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Utilização de restaurações indiretas na clínica odontopediátrica


Alessandro Leite Cavalcanti  ( dralessandro@mailbr.com.br )
- Doutorando em Estomatologia UFPB
- Mestre em Odontopediatria USP

Ana Helena L. Lacerda
- Especialista em Odontopediatria EAP/ABO -PB


Este artigo tem por finalidade principal, oferecer uma contribuição ao clínico-geral e ao odontopediatra para a restauração de molares decíduos com grande destruição coronária.

Restaurações Indiretas: Técnica Alternativa na Reabilitação Bucal em Odontopediatria.

INTRODUCÃO   

Mesmo com todas as medidas preventivas que estão disponíveis, a destruição precoce de dentes decíduos posteriores, pela doença cárie, é um dos problemas com o qual o odontopediatra se defronta na clínica diária (MATHIAS et al., 1995; IMPARATO et al., 1997; BUSADORI et al., 1998). É comum nos depararmos, com pacientes na faixa etária de 1 a 5 anos, portadores de cárie de mamadeira e/ou rampante, apresentando envolvimento dos dentes posteriores e ântero-superiores.   

Os molares decíduos por possuírem características anatômicas peculiares tornam-se os elementos mais susceptíveis ao ataque cariogênico na dentição decídua, transformando-se em um grande desafio para o profissional, a restauração desses dentes, devolvendo a estética e função.   

O advento das resinas compostas e, conseqüentemente, seu aprimoramento no decorrer dos últimos anos, possibilitou seu emprego na restauração de dentes posteriores (VIEIRA, 1993; KOCH et al., 1995; MATHIAS et al., 1995; BUSATO et al., 1997; GIRO et al., 1997; CHAIN & BARATIERI, 1998). Recentemente, novas técnicas alternativas foram desenvolvidas, dentre as quais destacamos as restaurações indiretas com resina composta.    

Este trabalho tem por objetivo demonstrar a utilização de restaurações indiretas na reabilitação bucal em odontopediatria, propiciando ao clínico-geral e ao odontopediatra uma alternativa a mais para a reconstrução de dentes decíduos com grandes destruições coronárias.    

DESCRIÇÃO DO CASO CLÍNICO   

            Paciente do sexo masculino, 5 anos e 5 meses de idade, foi trazido à clínica do Curso de Especialização em Odontopediatria da EAP/ABO-PB necessitando de tratamento odontológico. Quando do exame clínico, observou-se um quadro característico de cárie de mamadeira, com grandes destruições coronárias nos molares superiores (Figuras 1 e 2). Realizada a anamnese, constatou-se que a dieta adotada pelo paciente era rica em carboidratos, bem como era freqüente a ingestão de açúcares, na forma de balas, doces e chocolates.    

FIGURA 1. Inicial. Arco Superior - observar grau de comprometimento dos molares decíduos.   

    



FIGURA 2. Inicial. Arco Inferior   

    

            Na elaboração do plano de tratamento, as primeiras medidas adotadas consistiram em motivar e educar a criança e os responsáveis no tocante à saúde bucal, quanto aos hábitos de higiene e alimentares, enfatizando a importância da modificação dos mesmos, para se alcançar uma saúde oral e geral adequadas.   

            Com relação as medidas curativas, a primeira etapa consistiu da adequação do meio bucal com ionômero de vidro e exodontias dos elementos 61 e 62. Em seguida, realizaram-se as restaurações em amálgama e em compômero (Dyract), dos elementos 53, 63, 73, 74, 75, 83, 84 e 85, objetivando a melhoria das condições bucais.    

            Realizados esses procedimentos, partiu-se para a reconstrução dos segundos molares decíduos superiores, através da técnica de restaurações indiretas com resina composta. Essa técnica é composta por 3 fases: a) clínica inicial, b) laboratorial e c) clínica final.   

            Na fase clínica inicial, os preparos cavitários foram realizados sob anestesia local e isolamento relativo. O ionômero de vidro, colocado quando da adequação do meio, foi removido, com ponta diamantada cone invertida, montada em alta rotação. As paredes cavitárias foram, então, regularizadas, a fim de tornar o preparo expulsivo. Realizou-se a moldagem dos arcos superior e inferior com silicona de condensação (Silon D) e confeccionaram-se os provisórios.    

A etapa laboratorial consistiu da obtenção dos modelos em gesso pedra. Não se realizou qualquer isolamento do modelo, seja com vaselina líquida ou cera. Delimitaram-se as áreas a serem reconstruídas, e iniciou-se a colocação da resina composta (TPH) em camadas de aproximadamente 2 mm de espessura, seguida da fotopolimerização por 40 segundos, até a obtenção completa da restauração. Deu-se o acabamento e escultura inicial.    

