmente ocorre entre 2 e 5 anos
de idade, e usualmente a lesão do dente decíduo consiste de intrusão ou avulsão7.
Os achados histopatológicos nestes casos consistem de um espessamento
do cemento na zona de angulação, mas não há sinais de mudanças na formação do
tecido duro. Assim, é muito pouco provável que o desvio radicular, seja um resultado
direto da lesão, como a dilaceração. Segundo a teoria de Neyer (1955) o tecido
de cicatrização desenvolvido após a perda prematura de incisivos decíduos pode
ser um obstáculo da erupção do sucessor e o dente em desenvolvimento, modifica
sua posição, para uma direção vestibular. Seguramente que a B.E.H. mantém sua
posição produzindo uma curvatura radicular 5.
No estudo de Zilberman53 estava presente em 4.7% dos casos.
Van Gool46 encontrou a freqüência maior que os defeitos no esmalte.
Para ele o prognóstico é geralmente desfavorável para os dentes superiores,
porque todos os dentes em seu estudo não erupcionaram, e 3 dos 4 incisivos inferiores
erupcionaram, mas todos sem vitalidade e com granuloma apical.
É importante deixar esses pacientes em observação e consultar um ortodontista
para avaliação prévia e elaboração do tratamento, isto porque se for necessária
a remoção vai facilitar o fechamento do diastema46.
3.1.1.6
ANGULAÇÃO OU DILACERAÇÃO RADICULAR LATERAL
Aparece como uma inclinação mesial ou distal limitada à porção radicular.
A freqüência é de 1% após lesões na dentição decídua. Afeta geralmente os incisivos
superiores e a lesão ocorre entre 2 a 7 anos de idade. É comum ser subsequente
a avulsão e ao contrário das angulações vestibulares a maioria dos dentes acometidos,
erupcionam espontaneamente. Mal formações similares ocorrem após fraturas do
maxilar 7.
3.1.1.7
PARALIZAÇÃO PARCIAL OU COMPLETA DA FORMAÇÃO RADICULAR
É rara nas lesões da dentição decídua5 e afeta especialmente
os incisivos superiores, quando a lesão
ocorre entre 5 e 7 anos. Comumente associada a avulsão nos incisivos
decíduos 7.
Alguns dentes permanecem inclusos, enquanto outros erupcionam precocemente
e com freqüência são removidos devidos a um tecido de sustentação pouco adequado.
Anormalidades radiculares parecidas têm sido encontradas nos dentes em desenvolvimento
afetados por fratura do maxilar.
A histopatologia das malformações radiculares é variável. Alguns casos
mostram uma diminuição do desenvolvimento radicular sem que haja evidência de
deposição do tecido duro. O tecido fibroso desenvolvido após a perda prematura
de um decíduo poderia desviar a erupção do permanente e por isso afetar sua
formação radicular 7.
Radiograficamente há raízes curtas e possível reabsorção radicular. Zilbermann53
relatou dois casos com interrupção de formação radicular.
3.1.1.8
SEQUESTRO DO DENTE PERMANENTE
É muito raro após a lesão na dentição decídua 7.
Pode ser conseqüência da erupção precoce de um germe dentário não desenvolvido,
com formação inadequada da raiz. A infeção pode complicar a cicatrização das
fraturas do maxilar, e nestes casos pode ocorrer o seqüestro expontâneo dos
germes envolvidos 7.
Radiograficamente ocorrem mudanças ao redor do germe dentários, inclusive
com desaparecimento da cripta dentária.
3.1.1.9
DISTÚRBIOS DE ERUPÇÃO
“Os movimentos dentários, durante a erupção são complexos e são acompanhados
a cada minuto pela coordenação do crescimento dentário, crescimento do processo
alveolar e crescimento dos ossos. Qualquer distúrbio nesta correlação pode afetar
a direção dos movimentos” ( Orban, 1944) 34.
Embora trauma é comumente associada com atraso na erupção do sucessor
permanente, foi relatado um caso onde a etiologia não incluía o trauma, mas
um dentículo em associação com um cisto dentígero. O dentículo e o cisto impediram
a erupção incisivo central superior esquerdo12.
A perda prematura do dente decíduo traumatizado pode afetar a erupção.
Se a erupção do permanente pode ocorrer dentro de seis meses ou mais cedo, a
erupção provavelmente será acelerada. Se o dente permanente está esperando mais
do que seis meses para erupcionar, a erupção será atrasada, devido a densidade
aumentada do tecido formado depois da cura da injúria. Obviamente a condição
do osso circundante exerce alguma influencia no resultado12.
Bijella10 encontrou 17 dentes que haviam sido perdidos precocemente
por trauma.
Na verdade a perda precoce dos dentes decíduos podem ser devido à infeção
por processo evolutivo de lesão cariosa 7.
3.2
SEM ALTERAÇÕES NOS DENTES PERMANENTES
Normalmente os estudos relatam apenas a freqüência dos dentes alterados.
Mas Bijella10 mencionou que 263 incisivos decíduos traumatizados,
130 ( 49,43%) não apresentavam nenhuma alteração no permanente.
4 CONCLUSÃO
Baseado no estudo da revisão da literatura, é obvio que essas informações
são de relevância para a prática dos profissionais odontopediátricos e clínicos
gerais. Muitos autores tem estudado a freqüência de traumatismo dentários nos
dentes anteriores decíduos. As porcentagens são expressivas se comparadas com
outras partes do corpo humano, mesmo considerando que várias crianças que sofrem
lesões traumáticas de pequena intensidade não são diagnosticadas nem tratadas18.
A influência do trauma dos dentes decíduos sobre os seus sucessores pode estar
relacionada com diversos fatores: o relacionamento espacial dos dentes envolvidos,
a idade da criança no momento da injúria, o tipo de lesão ocorrida e principalmente
o estágio de desenvolvimento dentário, ou seja, o grau de reabsorção fisiológica
da raiz do dente decíduo e a formação radicular do sucessor permanente 8.
Com isso se conclui que diagnóstico cuidadoso e acompanhamento são necessários.
O tratamento vai diferir dependendo dos vários fatores citados. O objetivo final,
entretanto, é a prevenção de futuras complicações relacionadas com o sucessor
permanente.
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