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A importância do pediatra na promoção de saúde bucal




Alessandro Leite Cavalcanti
- Doutorando em Estomatologia UFPB
- Mestre em Odontopediatria USP

Ana Tereza Albuquerque
- Cirurgiã-Dentista

Mariza Santana
- Cirurgiã Dentista


Este trabalho teve por finalidade avaliar as atitudes e conhecimentos frente a saúde bucal dos médicos pediatras das cidades de João Pessoa e Campina Grande, Paráiba. A análise foi realizada através de questionário entregue a 50 pediatras, dos quais 45 retornaram (90%). O questionário abordou aspectos relativos à saúde bucal na primeira infância (0 a 3 anos) relativos ao encaminhamento ao dentista/odontopediatria, época da primeira consulta, cárie dentária e higiene bucal. Após análise dos resultados, conclui-se que faz-se necessário uma maior interação pediatria-odontopediatria, com o intuito de promover o atendimento global do paciente infantil.
A Importância do Pediatra na Promoção se Saúde Bucal

 

Introdução     

            A prevenção, no decorrer dos últimos anos, passou a ocupar posição de destaque na Odontologia moderna. Contudo, no Brasil, a doença cárie atinge a grande maioria da população, sendo a infância e a adolescência as fases mais afetadas (STELLUTTO JÚNIOR, 1995. Esta alta prevalência está intimamente relacionada com a desinformação dos pais em relação à saúde bucal (FIGUEIREDO et al., 1997).

Dessa forma, se programas preventivos forem instituídos, enfocando um aspecto multiprofissional de atendimento à saúde, englobando gestantes, obstetras e pediatras, esse quadro pode ser revertido (COSTA & MARCELINO, 1998; FARIA et al., 1996).

            A saúde bucal faz parte da saúde geral do indivíduo, abrangendo a criança e seu completo bem-estar físico, social e mental. A manutenção da saúde bucal implica uma responsabilidade do cirurgião-dentista e dos profissionais da área de saúde (SEERING, et al., 1998).

O pediatra tem a oportunidade de entrar em contato com a criança e com seus pais logo após o nascimento. Por conseguinte, faz-se importante a integração desse profissional com o odontopediatra, objetivando uma visão geral da criança, permitindo melhor compreensão e orientação (CARVALHO et al., 1996; ESTEVES et al., 1996; FARIA et al., 1996; FIGUEIREDO et al.,1997).

            O presente estudo teve por objetivo verificar o conhecimento e posicionamento dos pediatras da Grande João Pessoa e Campina Grande, frente a questões odontológicas básicas, visando proporcionar uma interação multidisciplinar ao paciente infantil. 

Materiais e Métodos

            Para o presente estudo foram escolhidos, aleatoriamente, 50 médicos pediatras das cidades de João Pessoa e Campina – PB, selecionados através do Conselho Regional de Medicina do Estado da Paraíba e catálogos de convênios médicos. Não houve distinção quanto ao sexo, idade ou tempo de exercício profissional na área de pediatria, bem como em relação ao local de trabalho, quer seja do serviço público ou de clínicas particulares. A essa população foram distribuídos questionários, com prazo de 15 dias para retorno.

O questionário abordou aspectos relativos à saúde bucal na primeira infância (encaminhamento ao odontopediatria, época da primeira consulta, cárie dentária e higiene bucal). 

Resultados e Discussão

            É importante destacar o interesse dos profissionais consultados em realizar uma integração multiprofissional, uma vez que foi obtido um retorno de 90% (45) dos questionários entregues, valores estes superiores aos encontrados por SCHALKA & RODRIGUES (1996),  que obtiveram 56,4% de retorno da amostra.

             Os pediatras estão em posição peculiar para supervisionar a saúde da criança, desde o nascimento até a adolescência. Invariavelmente, esses profissionais são os primeiros a examinar os lactentes e as crianças pequenas. Portanto, na busca de melhores condições de saúde bucal, torna-se mais evidente a necessidade de um atendimento odontológico precoce, com abordagem interdisciplinar e multifatorial.           

Figura 1. Encaminhamento ao Odontopediatra

            Em relação ao encaminhamento de seus pacientes ao odontopediatra (Figura 1), verificamos que 89% da amostra realizavam rotineiramente este aconselhamento. Esses dados são superiores aos obtidos por FIGUEIREDO et al. (1997), onde 74,5% dos pediatras pesquisados realizavam tal orientação.