            Realizados estes passos, passou-se a prova das restaurações indiretas e os ajustes, quando necessários. Em seguida, fez-se a profilaxia com pedra-pomes e água com escovas de Robinson dos remanescentes dentários e das restaurações em resina. Após a colocação da matriz de poliéster, realizou-se o condicionamento simultâneo do remanescente e da peça em resina composta por 15 segundos, lavagem e secagem, aplicação e fotopolimerização do adesivo monocomponente (Primer & Bond 2.1), de acordo com as instruções do fabricante.    

            O próximo passo consistiu da cimentação das restaurações indiretas com um cimento resinoso dual (Dual Cement). Procedeu-se a remoção dos excessos, ajuste oclusal, acabamento e polimento. Esta primeira etapa restauradora teve por finalidade restabelecer e estabilizar a dimensão oclusal. Os mesmos passos clínicos foram seguidos nos elementos 54 e 64. As figuras 3 e 4 apresentam o caso clínico concluído.            

 



FIGURA 3 - Vista frontal - região superior.  Caso final após tratamento.    

DISCUSSÃO   

A dentística restauradora está em um constante processo evolutivo. A cada dia, novas técnicas e materiais são desenvolvidos, proporcionando ao clínico e em especial, ao odontopediatra, inúmeras opções para a reabilitação bucal em odontopediatria.    

A técnica que preconiza a utilização de restaurações indiretas em resina composta, constitui uma dessas opções alternativas que possibilita a restauração de dentes decíduos com grandes destruições coronárias, devolvendo a anatomia e funções perdidas, bem como o fator estético. Dentre as vantagens deste método alternativo, destacamos: contorno anatômico superior, estética, baixo custo, baixa condutibilidade térmica, obtenção dos contatos proximais e menor microinfiltração (VIEIRA, 1993; BUSATO et al., 1997; GIRO et al., 1997; BUSSADORI et al., 1998; CHAIN & BARATIERI, 1998).    

Todavia, VIEIRA, em 1993,  cita como desvantagens: tempo adicional, maior número de passos e maior quantidade de material envolvido. Na nossa opinião, tais fatores não se constituem em pontos negativos, pois esta técnica permite a restauração de vários elementos dentários, em um menor número de sessões, e em Odontopediatria, isso é primordial, uma vez que realizamos atendimento infantil em crianças da mais tenra idade.    

Um ponto importante a ser salientado é que não há necessidade de equipamentos de última geração, bem como é dispensável o encaminhamento ao laboratório, já que o próprio profissional pode executar o trabalho laboratorial em seu consultório particular, tal é a simplicidade técnica.   

    

CONCLUSÕES   

            O sucesso de qualquer tratamento está condicionado à avaliação, diagnóstico e plano de tratamento corretos da situação clínica existente para um dado paciente. A utilização da resina composta através da técnica indireta mostra-se eficiente na restauração de molares decíduos com grandes destruições coronárias.    

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS    

1. BUSATO, A. L. S.; BARBOSA, A. N.; BUENO, M.; BALDISSERA, R. A.  Restaurações de dentes posteriores. Artes Médicas, São Paulo, 1997.   

2. BUSSADORI, S. K.; GUEDES-PINTO, A. C.; IMPARATO, J. C. P. Dentística odontopediátrica. In: GUEDES-PINTO, A. C. Odontopediatria clínica. Série EAP/APCD, v.11, Artes Médicas, 1998, p.127-148.   

3. CHAIN, M. C.; BARATIERI, L. N. Restaurações estéticas com resina composta em dentes posteriores. Série EAP/APCD, v.12, Artes Médicas, São Paulo, 1998, 177 p.   

4. GIRO, E. M. AA.; HEBLING, J.; BAUSELLS, J.  Reabilitação bucal em odontopediatria. In. BAUSELLS, J. Odontopediatria - procedimentos clínicos. Premier, Colômbia, 1997, cap. 10, p. 125-138.   

5. IMPARATO, J. C.; MYAKI, S. I.; EDUARDO, C. P. Restauração métálica fundida em odontopediatria. Rev Paul Odont, n.4, p.4-7, julho/ago, 1997.   

6. KOCH, G.; MODÉRR, T.; POUSEN, S.; RASMUSSEN, P. Odontopediatria - uma abordagem clínica. Trad. Tadaaki Ando, 2 ed., Santos, 1995, cap. 11, p. 155-184.   

7. MATHIAS, R. S.; KRAMER, P. F.; GUEDES-PINTO, A. C. Dentística operatória e restauradora. In: GUEDES-PINTO, A. C. Odontopediatria, 5 ed, São Paulo, Santos, 1995, p.701-743.   

8. VIEIRA, D. Comparação (in vitro) da infiltração marginal entre restaurações  diretas e indiretas com resinas compostas. São Paulo, 1993. 157 p. Dissertação (Mestrado  em Dentística Restauradora) - Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.    




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