            A parte educativa no primeiro ano de vida é hoje uma responsabilidade do profissional da saúde, principalmente do pediatra e do odontopediatra. Essa educação deve, no primeiro ano, estar voltada para os pais, para depois, também ser direcionada aos filhos (SEERIG et al., 1998).

Figura 2. Época Ideal Para a Primeira Consulta ao Dentista 

Todavia, ao se questionar a época ideal para a primeira consulta ao dentista  (Figura 2), constatamos divergências de opiniões, onde apenas 35% dos pediatras acreditam que ela deva ocorrer até os 12 meses de idade.

GRIFFEN & GOEPFERD (1991) recomendam que a criança seja levada ao dentista entre os 6 e 12 meses de idade, após a erupção do primeiro dente, para que sejam dadas orientações quanto à higiene. Corroborando esta opinião, WALTER & NAKAMA (1992) afirmaram também que a época ideal para o início do atendimento odontológico é por volta dos seis meses de idade, coincidindo, portanto, com o irrompimento dos primeiros dentes decíduos.

Entretanto SCHALKA & RODRIGUES,1996; CORRÊA et al., 1998 recomendam que, se possível, este encaminhamento ao dentista deve ser feito antes da época de erupção dos dentes para que o mesmo oriente sobre dieta e higiene bucal adequada e dê explicações necessárias às mães sobre outras medidas preventivas, como o uso do selante e aplicações tópicas de flúor.

A inserção de crianças, desde o nascimento, em programas odontológicos preventivos fornece subsídios aos pais ou responsáveis para prevenir de maneira correta o surgimento de lesões de cárie e estimula o estabelecimento precoce de hábitos básicos de saúde bucal (FRISSO et al., 1999).

 

Figura 3. Transmissibilidade da Cárie Dentária 

Quando indagados sobre a transmissibilidade da doença cárie, 56% desconheciam ser a cárie uma doença transmissível (Figura 3). O desconhecimento por parte dos pediatras do que seja a doença cárie é explicado, segundo FIGUEIREDO et al. (1997) pela falta de informações por parte desses profissionais dos novos conceitos sobre a cárie dentária como uma doença multifatorial, infecto-contagiosa e transmissível.

BROWN et al. (1985) ao avaliarem a quantidade de S. mutans da mãe e sua relação com o risco de cárie do seu filho, concluíram que os níveis salivares de Streptococcus mutans de ambos (mãe e filho) estão intimamente ligados e quanto maior for o nível materno, mais rapidamente dar-se-á a contaminação da criança.

ARAÚJO (1994) afirma que os maus hábitos da mãe são a principal fonte de cárie para seu filho e que os primeiros cuidados quanto à saúde bucal devem começar no útero materno.

Figura 4. Orientação Quanto à Higiene Bucal 

Um fator a ser destacado refere-se a orientação quanto à higiene bucal, onde 84% da amostra têm por hábito informar e orientar seus pacientes (Figura 4). Contudo, não houve concordância sobre a época em que deva ser iniciada (Figura 5), bem como o modo que deva ser realizada (Figura 6). Foram sugeridos gaze, fralda, dedeira e escova infantil.

 

Figura 5. Início da Higiene Bucal

 

Figura 6. Modo Para Realizar a Higiene Bucal 

            No que diz respeito à higiene bucal, esta deve ser iniciada antes da erupçã dos dentes, com fralda ou gaze úmida. Após a erupção, iniciar a escovação dos dentes com uma escova macia e de pequeno tamanho, o mais precocemente possível. Nessa fase, usar pouco ou nenhum dentifrício, tomando cuidados quanto à sua ingestão (SCHALKA & RODRIGUES, 1996; CORRÊA et al. 1998).

SCHALKA & RODRIGUES (1996) após avaliarem algumas condutas frente à saúde bucal de pediatras da cidade de São José dos Campos –SP, concluiram que há necessidade da introdução de seminários e palestras sobre saúde bucal dentro da formação do médico pediatra, para garantir que tais condutas se tornem rotinas.

            O sucesso das medidas preventivas no consultório depende não só do empenho do dentista, mas sim de um conjunto de fatores que visem o bem estar geral da criança. Portanto, além da transmissão de informações por parte dos profissionais da saúde faz-se necessário mudanças no tocante ao comportamento da população.

 Conclusões

            Frente aos resultados obtidos, conclui-se numa primeira avaliação, que existe uma interação pediatra-odontopediatra, com os profissionais da área médica mostrando um interesse salutar quanto a saúde bucal de seus pacientes. Entretanto, confirma-se a necessidade da transmissão, a estes profissionais, de um maior número de informações voltadas à prevenção, as quais podem ser adquiridas através de seminários e palestras quando da formação do médico pediatra.

Este fato, possibilitará intervir mais precocemente, pois quanto mais cedo a criança receber atendimento odontológico, menores serão as chances de desenvolver cárie e mais rapidamente se habituará ao consultório odontológico.

Referências Bibliográficas

1. ARAÚJO, F. B. Dentes bonitos refletem cuidados com a higiene. Zero Hora, Porto Alegre, n.162, 12 de novembro de 1994.

2. BROWN, J. P.; JUNNER, C.; LIEW, V. A study of Streptococcus mutans level in both infants with bottle caries and their mothers. Aust Dent J, v.30, p.96-103, 1985.

3. CARVALHO, F. R. P.; REIS, P. P. G.; MELLO, H. S. A. Inter-relação da pediatria com a odontopediatria  Rev  Fac Odont UERJ, 2: 73-78, 1996.

4. CORRÊA, M. S. N. P. et al. A  cárie dentária. In: CORRÊA, M. S. N. P. Odontopediatria na primeira infância. São Paulo: Santos, 1998. 679 p., Cap. 17, p. 195 – 207.

5. COSTA, I. C. C.; MARCELINO, G.; GUIMARÃES, M.,B. SALIBA, N. A. A gestante como agente multiplicador de saúde. RPG, 5: 87-92, 1998.

6. ESTEVES, I. M.; NAKAMA, L.; SALIBA, N. A. Pediatria e odontopediatria: busca de um protocolo de ação integrada. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PESQUISAS ODONTOLÓGICAS, XIII. Águas de São Pedro, 1996. Anais ...  Águas de São Pedro:  SBPqO, p. 85. [Resumo n.99]

7. FARIA, C. F.; OLIVEIRA NETO, G. B.; PORDEUS, I. A. Prevenção em odontopediatria: estudo piloto envolvendo mães, gestantes, pediatras, ginecologistas/obstetras In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PESQUISAS ODONTOLÓGICAS, XIII. Águas de São Pedro, 1996. Anais ...  Águas de São Pedro:  SBPqO, p. 83. [Resumo n.96]

8. FIGUEIREDO, M. C.; PALMINI, A. L.; ASSUMPÇÃO, R. M. R.; A importância da interação pediatria-odontopediatria no atendimento integral à criança. RFO UFP, 2: 11-18, 1997.

9. FRISSO, G. M.; BEZERRA, A. C. B.; TOLEDO, O. A. Correlação entre hábitos alimentares e cárie dentária em crianças de 06 a 36 meses de idade. J Bras Odontoped Bebê, 1: 17-26, 1999.

10. GRIFFEN, A. L.; GOEPFERD, S. J. Preventive oral health care for the infant, child and adolescent. Pediatr Clin N Am, v.38, p.1209-1226, 1991.

11. SEERING, L. M; MAINARD, A. P. R.; OLIVEIRA, M. D. M. Cárie dentária em bebês. RFO UPF, 3:13-22, 1998.

12. SCHALKA, M . M. S.; RODRIGUES, C. R. M. D. A importância do médico pediatra na promoção de saúde bucal. Rev Saúde Pública, v.30, n.2, p.179-186, 1996.

13. STELLUTTO JÚNIOR., A. O primeiro vício. Rev. ABO Nac., 3: 6-8, 1995.

14. WALTER, L. R. F.; NAKAMA, L.  Paciente de alto índice de cárie versus paciente de alto risco: qual a conduta? In: BOTINO, M. A., FELLER, C. Atualização na clínica odontológica. São Paulo, Artes Médicas, 1992. p.251-258.


CAVALCANTI, A.L., ALBUQUERQUE, A.T., SANTANA, M. Conhecimentos e Atitudes do Médico Pediatra das Cidades de João Pessoa e Campina Grande com Relação à Saúde Bucal. Pediatria Moderna, junho, 1999.




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